EDITORIAL
É compreensível que, diante da dimensão do crime, todos se mostrem surpresos com o flagrante. Parece inconcebível que uma entidade com o poder da Fifa seja vulnerável à ação de criminosos articulados com pessoas ligadas à própria instituição. Nesse caso, é alarmante que o indivíduo apontado como chefe da quadrilha, o britânico Raymond Whelan, seja diretor da Match Enforcement, credenciada pela própria federação para negociar ingressos. O mais grave é que a empresa desfrutava do marketing da moralização como parte de um esforço da entidade para coibir negociatas com os bilhetes.
Circulando dentro da Fifa e com acesso inclusive a ingressos destinados a ONGs, federações e patrocinadores, o britânico agia havia muito tempo. Esse é o aspecto a ser ressaltado no trabalho da polícia. As autoridades brasileiras flagraram um esquema criminoso que já teria sido usado em eventos anteriores, em outros países, sem qualquer repressão. O caso deve servir de exemplo para que o Brasil execute plenamente o que está previsto no Estatuto do Torcedor, que proíbe a revenda de ingressos por preço superior ao de face.
A investigação reforça a imagem brasileira no Exterior, num contexto em tudo favorável ao país. Polícia e Ministério Público são merecedores desse reconhecimento, por oferecer também aos estrangeiros um bom exemplo de como se combate o que já se convencionou chamar de golpe padrão Fifa.
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