EDITORIAL
Pesquisa do Ibope divulgada nesta semana revela que 51% dos brasileiros são favoráveis à realização da Copa do Mundo no país e 42% são contrários ao evento. Em fevereiro, levantamento semelhante mostrou um apoio maior: 58% a favor e 38% contra. Mas um dado importante da pesquisa não pode ser desconsiderado: perguntados sobre o que eles próprios pensam, 71% dos entrevistados dizem querer que a Copa dê certo e apenas 11% querem que dê errado. Esta última informação demonstra claramente que a maioria absoluta da população brasileira está torcendo pelo país, não apenas pelos resultados dentro de campo, mas também pela imagem externa, pelo fortalecimento da autoestima, por uma saída digna para o desafio que o país assumiu.
O país tem que separar o futebol das eleições, porque o esporte pode ser encarado com paixão, mas a escolha de governantes deve ser tratada com racionalidade.
Num momento de incertezas como o atual, ampliado pela mobilização em torno da campanha eleitoral, a realização da Copa não tem como ser desvinculada da situação política do país. Na antevéspera de uma eleição presidencial, é normal que muitas pessoas procurem associar o sucesso ou o fracasso da realização do Mundial com a disputa a ser travada fora do campo, em outubro. Ainda assim, dentro do possível e sem restrições a quem pensa diferente, o país tem que separar o futebol das eleições, porque o esporte pode ser encarado com paixão, mas a escolha de governantes deve ser tratada com racionalidade.
A mesma pesquisa, realizada em 140 municípios brasileiros entre 15 e 19 de maio, demonstrou que, entre os sentimentos dos brasileiros em relação à Copa, prevalecem os negativos, com 30% para preocupação e 29% para desperdício. Entre os positivos, prevalecem a alegria (26%) e a esperança (18%). Em ambos os casos, são justificáveis. Os brasileiros têm razões de sobra para se preocuparem com os gastos excessivos exigidos para a realização do Mundial. Os dispêndios ocorrem tanto sob a forma de obras quanto de pressões salariais de categorias que amea-çam paralisar suas atividades durante a Copa se não tiverem suas reivindicações atendidas. Mas há motivos também para a população pensar de forma mais construtiva em consideração aos que se emocionam e vibram com os jogos, incluindo os turistas.
Desde junho do ano passado, muitos brasileiros vêm aprendendo na prática a demonstrar nas ruas o que querem ou não para o país. No segundo caso, inclui-se claramente o mau humor em relação à Copa. O direito assegurado a essa parcela de se opor ao Mundial, porém, não pode obstruir o dos que defendem sua realização. Não pode, igualmente, dar margem a uma verdadeira torcida do contra e, muito menos, dificultar que o país possa cumprir compromissos diante dos quais não tem mais como recuar.
EM RESUMO
Editorial alerta que o direito de se manifestar contra a Copa não se sobrepõe ao dos que querem assistir aos jogos, nem ao de o país cumprir com os compromissos assumidos.
Pesquisa do Ibope divulgada nesta semana revela que 51% dos brasileiros são favoráveis à realização da Copa do Mundo no país e 42% são contrários ao evento. Em fevereiro, levantamento semelhante mostrou um apoio maior: 58% a favor e 38% contra. Mas um dado importante da pesquisa não pode ser desconsiderado: perguntados sobre o que eles próprios pensam, 71% dos entrevistados dizem querer que a Copa dê certo e apenas 11% querem que dê errado. Esta última informação demonstra claramente que a maioria absoluta da população brasileira está torcendo pelo país, não apenas pelos resultados dentro de campo, mas também pela imagem externa, pelo fortalecimento da autoestima, por uma saída digna para o desafio que o país assumiu.
O país tem que separar o futebol das eleições, porque o esporte pode ser encarado com paixão, mas a escolha de governantes deve ser tratada com racionalidade.
Num momento de incertezas como o atual, ampliado pela mobilização em torno da campanha eleitoral, a realização da Copa não tem como ser desvinculada da situação política do país. Na antevéspera de uma eleição presidencial, é normal que muitas pessoas procurem associar o sucesso ou o fracasso da realização do Mundial com a disputa a ser travada fora do campo, em outubro. Ainda assim, dentro do possível e sem restrições a quem pensa diferente, o país tem que separar o futebol das eleições, porque o esporte pode ser encarado com paixão, mas a escolha de governantes deve ser tratada com racionalidade.
A mesma pesquisa, realizada em 140 municípios brasileiros entre 15 e 19 de maio, demonstrou que, entre os sentimentos dos brasileiros em relação à Copa, prevalecem os negativos, com 30% para preocupação e 29% para desperdício. Entre os positivos, prevalecem a alegria (26%) e a esperança (18%). Em ambos os casos, são justificáveis. Os brasileiros têm razões de sobra para se preocuparem com os gastos excessivos exigidos para a realização do Mundial. Os dispêndios ocorrem tanto sob a forma de obras quanto de pressões salariais de categorias que amea-çam paralisar suas atividades durante a Copa se não tiverem suas reivindicações atendidas. Mas há motivos também para a população pensar de forma mais construtiva em consideração aos que se emocionam e vibram com os jogos, incluindo os turistas.
Desde junho do ano passado, muitos brasileiros vêm aprendendo na prática a demonstrar nas ruas o que querem ou não para o país. No segundo caso, inclui-se claramente o mau humor em relação à Copa. O direito assegurado a essa parcela de se opor ao Mundial, porém, não pode obstruir o dos que defendem sua realização. Não pode, igualmente, dar margem a uma verdadeira torcida do contra e, muito menos, dificultar que o país possa cumprir compromissos diante dos quais não tem mais como recuar.
EM RESUMO
Editorial alerta que o direito de se manifestar contra a Copa não se sobrepõe ao dos que querem assistir aos jogos, nem ao de o país cumprir com os compromissos assumidos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário