sexta-feira, 6 de junho de 2014

LARANJAS QUE PINGAM


JORNAL DO COMERCIO 06/06/2014


Deivti Dimitrios



Muitas verdades e falsidades se têm dito quanto à realização do maior evento desportivo do planeta em nosso País. As mensagens pró-Copa e anti-Copa pretendem nos mostrar verdades absolutas, pelos mais dogmáticos, e a renúncia a essa verdade, pelos céticos. Seguro, entretanto, é que nenhuma verdade histórica ou verdade científica irá refutar as consequências negativas (internamente e no exterior) do insucesso de um evento de tal magnitude por uma falsa sensação de que o povo brasileiro é desordeiro e incapaz. Sabe-se que, quando os homens deixam de crer em boas razões, começa a violência.

Para mim, ademais da probabilidade “de falsidade” de tais verdades, creio que uma boa razão para o Brasil assumir, acreditar e produzir um bom Mundial reside no objetivo de resgatar o interesse das crianças, adolescentes e dos jovens para a prática desportiva, capaz de criar alternativas, inclusive, à onda virtual na qual, de forma solitária e por vezes secreta, através de seus computadores e telefones móveis plugados à internet, estão eles esquecendo dessa prática tão importante na formação de sua educação, saúde e socialização.

Um exemplo perfeito desse câmbio de comportamento são os frutos que pingam das inúmeras laranjeiras espalhadas pelas cidades nesta época do ano. Quando imaginaríamos que o interesse de subir no pé de uma árvore para colher uma linda laranja e desfrutar de seu suco seria substituído por uma ferramenta cujo uso desmedido e inadequado logo afastará, também, nossas crianças e adolescentes da conquista desse esporte, pois inexiste palmo de solo habitado do planeta que tenha sabido, podido e querido resistir, que é o futebol.

Presidente da OAB/Subseção Gravataí/RS

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