EDUARDO GABARDO | RIO DE JANEIRO
ESCÂNDALO DE INGRESSOS
DIRETOR DE EMPRESA autorizada a vender bilhetes da Copa estaria ligado à quadrilha de venda ilegal de ingressos
A prisão do diretor-executivo da empresa Match, o inglês Raymond Whelan, em uma das suítes do Copacabana Palace, escancarou um dos maiores escândalos da história das Copas: a venda ilegal de ingressos, tão combatida e condenada publicamente pela Fifa, tem relação com a própria entidade.
Segundo a Polícia Civil do Rio de Janeiro, o organograma da maior quadrilha de cambistas já vista em Mundiais era chefiada por Whelan. O franco-argelino Mohamoud Lamine Fofana, preso na semana passada, era o número dois na hierarquia, e responsável por comandar a equipe de vendas dos bilhetes desviados, em uma operação que poderia chegar a R$ 200 milhões de faturamento aqui no Brasil.
O planejamento e a execução deste esquema já vêm de edições anteriores do Mundial. A Match pertence à família mexicana Byrom e tem como comandantes os irmãos Jayme e Enrique. Com relações estreitas com o presidente da Fifa, Joseph Blatter, a empresa venceu a concorrência para cuidar da comercialização de ingressos dos mundiais de 2010 e 2014.
A subsidiária Match Services oferece bilhetes para o público geral e hospedagem (a empresa tem o direito de vender diárias de hotéis nas 12 sedes). Tem sede em Zurique, mesma cidade da Fifa, com escritórios em Joanesburgo e no Rio de Janeiro. A Byrom Holding tem 100% do controle acionário. A Match Hospitality cuida de camarotes, entradas vips e de pacotes para empresas e do transporte da família Fifa. Os irmãos Byrom têm 65% das ações. Os outros acionistas são a Winterhill Investments (20%), Bidvest Group (5%), Dentsu (5%) e Infront Sports e Media (5%). Esta última tem como presidente Philippe Blatter, sobrinho de Joseph Blatter.
INGRESSO VIP PARA A FINAL OFERECIDO POR R$ 35 MIL
Raymond Whelan, agora preso no Rio de Janeiro, é o CEO do grupo Match. Tem poder absoluto e a caneta na mão. A investigação da Polícia Civil ainda está em andamento, mas fontes deixam claro que o esquema funcionava da seguinte maneira: os bilhetes vips, de camarotes e de categoria 1 eram vendidos, por ordem de Whelan, de maneira direcionada para o grupo de Fofana. Assim, a quadrilha de cambistas fazia a revenda por valores exorbitantes (o bilhete vip para a final estava sendo negociado por R$ 35 mil), e o lucro era dividido.
A estimativa é de que pelo menos mil tíquetes por partidas eram desviados. No caso de bilhetes de cortesia, ONGs e patrocinadores, a ação era mais fácil ainda pelo poder de influência dos envolvidos. Por enquanto, os comandantes da investigação não têm informações se Blatter e os irmãos Byrom tinham conhecimento do caso.
O mais grave é que a Match, no dia 1° de novembro de 2011, ganhou também a concessão para operar as Copas de 2018 e 2022, além das Copas das Confederações de 2017 e 2021, e os Mundiais femininos de 2019 e 2023. Agora, com o escândalo ganhando as manchetes justamente na semana da final no Maracanã, o futuro é incerto.
Até a reeleição de Joseph Blatter, dada como certa em 2015, corre risco. Uma pequena delegacia da Praça da Bandeira, no centro do Rio de Janeiro, derrubou uma organização criminosa gigante e bem articulada, e deixou um dos grandes legados desta Copa.
O ESQUEMA
Como funcionava (ou funciona) a venda de ingressos para a Copa
A prisão do diretor-executivo da empresa Match, o inglês Raymond Whelan, em uma das suítes do Copacabana Palace, escancarou um dos maiores escândalos da história das Copas: a venda ilegal de ingressos, tão combatida e condenada publicamente pela Fifa, tem relação com a própria entidade.
Segundo a Polícia Civil do Rio de Janeiro, o organograma da maior quadrilha de cambistas já vista em Mundiais era chefiada por Whelan. O franco-argelino Mohamoud Lamine Fofana, preso na semana passada, era o número dois na hierarquia, e responsável por comandar a equipe de vendas dos bilhetes desviados, em uma operação que poderia chegar a R$ 200 milhões de faturamento aqui no Brasil.
O planejamento e a execução deste esquema já vêm de edições anteriores do Mundial. A Match pertence à família mexicana Byrom e tem como comandantes os irmãos Jayme e Enrique. Com relações estreitas com o presidente da Fifa, Joseph Blatter, a empresa venceu a concorrência para cuidar da comercialização de ingressos dos mundiais de 2010 e 2014.
A subsidiária Match Services oferece bilhetes para o público geral e hospedagem (a empresa tem o direito de vender diárias de hotéis nas 12 sedes). Tem sede em Zurique, mesma cidade da Fifa, com escritórios em Joanesburgo e no Rio de Janeiro. A Byrom Holding tem 100% do controle acionário. A Match Hospitality cuida de camarotes, entradas vips e de pacotes para empresas e do transporte da família Fifa. Os irmãos Byrom têm 65% das ações. Os outros acionistas são a Winterhill Investments (20%), Bidvest Group (5%), Dentsu (5%) e Infront Sports e Media (5%). Esta última tem como presidente Philippe Blatter, sobrinho de Joseph Blatter.
INGRESSO VIP PARA A FINAL OFERECIDO POR R$ 35 MIL
Raymond Whelan, agora preso no Rio de Janeiro, é o CEO do grupo Match. Tem poder absoluto e a caneta na mão. A investigação da Polícia Civil ainda está em andamento, mas fontes deixam claro que o esquema funcionava da seguinte maneira: os bilhetes vips, de camarotes e de categoria 1 eram vendidos, por ordem de Whelan, de maneira direcionada para o grupo de Fofana. Assim, a quadrilha de cambistas fazia a revenda por valores exorbitantes (o bilhete vip para a final estava sendo negociado por R$ 35 mil), e o lucro era dividido.
A estimativa é de que pelo menos mil tíquetes por partidas eram desviados. No caso de bilhetes de cortesia, ONGs e patrocinadores, a ação era mais fácil ainda pelo poder de influência dos envolvidos. Por enquanto, os comandantes da investigação não têm informações se Blatter e os irmãos Byrom tinham conhecimento do caso.
O mais grave é que a Match, no dia 1° de novembro de 2011, ganhou também a concessão para operar as Copas de 2018 e 2022, além das Copas das Confederações de 2017 e 2021, e os Mundiais femininos de 2019 e 2023. Agora, com o escândalo ganhando as manchetes justamente na semana da final no Maracanã, o futuro é incerto.
Até a reeleição de Joseph Blatter, dada como certa em 2015, corre risco. Uma pequena delegacia da Praça da Bandeira, no centro do Rio de Janeiro, derrubou uma organização criminosa gigante e bem articulada, e deixou um dos grandes legados desta Copa.
O ESQUEMA
Como funcionava (ou funciona) a venda de ingressos para a Copa
-Ingressos recebidos da Fifa como cortesia por ONGs, federações e patrocinadores eram desviados pela quadrilha que os revendia.
-A polícia ainda investiga como esses ingressos foram parar nas mãos dos cambistas e dos chefes do esquema.
-Como os bilhetes fazem parte de uma reserva da Fifa para essas entidades, não poderiam ser negociados.
-Um dos integrantes da quadrilha preso ontem, considerado o chefe do esquema, pertencia à empresa que negociava os ingressos mais caros, para camarotes e alas vips.
-Lotes de ingressos eram vendidos por até R$ 700 mil, o que gerava uma margem de lucro de 1.000%.
-No Brasil, o faturamento em um jogo teria chegado a R$ 2 milhões.
PRISÕES
-Preso na tarde de ontem, o inglês Raymond Whelan é diretor-executivo da Match, empresa que tem contrato com a Fifa até 2023 para comercialização de ingressos em camarotes, entradas vips e de pacotes para empresas.
-Na semana passada, foi preso no Rio o argelino Mohamoud Lamine Fofana, que comandava o grupo em atuação há quatro Copas. Ele e os comparsas viajavam para as cidades-sede para vender ingressos.
-Também na semana passada, nove pessoas foram presas, suspeitas de participação no esquema.
CRIMES INVESTIGADOS
- Polícia ainda apura, além do cambismo, crimes de evasão de divisas, lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e outros.
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