terça-feira, 17 de junho de 2014

PRISÃO DE REPÓRTER DO GLOBO É REPUDIADA PELA ABRAJI


Abraji repudia prisão de repórter do GLOBO por policial militar na Quinta da Boa Vista. Polícia vai pedir imagens de câmera de veículo que levou a jornalista Vera Araújo

POR ANA CLÁUDIA COSTA
O GLOBO 16/06/2014 22:04

Repórter do jornal O GLOBO Vera Araújo é levada para a delegacia na Cidade da Polícia em 16/06/2014 - Pedro Teixeira / O Globo



RIO - A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) divulgou nota, nesta segunda-feira, repudiando a atitude do sargento da PM Edmundo Faria, que, na noite de domingo, prendeu a repórter do GLOBO Vera Araújo, quando ela filmava o momento em que o agente detinha, na Quinta da Boa Vista, um argentino por urinar na rua. No texto, a entidade ressaltou que a prisão da jornalista foi injustificada e configurou um grave atentado à liberdade de expressão. Para a direção da associação, as agressões verbais e física devem ser punidas exemplarmente pelo comando da Polícia Militar, e o material de trabalho de um jornalista não deve ser apreendido em nenhuma hipótese. “Tal atitude é típica de contextos autoritários e censores, em que revelar qualquer fato diverso do que o Estado pretende mostrar é considerado crime”, diz a nota.

A PM informou que o policial está detido administrativamente no Batalhão de Campanha. De acordo com o relações-públicas da corporação, tenente-coronel Cláudio Costa, será analisado o equipamento de GPS do carro. Também vai ser verificado se a câmera do veículo gravou as cenas. A corporação instaurou inquérito policial-militar para apurar abuso de poder, e o sargento já depôs na corregedoria do órgão. Ao final, o acusado pode ser preso, advertido administrativamente e até expulso.

A Polícia Civil vai requisitar imagens da câmera existente no carro da PM que levou a repórter para a delegacia. A polícia pretende esclarecer em quais circunstâncias o sargento algemou a jornalista, que foi acusada de desacato à autoridade.

Em seu depoimento na 17ª DP (São Cristóvão), o policial militar alegou que, quando já estava dirigindo o veículo, Vera o puxou pela camisa para pegar de volta seu celular, que havia sido apreendido. O sargento disse ainda que levava a arma entre as pernas e ficou com medo de uma fatalidade acontecer.

Já a repórter afirma que o PM, ao saber que ela falava ao celular com um comandante, pegou o aparelho e o jogou no console do carro, algemando-a em seguida.

O argentino Daniel Gonzalo Gaston Rodriguez, preso por urinar na rua, confirmou a versão da repórter do GLOBO e acrescentou que o militar, antes de ir para a delegacia, circulou com os dois de carro por cerca de duas horas.

PM É LOTADO NO QG

O caso foi registrado como abuso de autoridade. Se condenado, o sargento poderá receber uma pena de dez dias a seis meses de prisão.

Há 17 anos na PM, o sargento Edmundo, de 39 anos, é lotado na Coordenadoria Especializada de Tecnologia e Informação e Comunicação (Cetic), que funciona no Quartel-General. Mas o militar estava trabalhando no Batalhão de Campanha, dentro do esquema de segurança da Copa.


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