sexta-feira, 6 de junho de 2014

PROXIMIDADE DA COPA IMPULSIONA MANIFESTAÇÕES SINDICAIS PELO PAÍS



ZERO HORA 06 de junho de 2014 | N° 17820

Carlos Rollsing

Mundial de futebol vem sendo usado por categorias de trabalhadores como estratégia para pressionar governos em questões salariais



Greves, paralisações e protestos de trabalhadores organizados se espalham de forma crescente no país, em uma espécie de contagem regressiva para atos na Copa. As mobilizações não contam com adesões massivas, mas, premeditadas por frações radicais do sindicalismo, causam alto impacto por paralisar serviços públicos essenciais, como o metrô de São Paulo.

Principal meio de transporte para chegar ao Itaquerão, estádio da abertura, o metrô enfrentou ontem o primeiro dia de greve. A maioria das estações não operou, e os portões foram fechados. Indignados, usuários provocaram conflitos e depredação. No Rio, servidores da companhia estadual de águas e esgotos cruzaram os braços e marcharam pelas ruas. Professores estão parados na capital fluminense.

Em Porto Alegre, a greve dos municipários gerou acúmulo de resíduos em bairros devido ao bloqueio da Estação de Transbordo da Lomba do Pinheiro. Em campanha salarial, os metroviários da Trensurb projetaram ontem, em assembleia, o início de greve no dia 13. Os movimentos devem ganhar mais força porque a Copa, disputada em época de muitos dissídios coletivos, é vista pelo sindicalismo como um gancho único para pressionar os governos – que precisam da máquina em funcionamento – por avanços corporativos. A competição da Fifa é um catalisador de insatisfações, mas a questão de fundo desse núcleo de sindicalistas, atrelados às ideias socialistas, é pleitear um novo modelo econômico, “com menos dinheiro para bancos e empreiteiras”.

– As greves são cada vez mais numerosas e radicalizadas, expressando o descontentamento de pessoas que, muitas vezes, estão passando por cima dos sindicatos vinculados aos governos – afirmou Zé Maria de Almeida, presidente nacional do PSTU e dirigente da central sindical CSP/Conlutas.

Uma paralisação geral de servidores públicos federais deverá ocorrer no dia 10. Alguns, como os técnicos das universidades e trabalhadores do Judiciário Federal, já estão em greve. A principal mobilização está prevista para o dia 12, data de abertura da Copa. Manifestações e interrupções das atividades, tanto no serviço público quanto no privado, estão sendo organizadas pelo Espaço Unidade de Ação. Metalúrgicos, operários da construção civil e rodoviários estão entre os trabalhadores do setor privado que poderão parar.

Os rodoviários não descartam paralisação

Se crescer, o movimento Espaço Unidade de Ação, que congrega pequenas centrais, militantes do PSTU, PSOL e PCB e coletivos da esquerda radical, cogita discutir em assembleia nacional a possibilidade de um dia de greve geral. Pode haver paralisações de ônibus em Porto Alegre, Manaus, Cuiabá, São Paulo, Goiânia e Recife.

– Também poderemos abandonar os ônibus na rua, fazer operação padrão ou circular com as portas abertas, para que as pessoas não paguem a passagem – diz Alceu Weber, servidor da Carris.

Central mais moderada, mas não alinhada com o governo, a Força Sindical, que apoiará Aécio Neves nas eleições presidenciais, também promete promover atos públicos e paralisações.



ZERO HORA

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