terça-feira, 17 de junho de 2014

DARTH VADER


Máscaras de gás inspiradas em Darth Vader chegam ao RS



Encaminhadas pelo governo federal às 12 cidades-sede da Copa do Mundo, itens serão utilizados pelas polícias militares para contenção de protestos

por Débora Ely, ZERO HORA


Se alguém irá sentir os efeitos do gás lacrimogêneo nos próximos protestosem Porto Alegre, não serão os homens do Batalhão de Operações Especiais(BOE) da Brigada Militar. Recém equipados com 300 máscaras de gásinspiradas no vilão da saga Star Wars Darth Vader, os policiais estão imunes a reações provocadas por agentes químicos, como sensação de ardência e lacrimação, e até a possíveis ataques radiológicos e biológicos. Não é Guerra nas Estrelas, mas uma preparação para a possível violência na cidade.

Adquiridas pelo governo federal por meio da Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos (Sesge), os equipamentos que foram comprados para todas as 12 cidades-sede da Copa do Mundo chegaram na última terça-feira, 10, ao Rio Grande do Sul. Nesta quarta, pela primeira vez, a BM testou os itens — e aprovou o resultado. Dos 26 policiais que colocaram as máscaras de borracha Avon C50, fabricadas nos Estados Unidos, nenhum sofreu a irritação provocada pelas bombas de gás lacrimogênio lançadas bem abaixo dos próprios narizes.



— No ano passado, em todas as manifestações, nós atuamos sem máscaras. Agora, utilizando o equipamento, temos condições de usar o agente químico e permanecer no local sem fazer movimentação da tropa e sentir qualquer efeito da substância. Além disso, ela também dá demonstração de força, que é justamente para fazer o efeito psicológico nos manifestantes — explica o capitão do 1º Batalhão de Operações Especiais (BOE), Rogério Araújo de Souza.


Máscara de gás foi inspirada no vilão da saga Star Wars, Darth Vader
Foto: Divulgação

Ao custo de R$ 2.578 por máscara, o item integra o Equipamento de Proteção Individual (EPI), que compõe, ainda, macacão resistente a pancadas batizado deexoesqueleto, escudo e capacete antibalístico, balaclava antichama eextintor com suporte de mochila — formando uma armadura que irá cobrir o homem da linha de frente dos pés à cabeça. Para a professora de Relações Internacionais da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Esther Solano Gallego, que estuda manifestações populares, a sensação transmitida pelo conjunto de materiais é de que as polícias se preparam para uma guerra.

— Considero um pouco excessivo porque parece que está se armando o policial como se fosse acontecer algo espetacular e, assim, se espera que o Estado responda com agressão. Passa um aspecto negativo porque parte do ponto que a manifestação será violenta, como se não pudesse existir manifestações pacíficas — avalia Esther.


A professora aponta, ainda, o aspecto intimidante do equipamento, que ela acredita poder reprimir as pessoas de irem para a rua protestar. Porém, o coronel da reserva e presidente do Conselho Administrativo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Sérgio Roberto de Abreu, diz que os itens não são empregados como um fator para coibir a participação nas manifestações, mas, sim, para garantir a segurança do policial.

— A atuação da polícia é eminentemente preventiva para que se haja a preservação da ordem pública e, caso ocorra uma situação adversa, ela venha a atuar para garantir a segurança. É importante que o policial use um equipamento de proteção individual que lhe dê condições de exercer seu trabalho porque, se ele estiver seguro, terá condições de garantir também a segurança da população e adotar soluções técnicas mais apropriadas — considera o coronel.

Nos protestos do ano passado, os policiais gaúchos atuaram utilizando colete à prova de balas, caneleiras e capacete. Já a partir da manifestação marcada para esta quinta-feira, dia da abertura do Mundial, os Darth Vaders sairão às ruas de Porto Alegre.

*Zero Hora



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