quinta-feira, 12 de junho de 2014

QUEBRA-QUEBRA E CONFRONTO


Manifestantes entram em confronto com PMs em atos contra Copa do Mundo em SP. Black blocs promovem quebra-quebra na Zona Leste. Pelo menos sete pessoas ficaram feridas

POR TIAGO DANTAS
O GLOBO 12/06/2014 12:26

Manifestante é detido por policiais em São Paulo - Nelson Antoine / AP



SÃO PAULO - Um protesto contra a Copa da Mundo começou com confrontos com a Polícia Militar na zona leste de São Paulo, na manhã desta quinta-feira, dia da abertura do Mundial. Organizado por movimentos sociais e grupos de esquerda, a manifestação reúne 4 mil pessoas, segundo a PM, e foi reprimida pela Tropa de Choque da Polícia Militar, 12 minutos depois de iniciada. Pelo menos sete pessoas ficaram feridas com estilhaços de bombas de efeito moral atiradas pela Polícia Militar, entre elas uma repórter da CNN. Ao menos um homem foi detido. Ele não teve o nome revelado. Por volta das 11h45m, um novo protesto, desta vez com manifestantes black blocs, tem quebra-quebra e barricada com fogo, na esquina das ruas Plantina e Serra do Japi, perto de onde ocorria uma manifestação dos metroviários.

Com rostos cobertos, manifestantes black blocs montaram barricadas na rua Platina, juntando lixeiras e madeira. Eles colocaram fogo nos materiais ao lado de um posto de gasolina. E também arrancaram telefones públicos e placas de sinalização.

A Tropa de Choque voltou a agir, atirando ao menos cinco bombas de efeito moral. Um manifestante ficou ferido com estilhaços.

Homens que se identificaram como "fazendo segurança do ato" fizeram um cordão humano próximo ao carro de som do sindicato.

O início de confronto entre manifestantes e policiais causou correria na rua Serra do Japi. A Tropa de Choque lançou bombas e avançou sobre o cordão de isolamento montado pela segurança do ato dos metroviários.

Na confusão, mais de 300 pessoas que estavam na rua correram para dentro do prédio do sindicato, tossindo e lacrimejando por causa das bombas. Dez minutos depois, os sindicalistas anunciaram que o ato contra as demissões do metrô continuaria dentro do prédio.

Primeiro protesto

O protesto estava concentrado no metrô Carrão e pretendia seguir para a Radial Leste, a principal via de acesso ao estádio do Itaquerão, onde será a abertura da Copa. O estádio fica a 11 quilômetros do local do conflito.

Policiais militares da Força Tática usaram bombas de efeito moral, gás lacrimogêneo, cassetetes e escudos para dispersar os jovens que estavam na esquina da Rua Apucarana com a Radial Leste antes mesmo de a passeata começar. Um manifestante chegou a pedir para dialogar com o comando policial, mas foi informado de que não haveria negociação.

Policiais usam cassetetes para afastar manifestantes - NACHO DOCE / REUTERS

Pouco mais de 20 minutos depois do primeiro confronto, a polícia voltou a disparar bombas para tentar dispersar os manifestantes. A Polícia Militar tinha orientado os moradores da região que evitassem estacionar seus carros nas imediações da rua Apucarana e do metrô Carrão.

Antes do primeiro confronto, o major Santiago, da Força Tática da PM, avisou os manifestantes que iria “desobstruir a via”. Um dos jovens disse que queria dialogar, mas não foi ouvido. Outros manifestantes xingaram os policiais. O comandante ficou atrás da tropa e ordenou uma “carga de 15 metros”.

O avanço da tropa fez o ato se dispersar. Quinze minutos depois, os jovens já estavam reagrupados na frente do metrô Carrão. A atitude gerou nova resposta da Polícia Militar, dessa vez com mais truculência. Sem ter como se reagrupar, os manifestantes seguiram pela Rua Platina até a Rua Serra do Japi, onde estava acontecendo um ato em apoio aos metroviários que entraram em greve na última semana.

Jornalistas foram impedidos de ter acesso a determinadas áreas. Em determinado momento, o major Santiago ordenou que a imprensa ficasse em uma calçada. Talvez não tenha notado que os jornalistas estrangeiros não entendiam suas palavras de ordem. Enquanto fazia a transmissão ao vivo do protesto, a repórter da CNN Shasta Darlington foi atingida por uma bomba de gás lacrimogêneo. Ela saiu de cena e só retornou segundos depois da explicação da apresentadora do programa. Outra profissional da emissora, uma produtora, teria sido atingida por estilhaços de bomba, tendo seu braço ferido. Ela passou mal e foi socorrida por manifestantes e outros jornalistas.

Por volta das 11h, os manifestantes já estavam na frente do Sindicato dos Metroviários, onde se juntaram a outro grupo. Dez minutos depois, chegou um caminhão da Tropa de Choque, acompanhados de viaturas.

Os metroviários disseram no carro de som que o ato não vai sair da frente do Sindicato. Um grupo de policiais militares que estava no metrô Carrão agora faz uma barreira na esquina da Rua Serra do Japi com a Radial Leste.

- Vamos respeitar os limites colocados pela PM e queremos fazer um ato pacífico. Não vamos entrar em confronto - disse Ciro Moraes, um porta-voz do sindicato.

NO RIO, MANIFESTAÇÃO DE PROFESSORES

Cerca de 250 pessoas fazem um protesto na Candelária, no Centro do Rio. O grupo, que saiu da Candelária, fechou os dois sentidos da Avenida Rio Branco e segue em direção à Cinelândia. A pista lateral da Avenida Presidente Vargas, na altura da Avenida Passos, no sentido Candelária, também foi interditada. O grupo segue até a Lapa.

Policiais militares do Batalhão de Grandes Eventos acompanham o ato. Equipes de motociclistas do Batalhão de Choque também acompanham a movimentação. Eles se posicionaram em frente aos manifestantes.

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