DÉBORA ELY
TREINO PARA VALER. Capital contra o terror
MAIS DE 200 pessoas, de 14 órgãos, entre militares, policiais, bombeiros, médicos e agentes da Defesa Civil agiram em simulação de ataque que liberou poluentes radioativos e químicos
Durante meia hora na tarde de ontem, a Capital vivenciou um ataque terrorista que, mesmo com cenário beirando a realidade, não passou de uma simulação.
Organizado pelo Exército, por meio do Centro de Coordenação de Defesa de Área Porto Alegre, o treinamento para a Copa do Mundo mobilizou um contingente superior a 200 homens de mais de 14 órgãos – entre militares, policiais, bombeiros, médicos, enfermeiros e agentes da Defesa Civil.
O cenário armado simulou a localização de uma mochila ao lado do Ginásio do Gigantinho duas horas antes do início de uma partida do Mundial. De dentro do objeto, um dispositivo liberou agentes radioativos e químicos: cloreto de césio e dimetilamina. Trinta figurantes que se passaram por torcedores acabaram contaminados – sendo que três, com gravidade.
– O paciente atendido nas tendas é completamente jateado com produtos químicos que servem como antídoto e sai descontaminado do local – explica o coordenador da Câmara Temática da Saúde do Comitê Gestor da Copa, Eduardo Elsade.
A partir da identificação do componente exalado, a operação começou a ser armada como se fosse real. Somente em Porto Alegre, 200 homens do Exército estarão de prontidão para atuar em casos de possíveis ataques terroristas. Apesar de admitir que a possibilidade é pequena, o coordenador de Defesa Química, Biológica, Radiológica e Nuclear, coronel Miguel Ângelo Dziechciarz, diz que, caso ocorram ataques, a Capital estará pronta:
– Durante toda a nossa preparação, consideramos a utilização de algum agente químico, radioativo ou nuclear durante a Copa, mas julgo que a possibilidade é remota. Mostramos a parte reativa do evento, ou seja, depois que acontece o problema, mas existe uma sinergia de esforços muito grande antes de acontecer esse acidente, que é o pior cenário.
Cada cidade-sede do Mundial terá um grupo específico de Defesa Química, Biológica, Radiológica e Nuclear que atuará na vistoria e varredura de todos os locais diretamente envolvidos na realização do torneio.
A equipe integra uma das 10 diretrizes das Forças Armadas para o Mundial, com base na preparação vivenciada durante outros grandes eventos.
Ao final da simulação, o coronel Dziechciarz avaliou o treino:
– Nota 9,5. Foi muito bom, mas, lógico, precisamos de alguns ajustes que serão feitos nesta semana. Se Porto Alegre não for a melhor cidade preparada para isso, não será a terceira. Será a segunda, com toda a certeza.
COMO É A OPERAÇÃO
-Menos de três minutos após a verificação da mochila, a área é isolada. O raio de contenção depende de uma série de fatores, como a substância utilizada no atentado e até mesmo a direção do vento – que pode obrigar a evacuação do Morro Santa Tereza, por exemplo.
-Na sequência, todos os órgãos envolvidos no resgate das vítimas são acionados. Profissionais que entrarem em contato com os pacientes precisam utilizar roupas especiais que evitam contaminação e máscaras de gás.
-Para a limpeza dos feridos, duas tendas infláveis de descontaminação foram adquiridas para a Copa: uma pelo Exército e outra pela Secretaria Estadual da Saúde.
-A segunda etapa do atendimento consiste no encaminhamento dos pacientes para a triagem. Quem passa bem é atendido pela Defesa Civil. Os mais graves são entubados e levados – por ambulâncias ou helicópteros – para um dos três hospitais de referência da Capital: Pronto Socorro, Cristo Redentor e Mãe de Deus.
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