MINEIRATZEN
EQUIPE DE 2014 fica marcada pela maior derrota da história do Brasil, dentro de casa, e pode ter se despedido para sempre da Seleção
A queda é mais eterna do que a glória? Se as Seleções de 1950, de 1982 e a de 1990 foram tachadas de perdedoras, o que sobrará para a turma de 2014? Ao deixarem o gramado, arrasados por um inacreditável 7 a 1, muitos jogadores vestiram pela última vez a camisa amarela no Mineiratzen a versão mineira e alemã para o Maracanazo.
Mesmo alguns daqueles que ainda têm idade para jogar a Copa do Mundo de 2018 possivelmente não voltem a ser convocados. Uma geração marcada a ferro como dona do pior vexame da história do futebol brasileiro. Algo tão marcante que o placar parece aqueles de primeira fase de Copa do Brasil.
Ainda em campo e atônito, o goleiro Julio César, 34 anos, reserva no Mundial de 2006, titular na África do Sul e no Brasil, bem que tentou justificar a goleada. O único argumento que encontrou foi o melhor conjunto germânico. E pediu desculpas.
– Explicar o inexplicável é muito complicado. Temos que reconhecer que eles vêm jogando juntos há seis anos. Depois do primeiro gol, deu um apagão. Ninguém esperava. Particularmente, já passei por um momento complicado como este, sei como é – disse o camisa 12.
Um dos símbolos da Seleção, o cabeludo zagueiro David Luiz vinha sendo um dos destaques da Copa. Até encontrar a Alemanha pela frente. Como toda a equipe, o capitão de ontem naufragou. Chorou ao deixar o campo. Logo ele, que havia consolado o colombiano James Rodríguez, ficou sem um ombro solidário.
– Só queria ver meu povo sorrir, o Brasil inteiro feliz por causa do futebol. No jogo, eles foram muito melhores. Tomamos quatro gols em seis minutos. É um dia de tristeza e aprendizado também.
Levou mais de uma hora para que os envergonhados jogadores da Seleção surgissem na zona mista. Estavam todos trancados no vestiário. Chegaram a jantar lá dentro. Comeram massa, para recuperar os sete gols e o desgaste da partida.
– Foi a pior derrota da nossa vida. Estou mais chateado é com a forma que ela aconteceu – comentou Fred, uma das grandes decepções do time, e o único titular a atuar no Brasileirão.
O zagueiro Dante, que substituiu Thiago Silva, jogador do Bayern de Munique, logo, colega de metade da seleção alemã, contestou uma possível reforma da Seleção:
– Tem que repensar é nada. Se os alemães levassem sete, eles repensariam o futebol deles? Não. Não repensariam. Depois do primeiro gol, perdemos a serenidade, nos desorganizamos.
O volante Paulinho resumiu o sentimento do grupo:
– Vamos assumir a responsabilidade, por nós e pelos brasileiros. Nossa geração vai ficar marcada.
O 8 de julho de 2014 jamais será esquecido. Ficará marcado como o dia da geração dos 7 a 1. De uma forma torta, Barbosa – o goleiro negro do Brasil injustamente acusado pelo Maracanazo de 1950 – agora poderá descansar em paz.
LEANDRO BEHS
Nenhum comentário:
Postar um comentário