PEDRO MOREIRA
ELES VIRÃO. O fator barrabrava
CONHECIDOS POR ATOS violentos, torcedores argentinos são monitorados por autoridades de segurança do Estado e por integrantes da Interpol
Autoridades brasileiras responsáveis pela segurança da Copa do Mundo elencam possíveis ações de barrabravas argentinos em meio a manifestações contra o Mundial como uma das principais preocupações em Porto Alegre. Conhecidos por atos violentos e pelas relações promíscuas com governos e políticos, torcedores ligados à Hinchadas Unidas Argentinas (HUA), uma associação de organizadas do país vizinho, devem vir ao Estado para acompanhar o confronto entre Nigéria e Argentina.
– No meio de uma manifestação, eles podem praticar algum tipo de violência e aproveitar para se infiltrar. Estar ali, naquele momento, praticando aquele tipo de conduta, é um problema. As forças de seguranças se dividem em muitas frentes nesse tipo de ocorrência, o que dificulta – explica o representante da Interpol no Estado, delegado da Polícia Federal Farnei Franco Siqueira.
À frente da hospedagem a um grupo que pode ter entre 300 e 500 hinchas da HUA – entre os quais não estão apoiadores de Boca Juniors e River Plate – em um ginásio e casas de Sapucaia do Sul, na Região Metropolitana, estaria o líder da organizada do Inter, Gilberto Bittencourt Viégas, 28 anos. Conhecido como Giba do Trem, ele afirma ter tomado assumido a negociação para trazer os hermanos, tocada até o início do ano pelo ex-comandante da torcida, Hierro Martins. Apesar de adotar um discurso contra a violência, Viégas é conhecido da Justiça gaúcha: foi impedido de entrar em estádios após agredir um guarda municipal em Novo Hamburgo, em setembro de 2013.
Comandante de Policiamento da Capital (CPC) e do Batalhão Copa, o coronel João Diniz Prates Godói relativiza a estadia de argentinos em domínios de Giba:
– Não procuramos ele porque não o temos como liderança constituída para fazer esse tipo de interlocução. Temos consulado, embaixada e estrutura de segurança para dar o melhor atendimento aos turistas, inclusive os que se dizem barrabravas.
Uma dor de cabeça para as autoridades são torcedores violentos sem ingresso para a partida em 25 de junho, que ficariam do lado de fora do Beira-Rio. De acordo com reportagem publicada no jornal argentino Clarín, o delegado Andrei Rodrigues, secretário Extraordinário de Segurança para Grandes Eventos do governo federal, questionou o Ministério da Segurança local sobre a possibilidade de barra bravas se juntarem aos protestos.
– Não acreditamos que vão participar desses acontecimentos. Estamos conscientizando os argentinos que têm de ir ao Brasil para participar de um espetáculo único. Trabalhamos para que as pessoas se comportem adequadamente no território brasileiro – afirmou, em entrevista a ZH, Darío Ruiz, secretário de Cooperação com os Poderes Judiciais, Ministérios Públicos e Legislaturas, que prevê uma invasão de até 80 mil hermanos no Rio Grande do Sul.
LISTA DE TORCEDORES VIOLENTOS FOI ENTREGUE
Na semana passada, o governo argentino repassou às autoridades brasileiras uma lista com nomes de torcedores que já se envolveram em confusões. Com isso, as polícias poderão agir na Fronteira para evitar o acesso desses hinchas ao país. O secretário Ruíz diz não poder revelar quantos nomes há na lista:
– É para evitar qualquer tipo de representação judicial. Enviamos informações sobre os pontos indicados pelas autoridades, sobre quem tem antecedentes em ações violentas envolvendo o futebol.
A reportagem tentou contato com Andrei Rodrigues durante uma semana, mas não conseguiu falar com o secretário. Até o fechamento desta edição, a assessoria da secretaria não havia respondido os questionamentos encaminhados.
ENTREVISTA
“Nenhum órgão de segurança me procurou”
GILBERTO BITTENCOURT VIÉGAS, líder da Guarda Popular
Alegando ser responsável pela hospedagem de torcedores ligados à Hinchadas Unidas Argentinas (HUA) durante a Copa, Giba do Trem diz já haver cerca de 15 hermanos na Região Metropolitana à espera do Mundial.
De onde vem o dinheiro para hospedar os argentinos?
Mobilização da torcida, com venda de materiais, viagens.
Você falou ao jornal argentino Olé que tem envolvimento com políticos locais.
Não falei em nenhum momento que tinha envolvimento político, foi um equívoco da parte deles. Fui aos políticos de Sapucaia para tratar da locação de alguns lugares, para ter mais opções.
Você tem ingressos para a Copa?
Nada.
Eles vêm com ingresso?
Vêm.
Como eles vão pagar a estadia?
Não vai ter nada de gasto da parte deles.
Você não tem receio de episódios de violência?
Não está longe de acontecer, mas eles estão conscientes de está todo mundo em cima. Eles vêm passar uma boa imagem.
Algum órgão de segurança procurou você?
Nenhum órgão de segurança me procurou.
O deslocamento deles para os jogos vai ser pelo trensurb?
De metrô, serão orientados. De ônibus, vão estar orientados.
Se a polícia pedir uma lista desses torcedores, você tem?
Não tenho, é incerta a quantidade de pessoas que vão vir.
ELES VIRÃO. O fator barrabrava
CONHECIDOS POR ATOS violentos, torcedores argentinos são monitorados por autoridades de segurança do Estado e por integrantes da Interpol
Autoridades brasileiras responsáveis pela segurança da Copa do Mundo elencam possíveis ações de barrabravas argentinos em meio a manifestações contra o Mundial como uma das principais preocupações em Porto Alegre. Conhecidos por atos violentos e pelas relações promíscuas com governos e políticos, torcedores ligados à Hinchadas Unidas Argentinas (HUA), uma associação de organizadas do país vizinho, devem vir ao Estado para acompanhar o confronto entre Nigéria e Argentina.
– No meio de uma manifestação, eles podem praticar algum tipo de violência e aproveitar para se infiltrar. Estar ali, naquele momento, praticando aquele tipo de conduta, é um problema. As forças de seguranças se dividem em muitas frentes nesse tipo de ocorrência, o que dificulta – explica o representante da Interpol no Estado, delegado da Polícia Federal Farnei Franco Siqueira.
À frente da hospedagem a um grupo que pode ter entre 300 e 500 hinchas da HUA – entre os quais não estão apoiadores de Boca Juniors e River Plate – em um ginásio e casas de Sapucaia do Sul, na Região Metropolitana, estaria o líder da organizada do Inter, Gilberto Bittencourt Viégas, 28 anos. Conhecido como Giba do Trem, ele afirma ter tomado assumido a negociação para trazer os hermanos, tocada até o início do ano pelo ex-comandante da torcida, Hierro Martins. Apesar de adotar um discurso contra a violência, Viégas é conhecido da Justiça gaúcha: foi impedido de entrar em estádios após agredir um guarda municipal em Novo Hamburgo, em setembro de 2013.
Comandante de Policiamento da Capital (CPC) e do Batalhão Copa, o coronel João Diniz Prates Godói relativiza a estadia de argentinos em domínios de Giba:
– Não procuramos ele porque não o temos como liderança constituída para fazer esse tipo de interlocução. Temos consulado, embaixada e estrutura de segurança para dar o melhor atendimento aos turistas, inclusive os que se dizem barrabravas.
Uma dor de cabeça para as autoridades são torcedores violentos sem ingresso para a partida em 25 de junho, que ficariam do lado de fora do Beira-Rio. De acordo com reportagem publicada no jornal argentino Clarín, o delegado Andrei Rodrigues, secretário Extraordinário de Segurança para Grandes Eventos do governo federal, questionou o Ministério da Segurança local sobre a possibilidade de barra bravas se juntarem aos protestos.
– Não acreditamos que vão participar desses acontecimentos. Estamos conscientizando os argentinos que têm de ir ao Brasil para participar de um espetáculo único. Trabalhamos para que as pessoas se comportem adequadamente no território brasileiro – afirmou, em entrevista a ZH, Darío Ruiz, secretário de Cooperação com os Poderes Judiciais, Ministérios Públicos e Legislaturas, que prevê uma invasão de até 80 mil hermanos no Rio Grande do Sul.
LISTA DE TORCEDORES VIOLENTOS FOI ENTREGUE
Na semana passada, o governo argentino repassou às autoridades brasileiras uma lista com nomes de torcedores que já se envolveram em confusões. Com isso, as polícias poderão agir na Fronteira para evitar o acesso desses hinchas ao país. O secretário Ruíz diz não poder revelar quantos nomes há na lista:
– É para evitar qualquer tipo de representação judicial. Enviamos informações sobre os pontos indicados pelas autoridades, sobre quem tem antecedentes em ações violentas envolvendo o futebol.
A reportagem tentou contato com Andrei Rodrigues durante uma semana, mas não conseguiu falar com o secretário. Até o fechamento desta edição, a assessoria da secretaria não havia respondido os questionamentos encaminhados.
ENTREVISTA
“Nenhum órgão de segurança me procurou”
GILBERTO BITTENCOURT VIÉGAS, líder da Guarda Popular
Alegando ser responsável pela hospedagem de torcedores ligados à Hinchadas Unidas Argentinas (HUA) durante a Copa, Giba do Trem diz já haver cerca de 15 hermanos na Região Metropolitana à espera do Mundial.
De onde vem o dinheiro para hospedar os argentinos?
Mobilização da torcida, com venda de materiais, viagens.
Você falou ao jornal argentino Olé que tem envolvimento com políticos locais.
Não falei em nenhum momento que tinha envolvimento político, foi um equívoco da parte deles. Fui aos políticos de Sapucaia para tratar da locação de alguns lugares, para ter mais opções.
Você tem ingressos para a Copa?
Nada.
Eles vêm com ingresso?
Vêm.
Como eles vão pagar a estadia?
Não vai ter nada de gasto da parte deles.
Você não tem receio de episódios de violência?
Não está longe de acontecer, mas eles estão conscientes de está todo mundo em cima. Eles vêm passar uma boa imagem.
Algum órgão de segurança procurou você?
Nenhum órgão de segurança me procurou.
O deslocamento deles para os jogos vai ser pelo trensurb?
De metrô, serão orientados. De ônibus, vão estar orientados.
Se a polícia pedir uma lista desses torcedores, você tem?
Não tenho, é incerta a quantidade de pessoas que vão vir.
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