domingo, 29 de junho de 2014

CADÊ ELES?

REVISTA ISTO É N° Edição: 2327 | 27.Jun.14


Por que alguns personagens de destaque para a realização da Copa no Brasil estão passando despercebidos durante a competição

Helena Borges e Wilson Aquino



A Copa do Mundo no Brasil é um sucesso e, agora, todos querem aparecer como responsáveis ou apoiadores do evento. Certo? Errado. Alguns nomes que pesaram para que o Mundial fosse realizado aqui simplesmente sumiram do mapa – ou melhor, das arquibancadas, dos gramados, dos holofotes. Como, por exemplo, o do presidente de honra da Fifa, João Havelange, 98 anos, sitiado por muitas acusações de corrupção, que está recluso em sua casa, em Ipanema, na zona sul do Rio de Janeiro. Ainda se recuperando de uma pneumonia depois de uma semana de internação hospitalar, ele acompanha as partidas pela televisão, segundo um amigo, e “tem gostado dos jogos, achando-os tecnicamente interessantes, com muitos gols”. O cartola também se regozija, elogiando a organização. “Os pessimistas foram calados”, teria dito, referindo-se aos que apostavam no fracasso do Mundial no País. Menos sumido, mas muito discreto, o atual presidente da federação, Joseph Blatter, 78 anos, assiste a alguns jogos nos estádios e, embora se esforce para não chamar atenção, já foi vaiado pela arquibancada quando sua imagem foi projetada no telão durante uma disputa. O secretário-geral da entidade máxima do futebol, o polêmico Jérôme Valcke, 53, está no Brasil desde maio, mas passou despercebido na primeira fase. Talvez para encerrar o período de reclusão, resolveu marcar uma entrevista coletiva na sexta-feira 27, no Maracanã, no Rio.


CARTOLAS
Acima, o presidente Joseph Blatter e, abaixo, o secretário-geral da Fifa,
Jérôme Valcke: presenças discretas nesta primeira fase do Mundial



Agora, incógnita mesmo é o destino do ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) Ricardo Teixeira. Alguns de seus interlocutores afirmam que ele está longe da Copa do Mundo, viajando pela Europa. Com residência fixa no Rio e em Miami, Teixeira não é encontrado em nenhum dos dois endereços. No mês passado, foi visto almoçando com o ex-presidente do Flamengo Edmundo Santos Silva, no Leblon, zona sul do Rio. “Ele vive ‘zanzando’ entre os Estados Unidos, Europa, especialmente a Espanha, e o Brasil. Só não fica de vez nos Estados Unidos porque não tem o green card (literalmente, cartão verde, que permite a estrangeiros morar no país) americano”, diz uma pessoa próxima. Menos importante, mas também uma ausência notada, é a neta de Havelange, Joana, diretora-executiva do Comitê Organizador Local (COL). Ela está sumida também da casa do avô, com quem ainda não teria assistido a uma partida de futebol, desde a indigesta gafe cometida em maio, quando postou em sua conta do Instagram um texto que, entre outras coisas, dizia: “O que tinha que ser gasto, roubado, já foi”.


NO SOFÁ
Presidente de honra da Fifa e à frente de inúmeras Copas pela
entidade, João Havelange tem visto os jogos em casa

A dirigente não estudou na cartilha do avô, segundo um velho conhecido da família, que não quis se identificar. “Ela fez exatamente o contrário do que João Havelange ensinou. Ele sempre foi discreto, tomou cuidado redobrado com sua imagem. Joana se expôs e expôs a organização do evento. É claro que ele ficou chateado com ela”, afirmou. Resultado: outra Havelange fora de cena, outra executiva do futebol escondida nos bastidores. Joana segue sua rotina diária de reuniões no COL e assiste a jogos diretamente nos estádios, mas, até agora, está praticamente invisível. O time dos sumidos não ficaria completo sem o mascote da competição, o tatu-bola Fuleco, que sequer foi chamado para a abertura da Copa. O personagem só apareceu rapidamente, e em versão digital, nos telões das arenas para comemorar gols ou no noticiário como figura principal de um embate entre a Fifa e a Associação Caatinga, organização não governamental que reclama da falta de apoio financeiro da Federação aos projetos contra a extinção do bicho.


EXTINÇÃO
O tatu-bola Fuleco, mascote deste Mundial, não apareceu
nem na abertura do torneio, na Arena São Paulo

Colaborou: Mariana Brugger
Fotos: ANDREAS SOLARO/AFP PHOTO; Evaristo Ss/AFP PHOTO



sexta-feira, 27 de junho de 2014

SNIPER PEDIU AUTORIZAÇÃO PARA ABATER SUSPEITO ARMADO

FOLHA.COM 27/06/2014 02h00

Atirador pediu aval para 'abater' suspeito durante abertura da Copa


REYNALDO TUROLLO JR.
SABINE RIGHETTI
DE SÃO PAULO




Uma falha no esquema de segurança quase terminou em morte dentro do estádio do Itaquerão, em São Paulo, durante o jogo de abertura da Copa entre Brasil e Croácia, no último dia 12, visto por mais de 3 bilhões de pessoas em todo o mundo.

Com a bola rolando, um atirador de elite avistou um homem armado próximo à tribuna onde estavam a presidente Dilma Rousseff, chefes de Estado e autoridades da Fifa, e chegou a pedir a autorização de seus superiores para abater o suspeito.

O disparo foi evitado após o homem ter sido reconhecido como um policial, mas o episódio abriu uma crise entre as polícias Civil e Militar, que apresentaram versões diferentes para explicar a presença do agente no local.

Eduardo Knapp - 12.jun.2014/Folhapress 

Presidente Dilma Rousseff, ao lado de autoridades da Fifa, e dirigentes mundiais na abertura da Copa


Confirmado à Folha pela Secretaria da Segurança Pública paulista, o caso é investigado e resultou num reforço dos protocolos de segurança para os jogos seguintes.

A suspeita foi levantada por um sniper (atirador) do GER (Grupo Especial de Resgate) da Polícia Civil. Ele avistou um homem com um uniforme do Gate (Grupo de Ações Táticas), da Polícia Militar, numa área de acesso proibido.

Além de Dilma Rousseff, estavam lá o vice-presidente, Michel Temer, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, e o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, entre outras autoridades.

TENSÃO

Via rádio, o sniper avisou a seus superiores sobre o suposto intruso. A informação chegou à sala de comando, montada dentro do estádio, de onde veio a resposta de que não havia nenhum PM do Gate na área restrita.

Diante da suspeita de que se tratasse de um criminoso disfarçado de policial, o sniper pediu autorização para fazer o disparo fatal. Temendo causar pânico e tumulto entre torcedores e autoridades, a ordem foi para que o atirador esperasse mais um pouco.

A tensão tomou conta da sala de monitoramento, onde estavam policiais civis, militares e integrantes do Exército, responsável pelo comando das operações no estádio.

Alguns minutos depois, um policial, cuja identidade não foi revelada, analisou as imagens na sala de monitoramento e reconheceu o suspeito como sendo, de fato, um policial do Gate.

O PM que era tratado como suspeito retirou-se do local, provavelmente após receber uma ordem.

EXPLICAÇÕES

O caso fez o secretário da Segurança, Fernando Grella Vieira, pedir relatórios ao comando das duas polícias.

Segundo a Folha apurou, a Polícia Civil diz que o policial do Gate invadiu uma área restrita sem autorização. Já a PM alegou que ele tinha autorização de seus superiores, pois apurava uma suspeita de bomba, que acabou não se confirmando.

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública reconheceu que houve um "erro", mas sem gravidade: "A Secretaria da Segurança Pública esclarece que, no episódio em questão, houve um erro de comunicação que foi rapidamente sanado, sem maiores consequências."

A pasta não informou se a razão da presença do policial militar no local proibido já foi esclarecida nem confirmou se havia uma suspeita de bomba na área sendo investigada naquele momento. Procurado, o Exército não se pronunciou até a conclusão desta edição.

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A SEQUÊNCIA

Preparar – Sniper (atirador de elite) do GER (Grupo Especial de Resgate) da Polícia Civil se posiciona na área destinada aos agentes que protegem as autoridades, separada por um muro

Avistar – Atirador avista suposto intruso na área restrita, vestido como um PM do Gate (Grupo de Ações Táticas); pelo rádio, avisa a seus superiores sobre a presença do suspeito

Apontar – Comando diz não ser possível haver um PM no local; clima fica tenso, e atirador pede autorização para "abater" o suspeito, que poderia ser um criminoso disfarçado

Abortar – Comando pede mais tempo antes de autorizar o disparo; pelas imagens de monitoramento, um policial reconhece o intruso e ele deixa o local, provavelmente após ser contatado

Crise – Secretário pede relatório às polícias. Protocolos de segurança são reforçados para os demais jogos e governo admite falha

PERGUNTAS SEM RESPOSTA

O PM do Gate tinha autorização do superior imediato para estar na área restrita? Por que estava ali?

Se havia autorização do superior, a presença dele no local foi informada à central de monitoramento?

Se a central foi avisada, por que passou informação errada ao atirador de elite?

ATÉ AGORA, BRASIL REALIZA A COPA DAS COPAS


JORNAL DO COMERCIO 27/06/2014


EDITORIAL


A Copa do Mundo está se desenrolando de uma maneira que pode ser considerada boa, organizada nos estádios, nos deslocamentos e na presença alegre do público torcendo pelas várias seleções. Apesar dos prognósticos anteriores, principalmente na imprensa estrangeira, sobre a desestruturação total do Brasil para sediá-la, até agora, tem sido mesmo a Copa das Copas, com 48 dos 64 jogos disputados. Certo, tivemos problemas, pois, escolhidos em 2007, perdemos no mínimo dois anos em reuniões verborrágicas, planos jamais executados, ideais mirabolantes e muito pouca execução. Quando foi dada a largada para obras dos estádios e, mais ainda, da mobilidade urbana, não havia mais tempo para completar tudo. A segurança era e ainda continua sendo uma preocupação básica, com tantos aficionados torcendo, mas sem maiores traumas, também até agora. Resta, a partir deste sábado, apenas o futebol dos classificados, quem perder volta. Os melhores analistas dizem que a seleção canarinho ainda não convenceu, nem mesmo com os 4 a 1 contra Camarões, uma seleção tecnicamente inferior.

Neste sábado, o Brasil vai parar para ver se, contra o Chile, os comandados de Luiz Felipe Scolari transmitem confiança de chegarem ao título. O retrospecto mostra que as seleções brasileiras se firmaram ao longo das Copas, jogo após jogo, mesmo nas campanhas vitoriosas que nos trouxeram cinco títulos de campeões do mundo. Talvez porque os brasileiros não fizeram uma apostasia, ou seja, não renegaram o seu gosto religioso pelo bom futebol, com dribles, firulas e as tabelas rumo ao gol, como vimos tantas vezes. Entretanto, os adversários evoluíram, o intercâmbio é intenso e a maioria dos nossos jogadores atua no exterior. Na primeira etapa da Copa do Mundo, tivemos a surpresa da eliminação de seleções como a incensada Espanha, além da Itália, da Inglaterra, de Portugal e da Rússia, todas candidatas ao título.

Não se viu, até agora, um time com um futebol brilhante, apenas lampejos individuais da Holanda, da Argentina de Messi e do Brasil de Neymar. É pouco. Até porque, se antes tínhamos os folclóricos artistas da bola, como Didi, Rivelino, Garrincha, Bebeto, Pelé, Zico, Ronaldo, Romário e tantos outros, hoje, o que se observa é um preparo físico impressionante, com atletas que correm demais. Quando se observa, por exemplo, cenas de jogos de seleções nacionais dos anos de 1970, a impressão que se tem é que as imagens estão em câmera lenta, tal a diferença de velocidade para a correria atual.

Importante é que aeroportos, hotelaria, deslocamentos e segurança nas arenas têm funcionado a contento, e a Fifa, nesse aspecto, merece elogios. Estamos torcendo para que nas próximas duas semanas até a grande final em 13 de julho, tudo continue igual, uma festa de alegria, técnica e a maciça divulgação do Brasil e das cidades-sede como jamais antes se poderia imaginar. É que somente agora, nesta Copa, temos tantos meios de comunicação em redes sociais, telefones que servem como plataforma para internet, operações bancárias e o envio e o recebimento de mensagens e fotos. Por isso, esperamos que tudo transcorra da mesma maneira até o fim do torneio. E, mais do que lógico, torcendo por vitórias da seleção brasileira.

quarta-feira, 25 de junho de 2014

ARGENTINOS SÃO PRESOS APÓS TENTAR ROUBAR INGRESSO DE BRASILEIRO


Argentinos são presos após tentar roubar ingresso de brasileiro. Outros quatro nigerianos e mais dois argentinos também sofreram uma tentativa de furto

ZERO HORA em 25/06/2014 |


Argentino foi preso em flagrante por roubo de ingressoFoto: Ronaldo Bernardi / Agencia RBS


Dois argentinos foram presos após tentar roubar os ingressos de um brasileiro no entorno do Estádio Beira-Rio na manhã desta quarta-feira, horas antes do jogo entre Nigéria e Argentina, às 13h. No brete da Avenida Borges de Medeiros, os hermanos perguntaram ao gaúcho qual era o horário do jogo e, quando foram verificar no ingresso, roubaram o bilhete.


Uma confusão se iniciou nos arredores do estádio e eles foram presos em flagrante pela Brigada Militar (BM). A vítima prestou queixa à polícia. A dupla, que está sem documento, foi encaminhada ao Ciosp.

O brasileiro teve o ingresso recuperado.

Nigerianos agredidos

Quatro nigerianos, que fazem parte de uma torcida organizada, foram agredidos na manhã desta quarta-feira, a poucas horas da partida entre Argentina e Nigéria, no Estádio Beira-Rio. Um grupo de argentinos teria batido nos torcedores e roubado os seus ingressos e dinheiro.

Os argentinos foram localizados pela polícia e encaminhados à delegacia.

Outro caso de um nigeriano que teve seu ingresso roubado por um argetino nos arredores do estádio também foi registrado pela polícia.

Argentino assaltado

Um hermano chegou à delegacia após ter seu ingresso roubado por outro argentino, próximo ao Estádio Beira-Rio. Ninguém foi preso.

Economista paulista tem ingressos furtados

O economista, Alfredo Santos, 46 anos, veio de São Paulo e está há 11 dias em Porto Alegre. Quando passava pelo brete da polícia para acessar o perímetro do estádio com a esposa e os dois filhos pequenos, um grupo de argentinos tomos as entradas de sua mão.

Ninguém foi preso até o momento.
Policial argentina tem ingressos roubados

Nem mesmo policiais escaparam dos furtos de ingressos. A argentina Ailin Marin, 28 anos, é policial na cidade Argentina de Entre Ríos, estava entrando no perímetro do estádio, pouco antes do início do jogo, às 13h, quando um homem tirou os ingressos de sua mão.

Ela estava com o marido e a filha, de seis meses. Os dois ficaram sem entradas para a partida. Até o momento, ninguém não foi preso.

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Dois argentinos presos em flagrante por roubo de ingresso. Estão sem documentos.


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Segundo argentino envolvido no episódio também algemado aqui no centro de operação no viaduto da borges.

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Argentino que tentou roubar ingresso é algemado. Vai ser levado pro Ciosp. Prisão em flagrante.

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Paulista de camisa do Palmeiras teve os 4 ingressos roubados. Pensa em tentar reimprimir

terça-feira, 24 de junho de 2014

EM POA, 22 TURISTAS FORAM VÍTIMAS DE LADRÕES


22 turistas foram vítimas de ladrões em Porto Alegre. Entre as vítimas, 5 argentinos. A maioria dos crimes ocorreu na zona central da cidade

por José Luis Costa, ZERO HORA 23/06/2014 | 21h05


A maioria dos crimes ocorreu na zona central de Porto AlegreFoto: Adriana Franciosi / Agencia RBS


Desde o início da Copa, em 12 de junho, 22 turistas estrangeiros foram vítima de ladrões - 18 casos de furto e quatro de roubo - em Porto Alegre. A maioria dos crimes ocorreu nos arredores da região central da Capital.

Entre os casos mais recentes, um larápio invadiu um ônibus de coreanos no domingo à tarde e furtou diversos pertences. O veículo estava estacionado nas proximidades da Usina do Gasômetro.

No bairro Belém Novo, na Zona Sul, um argentino foi abordado dentro de um carro e teve a mochila roubada contendo documentos e R$ 2 mil. Na estação rodoviária, um americano teve a carteira furtada.

Das 22 vítimas, cinco são turistas argentinos. Entre os três presos, dois também são argentinos. Um foi pego com celulares furtados na Avenida Edvaldo Pereira Paiva e foi autuado por receptação. Outro foi detido porque teria ingressado em área restrita no Beira-Rio e oferecido cartelas de LSD para um voluntário da Fifa. No mesmo local, um sul-coreano foi flagrado usando uma credencial de outra pessoa e acabou preso sob acusação de falsa identidade.

Até o começo da noite de ontem, o argelino Djamell Maref seguia internado no Hospital de Pronto Socorro. Ele sofreu um uma batida na cabeça e uma lesão no olho direito ao ser agredido durante o primeiro tempo de Coreia do Sul e Argélia, domingo no Beira-Rio. Um suspeito, também argelino, foi identificado pela Polícia Civil e vai responder a um termo circunstanciado (inquérito para crimes de menor potencial ofensivo) por lesão corporal.

Para o coronel da BM João Diniz Godoi, comandante do policiamento da Capital e do Batalhão Copa, o volume de casos de crimes envolvendo turistas é aceitável.

— Já foram disputados três jogos somando 120 mil pessoas no Beira-Rio e mais de 100 mil pessoas passaram pela fan fest. Acreditamos que as ações policiais estão atingindo os objetivos de prevenção — comentou Godoi

domingo, 22 de junho de 2014

HÁ SEMPRE O INESPERADO


ZERO HORA 22 de junho de 2014 | N° 17837


ROBERTO DA MATTA




No filme A Ponte do Rio Kwai (1957), de David Lean, planeja-se uma missão de sabotagem tão perigosa quanto ganhar uma Copa do Mundo: dinamitar em pleno território ocupado pelos japoneses, então inimigos, uma ponte estratégica. Um pequeno grupo, comandado pelo Felipão, digo, pelo major Warden (vivido pelo ator inglês Jack Hawkins), sai a campo, digo, à selva birmanesa, para dinamitar a ponte. Ponte que separa (e une) guerra e paz, sanidade e loucura, fracasso e derrota.

Diante de um trabalho tão arriscado, o experiente major faz a sábia advertência que intitula essa crônica: há sempre o inesperado. O não programado, o hóspede não convidado, o gol contra, a falha na hora do pênalti, o erro do juiz, o esquecimento revelador, a emoção que embarga a voz, o tremor na hora da assinatura, o flagrante que desnuda a cadeia de corrupção, a carta inesperada, a incompetência de algum membro do aparelho partidário que, burro e confiante, diz o que não pode ou deve.

Como somos seres não programados, inventamos leis, mandamentos, códigos, rotinas e rituais. Alguns são tolos, como engraxar sapatos, dar beijinho na testa ou pentear o cabelo. Outros são fundamentais, como honrar o cargo público, enjaular bandidos, contar com uma polícia honesta, não corromper empresas públicas e, por último, mas não menos básico, prover diversão em locais públicos.

Nisso se enquadra o torneio esportivo e, para nós, brasileiros, as copas do mundo, como notam alguns jornalistas americanos, ignorantes que as conquistamos cinco vezes, são uma modalidade tão mobilizadora que chamam de “religião”. Não tendo que lutar com o pessimismo que carregamos no cangote, graças ao nosso eugenismo racista que foi logo substituído pelo determinismo marxista aliado ao positivismo de Comte, a visão do esporte para os americanos é uma atividade do universo do ócio. Um ócio que, ao contrário do que diz uma contrafação metida a intelectual, fabricado em pizzaria, só pode ser criativo. Como poderia ser outra coisa se até coçar o saco é uma arte, como sabem de sobra os nossos políticos em geral e os nossos dirigentes em particular?

Ora, o culto do futebol no Brasil tem lógica e razão. Ele une uma atividade originária de um país imperialista, racista, visto como modelar e rico (a velha Inglaterra), a uma nação paternalista, aristocrática até a medula, na qual administração pública e sistema cultural (gostos populares, comidas, músicas, crenças, etc...) sempre jogaram muito mais um contra o outro do que um com o outro. O futebol junta pela emoção Estado e sociedade. Não é um inesperado trivial.

Em 1950, com 13 anos, fui com meus irmãos assistir à vitória do Brasil contra a então Iugoslávia. Fomos e voltamos de bonde e barca. Não havia demonstrações, e o Brasil se orgulhava do seu maior estádio do mundo.

No dia 12, vi num telão em Miami (onde fui tragado pelo meu trabalho pioneiro de estudioso do futebol) o jogo Brasil e Croácia (que foi – eis um outro inesperado – um pedaço da Iugoslávia) com a mesma emoção religiosa, porque foi o futebol que inventou um Brasil que deu certo. Esse “dar certo” que é lugar-comum nestes Estados Unidos, exceto pela crise financeira, pelo revivalismo de extrema direita e pelo problema do Iraque que, ao que tudo indica, coloca por terra uma custosa e provavelmente inútil invasão, ampliando o terrorismo antiamericano.

Esses são inesperados, tais como o do jogo inaugural com um gol contra de um excelente jogador brasileiro, um pênalti cavado com arte e uma presidente inventada por Lula e eleita pelo maior partido popular e populista do Brasil que, contrariando a expectativa populista, foi civicamente vaiada. Sinal de um claro divórcio entre governo e sociedade. Entre um Estado com as suas usuais caras de pau e seu histórico de corrupção e aparelhamento colado numa argentária Fifa. E de uma sociedade ligada no futebol, que ama e pratica com excelência mundial, com sua transparência, sua vontade de vencer e o seu talento à prova de compadrios e aparelhamentos partidários.

O inesperado foi a vaia de um lado e, do outro, a virada para a vitória depois de um imprevisto e deprimente gol contra. Deste modo, tanto no campo quanto na vida, o futebol prova-se mais veraz do que a trivial realidade.

Os materialistas dizem que a arte é um prolongamento da vida. Eu digo o contrário: o que inventa a vida é a arte. Do mesmo modo que o futebol reinventa o Brasil e haverá de reinventá-lo nesta Copa, jogando também contra as pilantragens da Fifa, da CBF, da corrupção federal e do populismo lulo-petista, que já não dribla e começa a levar gols.

Há sempre o inesperado.

A AMEAÇA DOS BARRABRAVAS


ZERO HORA 22 de junho de 2014 | N° 17837


CARLOS ROLLSING JOSÉ LUÍS COSTA

SEGURANÇA NO MUNDIAL

PRESENÇA DE TORCEDORES envolvidos com organizações violentas preocupa autoridades no RS. Um grupo passou por Sapucaia do Sul



Uma parceria entre a torcida Popular do Inter e o diretório do PTB de Sapucaia do Sul garantiu abrigo por três dias, entre 11 e 13 de junho, para um grupo de cerca de 20 pessoas que se identificam como barrabravas argentinos.

Em uma casa onde fica a sede municipal do partido, eles fizeram churrasco, confraternizaram com brasileiros e entoaram as tradicionais cantorias. No dia 13, o grupo seguiu para o Rio, onde a Argentina estreou na Copa. Na próxima semana, eles devem voltar ao RS para acompanhar o jogo do time no Beira-Rio.

O responsável por assegurar o pouso aos estrangeiros, em maioria torcedores do Club Atletico San Martin e do Argentino de Merlo, integrantes da Hinchadas Unidas Argentinas, foi Gilberto Bitencourt Viégas, o Giba. Um dos líderes da Popular, ele está proibido de frequentar jogos do Inter e da Copa por envolvimento em brigas. Secretário adjunto da Economia Solidária do Estado e membro do diretório municipal do PTB, João Luiz Scopel confirma que Giba pediu apoio:

– Aquela casa é minha e está cedida ao PTB de Sapucaia. Giba me ligou, e eu disse que não tinha cama. Ele respondeu que não tinha problema, que eles se ajeitariam em colchonetes.

Os barrabravas vieram em pelo menos cinco carros. No dia 11, fizeram um churrasco que contou com a presença de torcedores do Inter. Torcedoras da Popular também participaram e posaram para fotos com os “hinchas”.

– Eram mais ou menos uns 60 na casa. Até gravamos vídeos cantando as músicas da Popular – diz a torcedora Silvania Silveira, que confirmou o status de barrabravas dos visitantes.

Durante a estada em Sapucaia, delegados da Polícia Civil e da Polícia Federal estiveram no local para monitorar a situação. Scopel não vê problema em hospedar argentinos envolvidos com torcidas marcadas por atos de violência em estádios:

– O comportamento deles foi exemplar. Se eles passaram pelas autoridades na fronteira, confiamos. O PTB está de parabéns, abrimos as portas para todos, apoiamos a Copa.

Achegada em massa de torcedores argentinos provoca uma série de ações especiais envolvendo a própria polícia argentina, autoridades brasileiras e a Fifa. Desde a semana passada, são estudadas ações preventivas para o jogo Nigéria e Argentina.

Há cerca de 10 dias, o governo argentino enviou para Porto Alegre um policial que atua como observador. Na quinta-feira, chegou o coronel da reserva da PM paulista Miguel Libório, gerente de Operações de Segurança da Fifa, para definir medidas com órgãos locais.

– Será um operação especial que vai durar três dias, na véspera, na data da partida e no dia seguinte. Eles moram perto e virão em carros – afirma o coronel João Diniz Godoi, comandante do Batalhão Copa.

Os principais temores são os barrabravas e episódios inesperados, com as duas invasões no Maracanã, por argentinos e chilenos sem ingressos.



MEDIDAS PREVENTIVAS

Fronteiras e divisa -Nas regiões de entradas no Estado, na fronteira com a Argentina e o Uruguai e na divisa com Santa Catarina, serão fiscalizados veículos. O trabalho será feito por servidores de sete órgãos públicos estaduais e federais, como Polícia Civil e Polícia Federal.

Beira-Rio -A Fifa vai ampliar o número de seguranças privados no estádio. Serão mais de 240 homens espalhados por pontos estratégicos para tentar evitar tumultos como ocorridos no Maracanã, envolvendo torcedores argentinos e chilenos. Já os 140 PMs escalados para trabalhar dentro do Beira-Rio, que antes ficavam em salas aguardando serem chamados, vão dar apoio aos seguranças privados nas arquibancadas, nos bares e nas zonas de circulação de torcedores.

Áreas de isolamento -A BM vai colocar 250 homens do BOE para fortalecer o efetivo que guarnece o gradil no arredores do estádio, com acesso exclusivo para quem tem ingressos. A meta é impedir invasões como as vistas no Maracanã. Também haverá atenção à região de bares da Cidade Baixa e outros pontos de concentração.

Cais do Porto -Ônibus de excursões que permanecerem mais de um dia em Porto Alegre deverão ficar estacionados no Cais do Porto. A EPTC alerta que só o veículo pode ficar ali, sem passageiros. Os turistas que chegarem em motor-homes deverão se instalar em campings.

sexta-feira, 20 de junho de 2014

A VITÓRIA DO BRASIL



ZERO HORA 20 de junho de 2014 | N° 17834


EDITORIAL



As previsões mais pessimistas sobre um eventual fracasso do país como anfitrião da Copa foram derrotadas pelos brasileiros.

Um balanço parcial do que aconteceu até agora livra o país da ameaça de um fracasso, fomentado pelos que, sob o pretexto de alertar para nossas deficiências, torciam contra o próprio país. O negativismo misturou-se, desde 2007, quando do anúncio da escolha do Brasil, a críticas sensatas sobre a conveniência da realização do Mundial em meio a tantas carências em áreas essenciais. Discordâncias bem fundamentadas apontavam que deveríamos dar prioridade a outras demandas mais urgentes. Os pontos de vista conflitantes se defrontaram até agora, e muitos dos críticos ainda mantêm a certeza de que o governo brasileiro errou ao lutar, com organizações privadas, para que fôssemos sede do Mundial. Nada que não deva ser encarado como natural. O que passou dos limites foi a insistência com que setores contrariados passaram a desqualificar o próprio país, antecipando o fracasso do evento, pelos mais variados motivos.

Não fracassamos, e finalmente o Brasil tem suas virtudes como organizador da Copa reconhecidas pelas delegações e pela imprensa internacional. The New York Times, Wall Street Journal e The Guardian, alguns dos mais respeitados jornais do mundo, passaram a observar que os visitantes convivem hoje apenas com falhas desculpáveis em eventos com essa grandeza. É esta visão do Exterior que, ao final da competição, oferecerá a todos a imagem do Brasil. A avaliação positiva não deve, no entanto, induzir ao engano de que todas as dúvidas suscitadas foram satisfatoriamente respondidas. O setor público ainda deve aos brasileiros informações esclarecedoras sobre a participação de recursos governamentais, para que a transparência passe a fazer parte dos aspectos a serem enfatizados.

Também as previsões sobre possíveis transtornos com greves e protestos de rua não se confirmaram, e o que se vê, ao contrário, são as 12 cidades, sem maiores atropelos em seu dia a dia, orgulhosas como anfitriãs. Confirma-se assim, com a hospitalidade brasileira que os estrangeiros reconhecem e agradecem, uma qualidade que nunca foi posta em dúvida.

EM RESUMO

Editorial destaca a reversão do clima derrotista de que o Brasil se transformaria num cenário caótico durante o Mundial.

HARMONIA E CONFLITO

ZERO HORA 20 de junho de 2014 | N° 17834

ARTIGOS

POR JAYME EDUARDO MACHADO*



Afoto de capa da ZH de quinta-feira, pintada com as cores da confraternização, mostra muito mais do que quis mostrar, e nós enxergamos muito mais do que seu autor imaginou nos pudesse comunicar. Tal como naquela imagem prosaica do copo pelo meio, em que tanto podemos vê-lo pela perspectiva otimista do “quase cheio” quanto pelo oposto “quase vazio”, nem o silêncio da Marselhesa nem o barulho dos “anti-Copa” conseguem obscurecer o brilho que se expande daquele caleidoscópio humano num “até a pé nós iremos” – perdoem-nos, irmãos colorados –, todos em perfeita harmonia rumo ao templo de nossa paixão nacional, o estádio de futebol – que aliás, para compensar, no destino daquele povo, é o de vocês, colorados. O grande escritor e ensaísta italiano Humberto Eco destacou, na sua Viagem na Irrealidade Cotidiana, que há uma zona profunda da sensibilidade coletiva que ninguém, por convicção ou por cálculo demagógico, consentiria em destruir: o estádio de futebol.

Então, como extrair uma “verdade” em torno da Copa brasileira, capaz de conciliar a sugestiva imagem da capa de ZH com outras tantas “anti-Copa” que ela própria mostra diariamente, todas elas absolutamente verdadeiras, mas de uma evidência contrastante do ânimo dos “pró” e dos “contra”?

Foi então que lembrei – até por se tratar de uma visão externa e por isso, quem sabe, menos parcial – de uma análise, no mínimo original, feita pelo sociólogo francês Michel Maffesoli – bastante conhecido no meio acadêmico de Porto Alegre – no Le Figaro de 12 deste mês. “O Brasil – vê-se pelo clima social da Copa – é o país da harmonia conflituosa.” Para os gramáticos, um oxímoro. Para o intelectual, uma explicação que nem aumenta a harmonia nem diminui o conflito. Para os “pró-Copa”, não os livra dos xingamentos, para os “contra”, não segura o cassetete da polícia.

Então, que viva a “harmonia conflituosa”, que é com ela que vamos para o estádio, pois o estádio é – como diz Humberto Eco – o templo sagrado do nosso desperdício lúdico ao qual jamais podemos renunciar: exercê-lo significa ser livre e livrar-se da tirania do trabalho indispensável. “O Brasil – vê-se pelo clima social da Copa – é o país da harmonia conflituosa”


*Jornalista, ex-subprocurador-geral da República

quinta-feira, 19 de junho de 2014

NO PAÍS DA IMPUNIDADE, INVASÃO "FICOU BARATO"

Do G1 Rio 19/06/2014 19h17

'Ficou barato', diz cônsul sobre punição por invasão ao Maracanã. Chilenos e outros 2 estrangeiros têm até 0h de domingo para deixar o país. Torcedores residentes no Brasil podem ficar, mas não poderão ir a jogos.

Henrique Coelho



Cônsul do Chile no Rio, Samuel Ossa conversou
com jornalistas (Foto: Henrique Coelho / G1)



O cônsul do Chile no Rio de Janeiro, Samuel Ossa, falou novamente nesta quinta-feira (19) sobre a invasão dos chilenos ao estádio do Maracanã, antes do jogo entre Chile e Espanha, na tarde desta quarta (18). Ossa explicou que, no total, foram 90 detidos pela invasão: 88 chilenos, um boliviano e um colombiano. Segundo ele, a punição, um prazo de 72 horas para que deixem o país, foi branda.

"Não foi uma circunstância orquestrada. Mas eles teriam que ser presos e deportados. Ficou barato", disse ele.

Ossa explicou que serão feitos contatos com familiares desses invasores para que deixem o país em 72 horas, a partir de 0h desta quinta-feira – o prazo termina à 0h de domingo (22). Caso isso não aconteça, eles serão deportados imediatamente. O consulado não exercerá qualquer controle sobre a saída desses chilenos do país. Os nomes de todos os envolvidos já estão com a Justiça brasileira:

"Eles não necessariamente precisam voltar para o Chile, e não podem voltar para o Brasil antes do fim do Mundial", explicou.

Segundo o cônsul, dois dos invasores chilenos são residentes no Brasil. Estes permanecerão aqui no Brasil, sem nenhum problema, mas não poderão ver jogos no estádio, explicou ele, dizendo que muitos chilenos contaram a ele que estavam tentando comprar ingressos ilegalmente para o jogo e queriam entrar no estádio.

"Não são delinquentes. Eles têm que cumprir as normas da Justiça aqui do Brasil. Quando você vai à casa de alguém, você não por o pé na mesa. E a maioria reconhece que errou", contou o cônsul, que teve outro prejuízo nesta quarta. "Não pude ver o jogo", contou, rindo.

Os torcedores foram enquadrados no artigo 41-b do Estatuto do Torcedor, por invasão e tumulto dentro de instalações esportivas.

Chilenos invadem área de imprensa (Foto: GASPAR NOBREGA/INOVAFOTO/ESTADÃO CONTEÚDO)

As notificações foram lançadas nos passaportes dos torcedores e no cartão de entrada dos chilenos. Os dados colhidos foram lançados no sistema de imigração da PF, constando o motivo da ação, o que possibilitará a inadmissão em território nacional durante o Mundial, caso algum deles tente retornar ao país.

Segundo a PF, qualquer agente público, ao conferir seus documentos, saberá até quando poderão ficar no Brasil. Constatando que o prazo foi ultrapassado, eles deverão ser encaminhados a uma unidade da Polícia Federal mais próximas para possível deportação sumária.

Uma equipe da PF esteve na Cidade da Polícia, para onde foram inicialmente levados nesta quarta, onde foi formalizada a diminuição do prazo de estada dos estrangeiros em 72 horas. O Juizado Especial Criminal (Jecrim) é o responsável pelo caso. Ainda segundo a polícia, entre os chilenos, havia um menor de idade, que foi notificado, assim como o seu pai.

Acordo internacional

Por acordo internacional, chilenos, argentinos, uruguaios e paraguaios podem entrar no Brasil apenas com suas identidades. Ao ingressarem, recebem um documento chamado de tarjeta (cartão, em português), que deve ser apresentado às autoridades brasileiras durante o deslocamento pelo Brasil e que comprova a entrada regular no país, bem como o prazo de estada. Segundo a PF, para quem apresenta passaporte no ingresso no território nacional, como foi o caso de dois chilenos, essas informações são inseridas no documento de viagem.

Invasão

A invasão ocorreu momentos antes do jogo entre Espanha e Chile. Segundo a Secretaria de Segurança, 88 pessoas foram levadas, em três ônibus, para a Cidade da Polícia, no Jacaré, Subúrbio. No fim da noite, foram para o consulado.

Durante a invasão, na altura do portão 9 da entrada B, houve muita correria e gritos na área, onde trabalham os jornalistas no estádio. Segundo relatos do Globoesporte.com, torcedores forçaram uma das grades da cerca que protege a área. Duas paredes foram derrubadas. O grupo foi contido pelos "stewards" (seguranças particulares da Fifa).

Depois de controlados, todos foram colocados sentados no chão e, em seguida, conduzidos por PMs do Grupamento Especial de Policiamento em Estádios (Gepe) para a delegacia.

SEMANA DE COPA TEM 20 PROTESTOS E 180 DETIDOS

 19/06/2014 14h02

Com mais de 20 protestos, 1ª semana de Copa tem 180 detidos em atos

Doze manifestações tiveram tumulto ou confronto com a Polícia Militar.
Maior protesto foi no RJ, com mil pessoas; o menor foi na BA, com 30.

Do G1, em SP *

Na primeira semana de Copa do Mundo no Brasil, ao menos 21 protestos foram registrados pelo país. O maior deles aconteceu no Rio de Janeiro, na última quinta-feira (12), dia da abertura do torneio, com cerca de mil manifestantes, segundo a Polícia Militar. Houve confronto com a PM, e quatro pessoas foram detidas. Já o protesto com o maior número de detidos aconteceu em São Paulo, no mesmo dia. Segundo a PM, o ato reuniu 730 pessoas e terminou com 31 detidos.
Dos 21 protestos registrados pelo G1, 12 tiveram tumulto ou confrontos com a polícia. Entre os feridos, pelo menos sete eram jornalistas. Além dessas manifestações, algumas cidades tiveram atos sem relação com o Mundial de futebol.

Veja abaixo os protestos ocorridos na 1ª semana da Copa:
Pai tirou filho de protesto em São Paulo (Foto: Reprodução/TV Globo)Pai tirou filho de protesto em São Paulo
(Foto: Reprodução/TV Globo)
12/6
São Paulo: No dia da abertura da Copa na Arena Corinthians, na Zona Leste da capital paulista, a Tropa de Choque da PM entrou em confronto com manifestantes por duas vezes. Pela manhã, perto da estação Carrão do Metrô e, à tarde, na estação Tatuapé.
Duas jornalistas da emissa americana CNN ficaram feridas. Um pai chegou a tirar o filho manifestante do meio do protesto. Segundo a PM, os atos reuniram cerca de 730 manifestantes, e pelo menos 31 foram detidos. Seis pessoas ficaram feridas, sendo quatro jornalistas e dois manifestantes.
Jornalista da CNN é ferida em manifestação (Foto: Darlan Alvarenga/G1)Jornalista da CNN é ferida em manifestação
(Foto: Darlan Alvarenga/G1)
Rio de Janeiro: A polícia usou spray de pimenta e bombas de gás para dispersar manifestantes na Lapa, no Centro. O ato reuniu cerca de mil pessoas, segundo a PM. Ao todo,11 pessoas foram detidas e um menor, apreendido. Dois policiais ficaram levemente feridos.
Belo Horizonte: Houve vandalismo e depredação de bancos, estabelecimentos comerciais e viaturas da PM. Um fotógrafo da agência de notícias britânica Reuters ficou ferido na cabeça. O protesto começou na Praça Sete, no Centro. Cerca de 300 pessoas chegaram a se reunir no local. De acordo com a polícia, 11 pessoas foram detidas e uma adolescente, apreendida.
Taguatinga (DF)um protesto reuniu cerca de 80 pessoas que tentavam fechar o Pistão Norte durante marcha em direção à Fifa Fan Fest. Houve confronto entre policiais e manifestantes, e pelo menos dois foram detidos.
Grupo depredou conteiner em Porto Alegre (Foto: Foto: Itamar Aguiar/Futura Press/Estadão Conteúdo)Grupo depredou conteiner em Porto Alegre
(Foto: Itamar Aguiar/Futura Press/
Estadão Conteúdo)
Porto AlegreO protesto reuniu cerca de 500 pessoas no Centro da capital gaúcha. Houve tumulto, 13 pessoas foram detidas e 2 policiais ficaram feridos. De acordo com o major Claudio Feoli, comandante do Batalhão Especial de Pronto Emprego (Bepe), criado para atuar nas manifestações, os detidos foram flagrados com drogas, pedras e coquetéis molotov. 

Salvador: Pouco mais de 30 pessoas participaram de um protesto pacífico no dia do jogo entre Brasil e Croácia.

Fortaleza: Um grupo de 200 pessoas protestou na Praia de Iracema contra a Copa. Houve confronto. Manifestantes lançaram pedras, e a polícia disparou balas de borracha e bombas de gás. Um adolescente foi apreendido, suspeito de depredar carros da polícia. Ainda durante o ato, um adulto foi detido sob suspeita de furto.

Manaus: Um grupo de cerca de 40 pessoas mobilizou um ato em frente à Arena da Amazônia.Não houve confrontos nem detidos.

Cordão humano no Corredor da Vitória, em Salvador (Foto: Henrique Mendes/G1)Manifestantes na BA (Foto: Henrique Mendes/G1)
13/6
Salvador: No dia da partida entre Espanha e Holanda na cidade, cerca de 100 pessoas protestaram contra a Copa.
O grupo se reuniu em Campo Grande e partiu em passeata em direção à Barra, onde ocorria a Fifa Fan Fest. A PM impediu que o grupo avançasse, e houve confronto. Manifestantes jogaram pedras, e a polícia lançou bombas de efeito moral. Uma concessionária de veículos foi depredada. Ao todo, 23 pessoas foram detidas.

Homem sem camisa provoca policiais que cercaram a Praça Sete, em BH. (Foto: Reprodução/ TV Globo)Homem sem camisa provoca policiais em Belo
Horizonte (Foto: Reprodução/TV Globo)
14/6
Belo Horizonte: No dia do jogo entre Grécia e Colômbia na cidade, 500 manifestantes se reuniram na Praça Sete para protestar contra o Mundial da Fifa. A PM informou que pelo menos 11 pessoas foram detidas e um menor, apreendido. Não houve confronto.

Fortaleza: A estreia da capital cearense como cidade-sede da Copa também teve protesto. Segundo a PM, 80 pessoas se concentraram na Avenida Silas Munguba, via de acesso à Arena Castelão. Houve passeata pela avenida até o início da partida entre Uruguai e Costa Rica. Três adolescentes foram apreendidos com estilingues. Não houve confronto.
Manaus: Um pequeno grupo de manifestantes protestou no entorno da Arena da Amazôniaapós a partida entre Inglaterra e Itália. Não houve confronto.

Polícia usa spray em protesto no Rio (Foto: Tasso Marcelo/AFP)Polícia usa spray de pimenta em protesto no Rio
(Foto: Tasso Marcelo/AFP)
15/6
Rio de Janeiro: Uma passeata com cerca de 300 pessoas que protestavam contra a Fifa e a Copa do Mundo teve tumulto entre PMs e manifestantes no entorno do Maracanã. Agências bancárias e lixeiras foram depredadas. Policiais usaram bombas de gás lacrimogêneo, spray de pimenta e balas de borracha. Oito pessoas foram detidas no entorno do estádio.
Brasília: Manifestantes contrários à realização do Mundial promoveram um "apitaço" e uma partida de futebol em uma das principais avenidas da cidade. O protesto reuniu 150 pessoas. Não houve confronto com a polícia.

Porto Alegre: Cerca de 100 pessoas promoveram uma partida de futebol e marcharam pela cidade. O ato terminou pacífico.

Protesto Curitiba (Foto: Henry Milleo/Agência de notícias gazeta do Povo/Estadão Conteúdo)Agência bancária é alvo de vândalos em Curitiba
(Foto: Henry Milleo/Gazeta do Povo/Estadão)
16/6
Curitiba: Manifestantes pararam ônibus que levavam torcedores para ver a partida entre Irã e Nigéria na Arena na Baixada. Eles também bloquearam vias e depredaram agências bancárias. Pelo menos 12 pessoas foram detidas e dois adolescentes, apreendidos.

Natal: Um protesto pacífico reuniu cerca de 300 pessoas em duas avenidas da capital, horas antes da partida entre Gana e Estados Unidos. Duas pessoas foram presas por desacato.
 

Manifestantes tiram a roupa em Belo Horizonte (Foto: Pedro Ângelo/G1)Manifestantes tiram a roupa em Belo Horizonte
(Foto: Pedro Ângelo/G1)
17/6
Fortaleza: No dia do segundo jogo do Brasil na Copa, manifestantes jogaram paus e pedras contra a polícia, que disparou balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo. Pela primeira vez, foi usado um jato d'água para dispersar a multidão. Segundo a PM, 30 pessoas foram detidas. O ato reuniu aproximadamente 300 participantes.

Rio de Janeiro: Um protesto com cerca de 60 pessoas, iniciado no fim da tarde na Candelária, no Centro, teve confusão. O momento mais tenso aconteceu na Cinelândia, quando cerca de 20 ativistas tentaram seguir em um ônibus comum para Copacabana, onde pretendiam dar sequência ao ato que pedia "tarifa zero" no transporte público. Houve um tumulto com PMs, e o coletivo foi levado com 15 detidos para duas delegacias: 21ª DP (Bonsucesso) e 22ª DP (Penha).

Belo Horizonte: Manifestantes tiraram a roupa em Belo Horizonte em protesto contra a Fifa na Praça da Savassi, região escolhida como ponto de encontro de torcedores de várias nacionalidades. O ato terminou pacífico e, segundo a PM, não houve detidos.

Protesto em Porto Alegre (Foto: Fábio Almeida/RBS TV)Polícia usa bomba de efeito moral em Porto
Alegre (Foto: Fábio Almeida/RBS TV)
18/6
Porto Alegre: cerca de 100 manifestantes se reuniram na Praça Argentina, no Centro da cidade, a 4 quilômetros de distância do Estádio Beira-Rio, onde ocorria a partida Austrália x Holanda.
Quando o grupo tentou deixar a área em passeata, houve confronto com a PM. Policiais usaram bombas de efeito moral. Pelo menos três pessoas ficaram feridas, sendo uma delas um repórter. Ninguém foi detido.
*Com informações do G1 AM, G1 BA, G1 CE, G1 MG, G1 PR, G1 Rio, G1 RN e G1 RS.

TORCEDORES CHILENOS DERRUBAM GRADES E INVADEM MARACANÃO


FOLHA.COM. DO RIO. 18/06/2014 15h18


CRISTINA GRILLO, ITALO NOGUEIRA, ROBERTO DIAS e RAFAEL REIS


Cerca de cem torcedores chilenos invadiram o Maracanã para assistir à partida desta quarta-feira (18) entre a sua seleção e a da Espanha, pela segunda rodada do Grupo B da Copa do Mundo.

Por volta de uma hora antes do confronto, os torcedores sem ingresso derrubaram as grades no portão C, próximo à entrada de imprensa. Sem muita força, o obstáculo caiu e dezenas de torcedores entraram correndo. Seguranças particulares responsáveis pelo estádio e a Polícia Militar tiveram dificuldade para conter a invasão. Tentaram fechar um segundo portão da área, mas foram empurrados pelos invasores.

Pouco antes de o jogo começar o clima continuava tenso no entorno do local, com a presença de milhares de torcedores chilenos sem ingresso, inconformados. A Polícia Militar chamou reforço para tentar conter novas invasões antes do início da partida, às 16h.

Um grupo de cerca de 50 torcedores chilenos invadiu a sala de imprensa do Maracanã, onde derrubaram uma divisória erguida para isolar o acesso à área interna. Uma torcedora com camisa do Chile machucou o braço em um vidro quebrado. Depois, alguns dos invasores foram pegos por seguranças e colocados sentados em um canto do corredor do estádio.

Em nota, a Fifa comunicou que "um grupo de pessoas sem ingressos forçou de forma violenta a entrada no estádio, quebrando cercas e passando pela segurança" e que "foram contidas pela segurança e não chegaram aos assentos". Acrescentou ainda que "a situação rapidamente foi controlada e pelo menos 85 invasores foram detidos de acordo com a Policia Militar".

Já de acordo com a Polícia Civil, os chilenos foram autuados pelo artigo 41B do Estatuto do Torcedor (promover tumulto, praticar ou incitar a violência, ou invadir local restrito aos competidores em evento esportivo) pela invasão. Dois cidadãos argentinos e um americano foram levados à delegacia como testemunhas.

Um invasor que usava camisa branca conseguiu entrar no elevador junto à área de imprensa, fugindo da polícia. Alguns dos torcedores conseguiram correr até as arquibancadas, misturando-se ao público.

Um outro rapaz, que vestia camisa do Chile, conseguiu fugir com uma câmera na mão, dizendo-se jornalista. Ele mostrou um crachá de imprensa, mas não uma credencial da Fifa –o que o autorizaria a ficar no local. Um PM o encaminhou para a fila, mas ele saiu andando calmamente. Quando perceberam, ele já estava fora da área isolada, em meio aos torcedores fora do estádio.

Uma torcedora detida relatou à Folha que o grupo não tinha conseguido entrar no estádio porque comprou entradas falsas vendidas por um brasileiro. Alguns dos torcedores também disseram aos jornalistas que estavam na porta e acabaram entrando juntos, mas que não haviam quebrado nenhum portão. Um deles tentou convencer um policial militar que só havia entrado para tirar fotos –e acabou detido.

Antes de invadirem o Maracanã, os torcedores chilenos já haviam passado por um bloqueio nos arredores do estádio –a área de isolamento onde só é permitida a entrada de quem possui ingresso.

Segundo o COL (Comitê Organizador Local), os chilenos se aglutinaram em frente a um portão de entrada de imprensa e pediram ajuda médica alegando que um um torcedor estava passando mal. O pedido de socorro tinha como objetivo despistar a segurança para tornar mais fácil a invasão. A polícia demorou cerca de 20 minutos para chegar ao local da confusão.

Para o Comitê, há duas possibilidades para justificar essa primeira invasão. A primeira é que os chilenos realmente tinham ingressos falsos e assim puderam passar pelo primeiro bloqueio. Para entrar no cordão de isolamento, basta mostrar uma entrada para a partida, mas ela não é lida pelo detector de chips que diz se o bilhete é verdadeiro ou falsa.

Outra possibilidade é que os torcedores já estivessem no entorno do estádio antes do isolamento da área, quatro horas antes da partida. Às 9h, quando chegou ao Maracanã, a reportagem da Folha flagrou chilenos nos arredores do palco da partida desta tarde.

Após constatar o problema, a Fifa solicitou que a PM reforçasse o efetivo nos portões de acesso à arena. Até então, a orientação dada pela Fifa, segundo aFolha apurou, era de que os policiais não ficassem nos portões do estádio, deixando a guarda dos acessos com a empresa privada contratada para cuidar da segurança interna.

À noite, os torcedores foram liberados pela polícia e foram levados em comboio de ônibus e carros da Polícia Militar para o Consulado do Chile na Praia do Flamengo. Eles têm prazo de 72 horas para deixar o país. Em caso contrário, estarão sujeitos a deportação.

INVASÃO NO MARACANÃ REPERCUTE NA IMPRENSA ESTRANGEIRA

Por GloboEsporte.com. Rio de Janeiro 18/06/2014 18h07

Invasão no Maracanã repercute rapidamente na imprensa estrangeira. Espanhóis e ingleses dão grande destaque à invasão chilena no estádio, e jornal argentino "Olé" classifica a confusão com vergonhosa: "Escândalo no Rio de Janeiro"


Argentino Olé noticia invasão ao Maracanã (Foto: Reprodução / Olé)


A invasão ao centro de imprensa e, posteriormente, às arquibancadas do Maracanã repercutiu prontamente na imprensa estrangeira. Os jornais espanhóis "AS", "Marca", "Mundo Deportivo" e "Sport" deram grande destaque ao episódio que ocorreu no palco da final da Copa do Mundo pouco antes do duelo entre Chile e Espanha. Todos apresentaram vídeos com imagens do ocorrido.


- Fãs chilenos quebraram televisores, mesas, material de imprensa e até mesmo roubaram a comida da cantina para os jornalistas. O sistema de segurança de jogo da FIFA é terrível e momentos de tensão foram vividos durante a invasão ao Media Center do Maracanã - relatou o site do Marca.


Já o "Mundo Deportivo" mostrou um vídeo do início da invasão, ainda do lado de fora do Media Center do Maracanã.


- O grupo entrou como se fosse uma manada de touros. A frente deles estava um grupo de voluntários com medo, eles não poderiam detê-los. A polícia chegou mais tarde, mas o mesmo grupo, a ser encurralado, derrubou uma parede.


O argentino "Olé" exibiu um vídeo da invasão e, apesar de breve, não economizou nas críticas ao noticiar o ocorrido no palco da final da Copa do Mundo.


- Escândalo no Rio de Janeiro: dezenas de fãs sem ingressos tentaram entrar à força no Maracanã pelo centro de imprensa do estádio. Houve destroços e muitos detidos. Vergonhoso - escreveu o jornal argentino.


Cerca de 100 torcedores chilenos invadiram o centro de imprensa do Maracanã por volta das 15h (de Brasília), uma hora antes do início da partida entre Espanha e Chile. O grupo forçou uma das grades da cerca que circula a área e causou confusão e destruição no local de trabalho de jornalistas estrangeiros e brasileiros.


Duas paredes foram derrubadas, a porta principal foi destruída, houve muita correria, gritos, e em pouco tempo o grupo foi controlado pelos "stewards" (seguranças particulares), que em um primeiro momento corriam e gritavam "fechem os portões!". Pelo menos 90 pessoas foram detidas.

Jornais "AS", "Mundo Deportivo" e "The Guardian" dão grande destaque à invasão ao Maracanã (Foto: Editoria de Arte)


INVASÃO CHILENA NO MARACANÃ EXPÕE PROBLEMA DE SEGURANÇA NA COPA


Da BBC Brasil em São Paulo. 18 de junho, 2014 - 20:33 (Brasília) 23:33 GMT


Renata Mendonça e Luis Kawaguti




Seguranças não conseguiram conter os invasores chilenos na entrada do Maracanã

Uma invasão de cerca de 100 torcedores chilenos no Maracanã causou um tumulto no centro de mídia do estádio a menos de uma hora do início da partida entre Chile e Espanha, nesta quarta-feira.

O incidente expôs problemas na segurança dentro dos estádios da Copa do Mundo, em parte relacionados a falhas de segurança e falta de vigilantes privados contratados pela Fifa.


Diferentemente do que ocorre nos campeonatos nacionais, a segurança nos estádios da Copa do Mundo não é feita por policiais militares, mas por vigilantes privados chamados de “stewards”, que são contratados pelo Comitê Organizador Local (COL). Segundo órgão, o número desses agentes por jogo varia entre 900 e 1.200.

A maioria desses agentes foi treinada a menos de dois meses do início de mundial, e a falta da quantidade necessária desses profissionais já foi constatada em ao menos dois estádios da Copa - em Brasília e em Fortaleza.

Torcedores terão de deixar o país


Os ao menos 85 torcedores detidos pela invasão do centro de imprensa do Maracanã serão levados de ônibus da delegacia da polícia civil do Rio até o estádio, onde foram detidos, informou a polícia à imprensa na noite desta quarta-feira.

Ao chegarem lá, eles terão 72 horas para deixar o país ou serão deportados, segundo a Polícia Federal.

A informação inicial era de que eles seriam autuados por resistência a prisão, desacato a autoridade a danos ao patrimônio. Mas após negociações diplomáticas eles devem ser autuados apenas por má conduta, infração prevista no Estatuto do Torcedor. Devem responder à Justiça já fora do país.

Jefferson Puff, da BBC Brasil no Rio de Janeiro

No Maracanã, os stewards não conseguiram impedir a invasão de 85 torcedores chilenos, que ultrapassaram o bloqueio da segurança e correram em direção ao portão do estacionamento, para tentar entrar no estádio. Os invasores então seguiram até o centro de mídia, onde derrubaram uma das paredes da estrutura provisória montada pela Fifa no local. Após o incidente, a Fifa e o COL divulgaram um comunicado oficial condenando as atitudes dos torcedores chilenos e dizendo que irão informar em breve as medidas que serão tomadas para evitar novos incidentes.

Para conter a situação, o COL precisou pedir ajuda da Polícia Militar. Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro, os 85 suspeitos foram detidos.


Stewards


Os stewards ficam distribuídos pelos diversos setores do estádio – desde a checagem dos ingressos, passando pela revista até as arquibancadas – e são responsáveis por orientar os torcedores nas arenas e conter eventuais tumultos. O plano de segurança também prevê policiais militares dentro das arenas, mas eles só devem ser acionados em casos de emergência – como o ocorrido nesta quarta no Maracanã.

Uma lei aprovada em 2012 determina que apenas vigilantes profissionais podem exercer a função de stewards. E para agir dentro dos estádios eles também precisam passar por um curso chamado “Extensão em Segurança para Grandes Eventos".


Polícia Militar precisou ser acionada para conter os chilenos no estádio

A polêmica sobre o uso desses agentes começou já nessa fase de treinamento.

O COL oficializou a contratação das empresas que providenciariam os vigilantes privados para a Copa a cerca de dois meses do início do torneio. Só a partir disso que as companhias começaram a acelerar o processo de treinamento da maior parte dos profissionais. O curso é fornecido por 220 escolas pelo país e dura cerca de uma semana.

Em abril, o gerente de segurança do COL, Hilário Medeiros, disse à BBC Brasil que seriam necessários 25 mil stewards para garantir a segurança dentro dos estádios no mundial. Na ocasião, a reportagem apurou que havia 5.084 vigilantes privados treinados para exercer a função, segundo um levantamento feito pela Polícia Federal à pedido da BBC. Em dois meses, seria necessário capacitar outros 20 mil agentes para suprir a demanda do COL.

A três dias do início da Copa, a BBC Brasil solicitou novo levantamento à Polícia Federal. A pesquisa constatou que 14.303 profissionais possuíam o treinamento necessário para agir dentro dos estádios.

Questionado pela reportagem sobre esse possível deficit, no dia 11 de junho, o COL afirmou que o número de stewards necessários dentro dos estádios não seria de cerca de 25 mil (conforme havia sido dito em abril) mas algo entre 13.500 e 15.000.

A assessoria de imprensa do órgão disse que havia ocorrido um “mal-entendido” e explicou que o número divulgado incialmente incluiria vigilantes privados envolvidos na segurança de toda a Copa e não só nos estádios, mas também na segurança de delegações de seleções internacionais e outras instalações da Fifa. Como não atuariam nas arenas, eles não precisariam do curso de extensão.
Treinamento

Mas apesar do número de agentes treinados no país ser, em tese, suficiente para atender a nova demanda divulgada na semana passada pelo COL, problemas de falta de seguranças privados já foram reportados em dois estádios.


Faltando menos de 2 meses para a Copa, somente 5 mil seguranças estavam treinados

Os problemas ocorreram nos estádios do Castelão, em Fortaleza, e Mané Garrincha, em Brasília.

Em Fortaleza, autoridades locais entenderam que não havia seguranças privados suficientes no estádio na partida de sábado entre Uruguai e Costa Rica. Por isso, o governo enviou agentes da polícia e da Força Nacional de Segurança para exercer a função de stewards durante o jogo seguinte - Brasil e México, na última terça-feira.

A substituição dos seguranças privados por forças de segurança dentro de estádios era tratada como um plano de contingência pelo COL antes do início do mundial.

“O governo tomou a decisão para garantir a segurança de fãs dentro e fora do estádio”, afirmou à agência Reuters Bárbara Lobato, uma porta-voz do Ministério da Justiça.

Em Brasília, centenas de seguranças privados contratados pela Fifa não se apresentaram para o trabalho no jogo entre Suíça e Equador no dia 15. Fontes envolvidas na área de segurança do estádio disseram à BBC Brasil que mesmo com um contingente menor de stewards não houve qualquer incidente de segurança durante o jogo.

Falhas de segurança

Além da recente invasão chilena no Maracanã e dos problemas de falta de stewards, outros incidentes de segurança foram registrados dentro de estádios em outros jogos do mundial.

Na Arena Pantanal, em Cuiabá, o problema registrado foi a entrada de torcedores com rojões, sinalizadores e outros itens proibidos pela Fifa no estádio onde jogavam Chile e Austrália. Em Manaus, torcedores ingleses conseguiram entrar na partida da Inglaterra contra a Itália portando barras de ferro.

À época, o COL divulgou uma declaração afirmando que o controle nos estádios será mais rígido. “Está sendo discutido para a revista ser ainda mais restrita, tanto na entrada do estádio, quanto no perímetro”, afirmou o porta-voz do COL Saint Claire Milesi em nota.

No próprio Maracanã uma outra invasão de torcedores, dessa vez argentinos, havia sido registrada no domingo, quando 20 deles burlaram a segurança e pularam o muro do estádio para ver Argentina x Bósnia.