segunda-feira, 14 de julho de 2014

UM GOSTO AGRIDOCE DEPOIS DA COPA

EL CLARIN, Fortaleza 14 JUL 2014 - 13:08 BRT

Depois de ficar ‘nu’ diante do mundo, o Brasil faz o balanço do Mundial em casa: foi bem onde se esperava que fosse mal, e foi mal onde se esperava que fosse bem

CARLA JIMÉNEZ 



Um menino equilibra a bola na cabeça, ontem em Brasília. / FERNANDO BIZERRA (EFE)




Melhor tomar de 7x1 da Alemanha do que ver a Argentina campeã em casa, exagerava um internauta brasileiro nas redes sociais. Como ele, milhões de brasileiros festejaram a vitória alemã na final da Copa, e se refestelavam com uma doce vingança contra os argentinos, cantando uma versão nacional da irritante musiquinha que a torcida celeste usou para provocar o Brasil: "Argentina, me diga como se sente, perdendo na casa do seu pai". Foi o último suspiro de alegria do Mundial, que começou no dia 12 de junho, com todas as desconfianças do planeta.

O evento bem organizado, que recebeu elogios da mesma mídia internacional que criticava o país até a véspera do dia 12, deixou o país mais feliz. Mas, a fragorosa derrota para a hoje tetracampeã do mundo no futebol acabou num saldo agridoce. O país está feliz porque organizou bem a festa, e se sente traída por uma seleção fraca, que tinha 100% de dependência em um talento individual – Neymar – sem percepção de conjunto. Fomos bem onde se esperava que iríamos mal e fomos mal onde se esperava que nos sairíamos bem, concluíram vários observadores.


É verdade que nem tudo foi perfeito e houve excessos, como o quebra-quebra nos ônibus, e cenas de vandalismo no final do dia da vergonhosa partida do 7x1. Foram registrados dois acidentes horríveis que mataram dois jornalistas argentinos que cobriam sua seleção, eum viaduto que desabou em Belo Horizonte, na véspera da semifinal, matando outras duas pessoas.

Apesar de tudo, os brasileiros se mostram felizes por terem vivido um período de festa continuada, ao sediar a Copa. "Foi muito bom pra gente, tivemos mais turistas do que nunca", diz o garçom Francisco, de Fortaleza. "Só a seleção brasileira que era muito ruim", afirma. O mineiro Rafael Eiras foi a oito jogos e viajou o país todo. Elogiou a organização, mas reclamou do preço. "Ingressos e viagens aéreas muito caras", reclamou.

Isso limitou o acesso de muitos brasileiros aos estádios, mas quem não pôde ir pessoalmente conseguiu ver jogos fabulosos na televisão nesta edição do Mundial. Seleções guerreiras, como a Holanda, Costa Rica e, claro, a Argentina, que mostraram sede de bola, e tomaram poucos gols, ao contrário do Brasil, que tomou dez gols nas duas últimas partidas. O alento futebolístico veio compensar o ranço que perdurou entre junho de 2013, com as manifestações, e o início da Copa, quando perdurou o movimento "Não vai ter Copa".

O que ficará depois dessa experiência, já começou a ser debatido no dia seguinte à derrota para a seleção alemã. Um menino na arquibancada que chorava desoladamente, enquanto o Brasil era goleado, personificou a dor daquele instante. A Rede Globo foi até a casa dele no dia seguinte, e o pequeno, que se chama Tomás, e tem 9 anos, explicou porque explodiu um lágrimas no estádio, diante da derrota horripilante. "Quando a gente é apaixonado por futebol, qualquer coisa pode desequilibrar a emoção", tentava teorizar o torcedor mirim. No mesmo dia, em um programa feminino, quatro apresentadoras analisam a fragorosa derrota. "É um tragédia, mas também não é um Bateau Mouche", em alusão ao barco que afundou na virada de 1988, e que matou 55 pessoas, entre elas a atriz Yara Amaral, da rede Globo.

O 7x1, e o desempenho da seleção brasileira na Copa de 2014 – que incluiu a derrota para a Holanda por três a zero no último sábado – é, certamente, daquelas vergonhas que serão escondidas embaixo do tapete, como tantas que cada país procura omitir, pelo menos para o resto do mundo. Mas tudo ainda é recente, e a dor brasileira foi vista mundialmente. O Brasil ficou nu, com sua luz e sua sombra. Mostrou hospitalidade e foi elogiado por turistas que visitaram o país durante a Copa. Mas também exibiu seu próprio racismo, contra Zuñiga, por exemplo, nas redes sociais, quando ele atingiu Neymar e o deixou fora do jogo. O jogador colombiano foi chamado de macaco, e ofensas grosseiras chegaram a sua filha e a sua mãe, quando ele exibiu fotos delas em sua conta no Twitter.

Houve, ainda, excessos da polícia, como no episódio de expulsão de turistas com bombas de gás, no bairro da Vila Madalena, em São Paulo, no último dia 2, ou ainda, com o emprego de força contra os manifestantes na final da Copa, no Rio de Janeiro, que chegou a atingir jornalistas estrangeiros. Problemas domésticos que continuarão sendo debatidos quando os turistas forem embora.

A MÁFIA DOS INGRESSOS

TV GLOBO, FANTÁSTICO 13/07/2014 22h25

Novas escutas revelam atuação de quadrilha de cambistas e executivo. Gravações mostram como Raymond Whelan, que está foragido, tinha conhecimento das atividades de cambista do argelino Lamine Fofana, que continua preso. Um dos integrantes da quadrilha fala pela primeira vez.




O Fantástico denunciou, domingo (6), um esquema milionário de venda ilegal de ingressos da Copa do Mundo. Novas escutas autorizadas pela Justiça mostram como o inglês Raymond Whelan, que está foragido, tinha conhecimento das atividades de cambista do argelino Mohamed Lamine Fofana, que continua preso. Um dos integrantes da quadrilha fala pela primeira vez sobre o caso na reportagem de Bette Lucchese, Tyndaro Menezes e Arthur Guimarães.

Veja abaixo como os dois velhos parceiros se tratam ao telefone.

Lamine: Alô?
José: Oi, picareta!
Lamine: Fala.

Esse é um dos telefonemas gravados com autorização da Justiça na Operação Jules Rimet, que desarticulou a quadrilha internacional de cambistas que agiu durante a Copa do Mundo.

De um lado da linha, está o argelino Mohamed Lamine Fofana, apontado nas investigações como o chefe do bando. Do outro, um advogado brasileiro que se diz inocente.

Fantástico: O senhor participava de algum esquema de venda de ingressos para Copa?
José Massih (advogado): Não, não. Isso não.

O advogado José Massih ficou dez dias na cadeia. Como colaborou com as investigações policiais, responde ao processo em liberdade. Na última sexta-feira (11), ele voltou para casa, em São Bernardo do Campo, em São Paulo.

No site da empresa de Lamine Fofana, José era apresentado como um dos executivos da empresa, exercendo a função de advogado.

José Massih: Fiquei sabendo dessa foto exatamente quando estava detido.
Fantástico: O senhor chegou ser, em algum momento, empregado do Lamine Fofana?
José Massih: Nunca. De maneira nenhuma.

José Massih afirma que nunca viu Fofana negociar ingressos. Mas, para a polícia e o Ministério Público, o advogado era parte ativa de todo o esquema.

“José Massih funcionava como advogado do Fofana e ele foi flagrado vendendo ingressos adquiridos, cedidos pelo Fofana”, afirma o delegado Fábio Barucke, da Polícia Civil do Rio de Janeiro.

Na conversa abaixo, o advogado e Lamine Fofana discutem o preço mínimo de um ingresso para um cliente.

José: Qual é o mínimo que a gente faz pro Walter?
Lamine: Não entendi.
José: Qual é o valor mínimo que você faz pro Walter?
Lamine: Zé, eu pedi 1.5, ok? Se ele vem para 1.2, 1.3, fecha, entendeu?

“Tentei ajudar dois ou três, meia dúzia de amigos, então pode ser que foi nesses diálogos que o meu telefone estava grampeado, que pode ter sido isso”, se defende José Massih.

Em depoimento à polícia, o advogado ajudou a identificar Raymond Whelan. Ele conta que viu o inglês conversando com Lamine Fofana em uma festa no Rio. Raymond Whelan é executivo de uma das empresas escolhidas pela Fifa para vender ingressos para o Mundial, a Match Services.

Segundo as investigações, foi Whelan quem abasteceu o esquema chefiado por Lamine Fofana.

“O Raymond agia como facilitador para essa organização criminosa, distribuindo ingressos para que chegasse na mão com maior facilidade para o Fofana, e o Fofana negociava esses ingressos para terceiros com a ciência do Raymond”, afirma o delegado Fábio Barucke.

Na conversa com Raymond Whelan, fica claro que o inglês sabe que Fofana está revendendo ingressos.

Fofana: Deixa eu te ligar de volta. Vou perguntar ao meu cliente se ele precisar de ingressos Business. Te ligo de volta.
Raymond: Ok.

Em outra ligação, feita no dia 17 de junho, Whelan oferece a Lamine Fofana ingressos VIP.

Raymond: Você precisa de algum Hospitality para amanhã, para Espanha e Chile?
Fofana: Sim, talvez. Mas tenho que te retornar às 5 horas.
Raymond: Ok. Tenho 10 assentos business.

Lamine Fofana e outras nove pessoas continuam na cadeia. Raymond Whelan foi preso na segunda-feira passada (7) e acabou solto menos de 12 horas depois, graças a um habeas corpus. Ele é acusado, entre outros crimes, de cambismo, por facilitar a distribuição de ingressos, e organização criminosa.

“Esses valores que foram recebidos dos ingressos que foram vendidos no mercado negro não entraram legalmente na empresa”, afirma o promotor Marcos Kac

Na quinta-feira (10), a Justiça expediu mandado de prisão preventiva contra Raymond Whelan. Segundo a polícia, o inglês fugiu com a ajuda do advogado.

Imagens mostram o momento em que os dois deixam o luxuoso hotel em que Whelan estava hospedado, o mesmo usado pela delegação da Fifa.

“Já tem alerta vermelho na Interpol, já tem alerta na Polícia Federal. Ele é foragido da Justiça. Então não tem outra alternativa para ele, senão ele se entregar”, diz o promotor Marcos Kac.

Um dos donos da Match Services afirma em nota que "as ações contra Whelan não têm base e foram ilegais", mas diz que a Match está colaborando com a polícia na luta da Fifa contra a venda ilegal de ingressos.

Enquanto buscam o inglês, os investigadores iniciam uma nova etapa na Operação Jules Rimet.

“Vamos instaurar agora um novo inquérito, de crime de lavagem de dinheiro, para identificar o destino desse dinheiro obtido de forma ilícita pela quadrilha”, afirma o delegado Fábio Barucke.

BUENOS AIRES REGISTRA ATOS DE VANDALISMO

ZERO HORA 13/07/2014 | 23h40

Após Argentina perder a final da Copa do Mundo, Buenos Aires registra atos de vandalismo
Paradas de ônibus foram depredadas, lojas sofreram tentativas de saque, paus, pedras e garrafas foram arremessados na direção da polícia

por Filipe Gamba e Emerson Souza, enviados especiais a Buenos Aires, Argentina



Batalha campal envolveu torcedores e policiaisFoto: Emerson Souza / Agência RBS


Por volta das 22h a Avenida 9 de Julho, no Obelisco, em Buenos Aires, Argentina, se transformou em uma Praça de Guerra, após o jogo da final da Copa do Mundo na qual os Hermanos perderam para a Alemanha por 1 x 0 neste domingo. Uma batalha campal envolvendo torcedores e policiais.


Paradas de ônibus foram depredadas, lojas sofreram tentativas de saque, paus, pedras e garrafas foram arremessados na direção da polícia. Lixeiras foram queimadas e serviram de barricadas para os vândalos. Jornalistas tiveram seus veículos de transmissão depredados, jornalistas foram agredidos e um fotógrafo foi espancado e teve sua câmera roubada.

Um grupo de 70 pessoas investia contra os policiais com os rostos encobertos. Foi necessária a utilização de um caminhão hidrante da polícia, além de gases lacrimogêneos para dispersar as pessoas. Em meio a isso, famílias inteiras, com crianças, tiveram que fugir do local onde ocorria o confronto.


Caminhão hidrante da polícia e gases lacrimogêneos foram usados para dispersar a confusão
Foto: Emerson Souza / Agência RBS


Foto: Daniel Garcia / AFP

LA VIOLENCIA GANÓ LA NOCHE. 50 DETENIDOS E 15 POLICIAIS HERIDOS


CLARIN 14/07/14

La violencia ganó la noche tras el apoyo de la gente al equipo

Las dos caras de Argentina subcampeónLuego del partido de ayer, miles de hinchas salieron a bancar a la Selección. Pero los disturbios en el Obelisco opacaron la fiesta. Hubo destrozos y saqueos. El saldo: 50 detenidos y 15 policías heridos.



El peor final. La Policía Federal intervino tarde en los incidentes, cuando la situación ya se había desbordado. Entonces reprimieron con balas de goma y gases lacrimógenos./JORGE SANCHEZ


Ezequiel Viéitez


Aunque la ilusión de ganar el Mundial en Brasil se había roto, los argentinos daban una muestra de orgullo. Desde antes de las siete de la tarde, la zona del Obelisco se había colmado de familias que querían festejar el subcampeonato y mostrar su gratitud por una Selección que se ganó respeto. Pero la fiesta terminó mal. Dos horas después, ante la pasividad policial y cuando ya se había consumido mucho alcohol, un grupo de 15 revoltosos empezó a atacar el móvil de un canal de televisión. Otros se subieron a los semáforos. En un principio, las fuerzas policiales no actuaron. Pero lejos de desactivarse, la situación empeoró.

Para las 21.40 ya se vivía una batalla generalizada frente al Obelisco. La Guardia de Infantería de la Federal intentaba avanzar desde Corrientes cruzando Carlos Pellegrini, pero recibía una lluvia de piedras. Los atacantes, que ya eran varias decenas, destruían paradas del Metrobús, tachos de basura y veredas para tener proyectiles. También rompían carteles de tránsito y vidrieras de negocios, mientras las familias –en los festejos originales hubo más de 50 mil personas– intentaban huir a pie.

En medio del caos, policías en moto salieron a dispersar a los violentos y se escucharon muchos disparos de balas de goma. La Infantería arrojó gases lacrimógenos, que se dispersaron por varias cuadras. Pero los violentos buscaban lugares para reagruparse y volver a atacar. La batalla duró por lo menos tres horas y seguía al cierre de esta edición. En ese tren, también hubo ataques a palieres de edificios y autos estacionados. Le robaron a hinchas comunes y molieron a golpes a trabajadores de prensa. En Cerrito, entre Tucumán y Lavalle, entraron a saquear un restorán. Se llevaron botellas con alcohol y hasta una sombrilla. También robaron en el teatro Broadway.

En una batalla televisada en la que nadie lograba imponerse, de a ratos avanzaba la Infantería, de a ratos retrocedía empujada por los marginales. Cuando hubo algo de paz, un primer informe policial señaló al menos 15 policías heridos, más de 50 detenidos y agresores heridos por balas de goma. Desde el SAME decían haber atendido a siete heridos, algunos con cortes punzantes. También sufrieron daños las ambulancias. A última hora, la Plaza de la República estaba desierta y destrozada. Como en una guerra, con vidrios, cascotes y carteles arrancados.

Fue el final trágico que sepultó los festejos genuinos. Antes, los hinchas habían demostrado que también hay honor en un segundo puesto. El Obelisco se había colmado. Algo parecido se había visto en esquinas de algunos barrios y en las capitales de provincia. Aunque el entusiasmo era menor que el 9 de Julio pasado, cuando Argentina eliminó a Holanda, no había reproches. Sí, reconocimiento para un equipo que, sobre la marcha, encontró su identidad en el sacrificio y se ganó el cariño.

Mientras duró la paz, entre la muchedumbre se recortaban dos postales bien diferentes. De a ratos, cabezas bajas, caras tristes y grupitos de amigos vestidos de Argentina que discutían en cualquier esquina sobre “qué nos faltó”. Al mismo tiempo, en el hormiguero que fue hasta los disturbios la Plaza de la República, crecía una rara euforia, con saltos, gritos y cantitos de ¡Argentina! ¡Argentina! ¡Argentina!. “Sentimos orgullo por jugadores que dejaron todo y nos pusieron en una final después de 24 años”, resumía ese jolgorio Alberto, un hincha de 47 años que estaba con sus nenes.

Aunque el sueño de conquistar el planeta desde Brasil se había estrellado con la potencia alemana, ayer los hinchas preferían resaltar que Argentina estuvo cerca de derrotar a ese monstruo que aplastó con siete goles al dueño de casa.

El festejo loco parecía una necesidad. Los vecinos habían encontrado un argumento para reencontrarse, después de todo. Nadie quería bajarse de una fiesta tan esperada. Fue así que cuando se fueron los primeros minutos de desilusión, tras el pitazo final del árbitro italiano Nicola Rizzoli, en la Ciudad empezaron a escucharse fuegos artificiales. Hubo aplausos en las pantallas gigantes de Plaza San Martín y Parque Centenario. Creció el ruido de las bocinas de los autos en los barrios, tanto como el de las cornetas. La gente que lo había visto en casa, salió a la calle. Y de a poco, el Obelisco se fue completando. Las familias avanzaban a pie. Los grupos de amigos llegaban colgados de camionetas, en motos o como podían. Había muchos jóvenes. El Metrobús dejó de circular y empezaba una fiesta popular similar a la del 9 de Julio.

“Vinimos de Liniers hasta el Obelisco con mi familia porque me pareció la mejor manera de homenajear a Sabella. Cuando empezó el Mundial lo criticaba y con el correr de los partidos me demostró que sabe mucho de táctica”, dijo con tono agridulce Sergio Bando. Dos chicas cool de Palermo, poco acostumbradas a la épica futbolera, se sumaron. “La verdad, nos enganchamos recién en octavos de final, pero nos emocionó la entrega y lo que estos tipos generaron en la gente”, explicaron entre gritos Lucila y Florencia Amos, hermanas de menos de 30.

De a ratos la alegría trastabillaba con los ojos húmedos de tristeza o los vendedores sin ánimo que remataban todo. Todo eso, claro, cuando nada hacía presagiar que la noche iba a terminar con una orgía de saqueos, heridos y violencia.

Colaboraron Victoria De Masi y Marcelo Bellucci

VIOLENTOS INCIDENTES EN EL OBELISCO

CLARIN 13/07/14 - 15:50

Violentos incidentes durante los festejos en el Obelisco






Una serie de incidentes modificaron el clima de festejo que se vivía esta noche en los alrededores del Obelisco, donde miles de personas fueron a festejar el subcampeonato mundial de la Selección Argentina.

Un grupo de personas generó destrozos en al menos dos móviles de televisión. Unos 15 hinchas se subieron a un vehículo del canal de noticias TN y arrancaron una de las antenas, mientras los trabajadadores abandonaban la unidad. También, algunos hinchas, en aparente estado de ebriedad, se colgaron de los semáforos poniendo en riesgo su propia vida.

La Policía reaccionó tarde y cuando la Guardia de Infantería llegó al lugar hubo algunos piedrazos. Los efectivos policiales se retiraron del lugar sin detener a nadie y todavía persiste el clima de tensión en el sector de los disturbios.

A pesar de la derrota agónica contra Alemania, miles de argentinos salieron a las calles para festejar y darle su respaldo al equipo, que llegó a la final de la Copa del Mundo luego de 24 años.

En Parque Centenario y Plaza San Martín, donde miles de porteños siguieron el partido en pantallas gigantes, el gol de Götze dejó a todos mudos. Pero duró sólo unos segundos. La gente alentó hasta el último minuto. Con la suerte echada, el clima pasó de la lógica desazón a una tenue alegría. Y hasta hubo fuegos artificiales por el subcampeonato.

Es que la mayoría de las expresiones de los hinchas fue de respaldo. "Nos faltó suerte, pero dejaron todo y ahora somos subcampeones", dijo la arquitecta Analía Cigliuti, de 31 años. La bronca fue contra el árbitro italiano Nicola Rizzoli, al que muchos les reclamaron por un supuesto penal no cobrado a Higuaín.

En caravana y cantando el ya clásico "Brasil, decime qué se siente...", los hinchas se movilizaron al Obelisco que se vistió de celeste y blanco con miles de banderas y camisetas.

El festejo en Mendoza

"No pudo ser, pero hay que reconocer el esfuerzo de los jugadores", dijo Carlos Molina, un hombre de 39 años que intentaba convencer a su hijo Agustín, de 7, que había algo para festejar, pese a la derrota ante Alemania. El niño lo miraba con lágrimas en sus ojos, sin poder creer que su ilusión la había cortado un tal Gotze a miles de kilómetros de distancia.

Esas sensaciones se mezclaron entre los 5.000 mendocinos que se concentraron en la esquina de San Martín y Garibaldi, en el microcentro de la capital provincial, para hacerle el aguante al equipo de Sabella y Messi, pese a la derrota.

Las caras pintadas, banderas, camisetas y hasta un ataúd de cartón pintado con los colores de Brasil aparecieron minutos después del final del encuentro en el Maracaná. Y los elogios al mendocino Enzo Pérez y los insultos al árbitro italiano se multiplicaron en una manifestación popular controlada de cerca por unos 600 efectivos de la Policía.

La gente coreó el himno nacional y el hit "Brasil decime que se siente...", entre tantas muestras de alegría como de tristeza. "Nos escapamos muchos goles y Messi no apareció", se quejaba Camila (21), una estudiante de psicología que marcó a Mascherano como su favorito. "Es el alma del equipo", agregó la joven que vivió su primera final de la Copa del Mundo con Argentina con protagonista.

domingo, 13 de julho de 2014

ATIVISTAS E ENFRENTAMENTO


Polícia dispersa manifestantes com gás lacrimogêneo perto do Maracanã. Cerca de 300 pessoas tentaram se aproximar do palco da final da Copa

ZERO HORA 13/07/2014 | 16h12



Polícia teve que agir nos arredores do MaracanãFoto: Yasuyoshi Chiba,AFP


Policiais dispersaram com gás lacrimogêneo e bombas de efeito moral um grupo de cerca de 300 manifestantes que tentava se aproximar do estádio Maracanã, antes do início da final da Copa do Mundo, entre Alemanha e Argentina, neste domingo.

Os manifestantes protestavam contra o Mundial, contra as condições precárias da saúde pública e contra a repressão policial, um dia depois da detenção de 19 ativistas acusados de vandalismo em outros protestos.


Foto: Tomaz Silva, Agência Brasil

A polícia montada foi mobilizada para enfrentar os manifestantes, cercados por centenas de soldados da PM na Praça Saens Peña, na Tijuca (zona norte do Rio), a um quilômetro do estádio.

Prevendo a manifestação no centro comercial do bairro, a Polícia Militar já havia montado um forte esquema de segurança, bloqueando os acessos de veículos à praça. Depois do início do ato, os policiais formaram uma barreira em torno dos manifestantes, chegando a usar spray de pimenta contra aqueles que tentassem romper o cordão de isolamento.


Foto: Tomaz Silva, Agência Brasil

Os manifestantes exibiam cartazes com frases como "Libertem os presos" e "Protesto não é crime", em referência aos ativistas detidos durante os protestos contra a Copa do Mundo. Outros indicavam "Fuck FIFA", ou "Chame o Neymar e cuide da minha saúde".

No total, 26 mil policiais e soldados faziam parte do esquema de segurança montado neste domingo no Rio de Janeiro, na maior mobilização das forças de segurança da história do Brasil.


Foto: Tomaz Silva, Agência Brasil

Ativistas envolvidos em outros protestos

A polícia deteve no sábado 19 ativistas, incluindo Elisa de Quadros Pinto Sanzi, conhecida como Sininho, de 28 anos. Considerada uma das líderes das manifestações, Sininho foi detida em Porto Alegre. Outros nove manifestantes ainda estão sendo procurados. Eles são considerados foragidos.

De acordo com a polícia, os manifestantes estavam organizando ações violentas para este domingo. Contra os detidos, há um mandado de prisão preventiva de cinco dias. Eles podem ser condenados a até três anos de prisão por formação de quadrilha.

*AFP

A COPA DA INTERNET

ZERO HORA 13 de julho de 2014 | N° 17858. ARTIGOS

Nelson Mattos*



Que brasileiro gosta de futebol e que o país para durante a Copa do Mundo, todo mundo sabe. Mas que brasileiro adora tecnologia e é um dos povos que mais utilizam a internet no mundo talvez não seja do conhecimento de todos. O tráfego na internet no Brasil já é o quinto maior do mundo. Somos tão viciados em internet, que 88% dos internautas brasileiros consideram a internet a mídia mais importante, superando TV, jornais e revistas. Nossa paixão é tão grande, que a péssima qualidade da internet brasileira não é empecilho a sua utilização. O Brasil tem a 87ª internet mais lenta do mundo e, dos 32 países participantes da Copa, o Brasil só é mais rápido do que Costa Rica, Irã e Argélia. Só mesmo a paixão por tecnologia pode levar os brasileiros a usar tanto uma das internets mais lentas do mundo!

Assim, não é surpresa que esta Copa tornou-se a Copa da Internet.

Brasileiros, mais do que nunca, se mantiveram conectados à internet para assistir a transmissões online, replays dos jogos, manter-se informados, dar opiniões etc. A Copa de 2014 no Brasil tornou-se o evento esportivo com maior tráfego na internet até hoje registrado, superando o tráfego de toda a Copa de 2010 já nos primeiros 10 dias. O tráfego do Mundial foi equivalente a três vezes o tráfego do Brasil a cada mês.

Uma vez que esse tráfego extra foi gerado principalmente por streamings de vídeo, estima-se que milhões de pessoas assistiram aos jogos ou destaques pela internet. Como a maior parte do acesso aconteceu durante a semana, é bem provável que tenha sido feito dos locais de trabalho, onde a internet é mais rápida, permitindo, assim, assistir aos jogos diretamente pelo computador.

Era de se esperar que aqueles que não tinham condições de ir aos estádios utilizassem a internet para se manter ligados ao que acontecia. Porém, o grande crescimento de celular como dispositivo de acesso à internet fez com que, mesmo nos estádios, os brasileiros se mantivessem conectados. De acordo com a Cisco, empresa especializada em tecnologia, o tráfego da internet gerado por 60 mil pessoas nos estádios ultrapassou o tráfego normal dos milhões de pessoas com acesso à internet no Brasil inteiro. Era muito comum ver brasileiros nos estádios com um olho no jogo e o outro nos seus celulares. Foram 7,6 milhões de conexões à internet para envio de mensagens, fotos e comentários somente nas 12 primeiras partidas.

Entre os jogos, o mesmo acontecia – os brasileiros permaneciam conectados à internet e mostravam um nível de engajamento maior do que os outros povos, pois o volume de menções sobre a Seleção Brasileira em redes sociais era muito maior do que das outras seleções. E não eram somente os homens que estavam ligados à internet para curtir a Copa: 53% dos comentários sobre a Seleção Brasileira foram feitos por mulheres.

Com os brasileiros tornando esta a Copa da Internet, Google, Facebook e Twitter tiveram muitos motivos para festejar. Foram recordes em cima de recordes! O Google recebeu mais de 2 bilhões de buscas relacionadas à Copa do Mundo. No Facebook, já na primeira fase, foram 1 bilhão de postagens, e o uso da tecnologia na segunda fase foi ainda maior. E o Twitter não ficou atrás, pois os brasileiros queriam comentar as partidas em tempo real. Durante a fase de grupos, foram enviados mais de 300 milhões de tweets. O jogo entre Brasil e Alemanha (em Belo Horizonte, onde estive/foto) tornou-se o maior evento esportivo já comentado em rede social: mais de 200 milhões de interações no Facebook, conectando 66 milhões de pessoas e 35,6 milhões de tweets. O recorde anterior com 58 milhões havia sido Brasil e Croácia. E o terceiro gol da Alemanha rendeu 580 mil tweets por minuto, batendo o recorde anterior: o erro do chileno nos pênaltis, com 389 mil.

Com tanta gente engajada, a internet tornou-se a melhor fonte para se saber sobre as opiniões e os sentimentos da população. O orgulho nacional, por exemplo, estava registrado no Google, pois no Brasil o número de pessoas que buscavam pela Bandeira Nacional, em um único dia, era tanto, que seria capaz de encher a Arena Corinthians. Felipão era muito bem-visto, pois foi o técnico mais procurado no Google. E as buscas no Google mostravam que Bernard era seis vezes mais provável de substituir Neymar depois da sua lesão do que Willian. Através da internet, sabia-se o que a população achava da escalação da Seleção Brasileira. Por exemplo, 29% dos torcedores pediam nas redes sociais para Felipão tirar o atacante Fred, alegando que ele não saía da “banheira”. E o favoritismo pelo Neymar era bem claro ao se ver que ele tinha o dobro de menções do que qualquer outro jogador da Seleção.

A internet também registrou a transformação de jogadores em verdadeiros heróis da noite para o dia. As pesquisas pelo até então desconhecido goleiro mexicano Ochoa aumentaram 46 vezes no Brasil após suas incríveis defesas no jogo entre Brasil e México, tornando-o conhecido por todos. E Julio César recebeu um aumento de 24 vezes em pesquisas em todo o mundo após defender os dois pênaltis contra o Chile.

Nós, brasileiros, não ganhamos a Copa, mas deixamos uma marca irreversível no uso da tecnologia para nos mantermos ligados ao futebol. Nossa paixão pela internet fez do Mundial o evento esportivo com maior tráfego na internet até hoje registrado. Se a Copa não ficou para o Brasil, pelo menos fizemos dela a Copa da Internet!

* Doutor em Ciências da Computação, gaúcho, residente no Silicon Valley, Califórnia

AS MÁFIAS DO FUTEBOL

ZERO HORA 13 de julho de 2014 | N° 17858. ARTIGOS



MOISÉS MENDES*




O Brasil se divertiu com uma imagem que a TV repetiu por uma semana na Copa. Um jogador da seleção de Gana cheirava um maço de dólares no corredor do hotel. Era o personagem visível e distante de nós da dinheirama que rola no futebol.

O jogador recebia o pagamento que o governo de Gana enviara por avião, como recompensa pela participação na Copa, ou ninguém entraria em campo. E, dias depois, fomos informados de que atletas de Camarões poderiam ter recebido dólares para manipular resultados de seus jogos.

Com as duas notícias, ficamos com o folclore que não nos ofende. Jogadores de seleções sem expressão nos ofereciam argumentos para condenar as imoralidades dos outros. E eram africanos. Nós, torcedores de seleções cada vez mais brancas, seríamos espectadores das baixarias alheias.

Nossos cheiradores de dólares estão encobertos em trincheiras poderosas. Ganeses e camaroneses são caricaturas no ambiente de corrupção que ronda há muito tempo a Fifa, a CBF e similares. São coisas graúdas misturadas à coisa miúda.

Uma coisa miúda foi descoberta pela polícia carioca, enquanto os jogadores de Gana cheiravam dólares. Maços de dinheiro circulavam no Brasil pelas mãos da máfia dos ingressos, que pode ter faturado até R$ 1 milhão por jogo da Copa. Mas também isso é coisa pequena.

O esquema mafioso do inglês Ray Whelan com o argelino Mohamadou Lamine Fofana é de varejo. Fofana, homem de confiança da Fifa, é uma dessas figuras de saguão de hotel, que conversam pelos cantos se esfregando em bacanas, andam com moças bonitas, têm crachá e carro à disposição e oferecem festas a celebridades.

São tipos que se denunciam pelo jeito de andar, de falar e de se esgueirar. Todo mundo sabe, até as camareiras dos hotéis, que são pilantras. Mas ninguém faz nada. Até que um delegado, sem saber de que tudo é combinado, atrapalha os negócios.

Mas por que não caem os mafiosos brasileiros das negociatas com jogadores, com as partilhas entre dirigentes, técnicos e empresários? Por que o ex-dirigente do Internacional Roberto Siegmann nunca foi chamado pelo Ministério Público para contar o que diz saber dessas máfias?

Siegmann é um Quixote. Repete em entrevistas que o futebol brasileiro é mafioso e alerta que há interesses encobertos, para muito além da paixão clubística. Mas o que ele sabe que nós também devemos saber?

Os clubes vivem das parcerias com investidores. É do jogo. O que interessa é iluminar o submundo das transações, dos arranjos, da politicagem da CBF.

Siegmann pode nos dizer por que pernas de pau, muito bem remunerados, circulam pelos clubes, em rodízio, sob a proteção de treinadores e dirigentes. Por que a gestão dos clubes, sequestrada pelos empresários, é deliberadamente precária?

Quem anda cheirando e comendo dólares? Outros que sabem o que Siegmann diz saber devem se aliar ao seu esforço.

Alguém pode dizer que esse é um problema dos clubes e que ninguém deve se meter em rolos privados (se fosse assim, a polícia não teria investigado os cambistas da Fifa).

Vamos lá. Quem continua, fora de campo, a faxina que a seleção da Alemanha começou naquele jogo-tragédia de terça-feira?

Espero que não confundam o que escrevi com as teorias dos que acreditam nas conspirações para que o Brasil ganhasse ou perdesse a Copa. Vamos procurar as máfias onde elas de fato estão.

Domingo passado, escrevi aqui que José Dirceu iria para o regime semi-aberto para trabalhar como bibliotecário de um escritório. Recebi e-mails de profissionais da área, com o alerta de que o trabalho exige formação superior específica.

Peço desculpas aos bibliotecários, bons parceiros da minha obsessão de estar sempre mexendo em acervos e memórias.

*JORNALISTA

A QUEDA DOS DEUSES,

ZERO HORA 13 de julho de 2014 | N° 17858


ARTIGOS

 por FLÁVIO TAVARES*



A Pátria é como o amor está onde estivermos, em nossos atos e nossos gestos. O poeta Fernando Pessoa, que tudo expressava pela escrita, dizia que sua pátria era a língua portuguesa. Desde a tarde de 8 de julho, estamos em estado de choque pelo Brasil, na frustração da fantasia do amor à pátria. A derrota de 7 a 1 no futebol nos leva à mais brutal das catástrofes a queda dos deuses. Sim, pois transformamos a Copa do Mundo e o futebol em novo deus, numa fanática idolatria em que a Seleção reunia os sacerdotes sagrados que nos levariam ao Paraíso. A avalanche contou com os governantes, que se submeteram às estripulias faraônicas da Fifa.

Empurrados pela “lei da Copa” (votada por senadores e deputados), a presidente, governadores e prefeitos das cidades-sede deram à Fifa e às empresas por ela apontadas regalias, benefícios e isenções que o setor público ou privado brasileiro jamais teve para investir no desenvolvimento do país. O Mundial nos redimiria de todos os males e defeitos. Tudo se permitia a esse anjo-salvador que instalaria o divino céu entre nós. Os odiosos seriam seduzidos pelo amor e os amantes iriam amar-se ainda mais. Nas cidades-sede, a bonança recaria sobre ricos e pobres.

O ser humano adora competir e festejar triunfos, e os meios de comunicação alimentaram essa fantasia de esplendor que o mercantilismo (e ânsia de lucro) da propaganda das empresas aquinhoadas pela Fifa exacerbou ainda mais.

Felipão e os jogadores eram como entes celestiais, novos deuses redentores. As obras da Copa, dispensadas de licitação, surgiram como paraíso do suborno, idolatradas por “lobistas”, prefeitos, secretários de Estado e similares. O$ “amigo$” tinham preferência.

Para atenuar o vergonhoso 7 a 1, há quem compare tudo a 1950, no Maracanã. Nada é mais errôneo. Há 64 anos, um erro gerou a tragédia. Agora, o fanatismo nos cegou, e a sucessão de fantasias (ou mentiras) levou à aberração do fiasco dos novos deuses. No ar ou em terra, tudo hoje é diferente. Lembro-me bem do trágico julho de 1950. Primeiro, o imenso Constellation da Panair explodiu ao bater no Morro do Chapéu, em São Leopoldo. Logo, o avião de Salgado Filho, candidato trabalhista a governador, cego pela bruma, caiu à saída da fazenda de Getúlio Vargas, na fronteira. Ninguém sobreviveu.

No Maracanã, o 2 a 1 do Uruguai sobre o Brasil completou o drama. Mas a Seleção caiu com dignidade. Foi até superior, só derrotada pelo titubeio do goleiro Barbosa no segundo gol. Agora, onze anjinhos esvoaçavam sem rumo, sem asas e humilhados.

E em 1950, a Fifa não se envolveu no escândalo milionário da venda de entradas no câmbio negro...

Em Montevidéu, em 1975, Obdúlio Varela, o “capitão” que guiou o Uruguai ao triunfo, contou-me que, após o jogo, tomou um bonde e foi conhecer Copacabana. Sozinho, de terno e gravata, sem ser reconhecido, viu “lamentos e choro” nas ruas, bares e cafés.

– A tristeza era tanta, que me arrependi da vitória. Tive vontade de ir ao hotel, buscar a Copa e entregá-la aos brasileiros –, me contou em lágrimas, emocionado.

Mas, para que queríamos a nova taça, agora? Em 1970, no México, vi Pelé e Tostão erguerem a Copa Jules Rimet, que passou definitivamente ao Brasil-tricampeão. Pouco depois, a taça de ouro maciço foi roubada da sede da Confederação Brasileira de Desportos, no Rio. Os ladrões nunca foram identificados.

Para isto queríamos a nova copa de ouro? Para aguçar a cobiça dos ladrões de sempre? Sem lamentos, agradeço aos alemães por nos livrarem da repetição de um crime impune. Em vez de algozes, eles são os justiceiros a nos livrar da sanha dos ladrões de sempre!

Só não precisava tanta humilhação!



*JORNALISTA E ESCRITOR

quarta-feira, 9 de julho de 2014

A GERAÇÃO DO 7 A 1


ZERO HORA 09 de julho de 2014 | N° 17854

MINEIRATZEN

EQUIPE DE 2014 fica marcada pela maior derrota da história do Brasil, dentro de casa, e pode ter se despedido para sempre da Seleção



A queda é mais eterna do que a glória? Se as Seleções de 1950, de 1982 e a de 1990 foram tachadas de perdedoras, o que sobrará para a turma de 2014? Ao deixarem o gramado, arrasados por um inacreditável 7 a 1, muitos jogadores vestiram pela última vez a camisa amarela no Mineiratzen a versão mineira e alemã para o Maracanazo.

Mesmo alguns daqueles que ainda têm idade para jogar a Copa do Mundo de 2018 possivelmente não voltem a ser convocados. Uma geração marcada a ferro como dona do pior vexame da história do futebol brasileiro. Algo tão marcante que o placar parece aqueles de primeira fase de Copa do Brasil.

Ainda em campo e atônito, o goleiro Julio César, 34 anos, reserva no Mundial de 2006, titular na África do Sul e no Brasil, bem que tentou justificar a goleada. O único argumento que encontrou foi o melhor conjunto germânico. E pediu desculpas.

– Explicar o inexplicável é muito complicado. Temos que reconhecer que eles vêm jogando juntos há seis anos. Depois do primeiro gol, deu um apagão. Ninguém esperava. Particularmente, já passei por um momento complicado como este, sei como é – disse o camisa 12.

Um dos símbolos da Seleção, o cabeludo zagueiro David Luiz vinha sendo um dos destaques da Copa. Até encontrar a Alemanha pela frente. Como toda a equipe, o capitão de ontem naufragou. Chorou ao deixar o campo. Logo ele, que havia consolado o colombiano James Rodríguez, ficou sem um ombro solidário.

– Só queria ver meu povo sorrir, o Brasil inteiro feliz por causa do futebol. No jogo, eles foram muito melhores. Tomamos quatro gols em seis minutos. É um dia de tristeza e aprendizado também.

Levou mais de uma hora para que os envergonhados jogadores da Seleção surgissem na zona mista. Estavam todos trancados no vestiário. Chegaram a jantar lá dentro. Comeram massa, para recuperar os sete gols e o desgaste da partida.

– Foi a pior derrota da nossa vida. Estou mais chateado é com a forma que ela aconteceu – comentou Fred, uma das grandes decepções do time, e o único titular a atuar no Brasileirão.

O zagueiro Dante, que substituiu Thiago Silva, jogador do Bayern de Munique, logo, colega de metade da seleção alemã, contestou uma possível reforma da Seleção:

– Tem que repensar é nada. Se os alemães levassem sete, eles repensariam o futebol deles? Não. Não repensariam. Depois do primeiro gol, perdemos a serenidade, nos desorganizamos.

O volante Paulinho resumiu o sentimento do grupo:

– Vamos assumir a responsabilidade, por nós e pelos brasileiros. Nossa geração vai ficar marcada.

O 8 de julho de 2014 jamais será esquecido. Ficará marcado como o dia da geração dos 7 a 1. De uma forma torta, Barbosa – o goleiro negro do Brasil injustamente acusado pelo Maracanazo de 1950 – agora poderá descansar em paz.

LEANDRO BEHS


NO FUNDO DO POÇO



ZERO HORA 09 de julho de 2014 | N° 17854

ADEUS AO SONHO

BRASIL SOFRE SUA maior goleada e dá adeus ao sonho do hexa em casa



Um, dois, três, quatro, cinco, seis. Sete. Os gols foram saindo na mesma velocidade em que mais de um século de tradição futebolística descia pelo ralo da vergonha no Mineirão. Por pura compaixão no segundo tempo, e o Brasil deve esta piedade aos alemães, não foi oito ou nove. Dez, talvez. A Seleção Brasileira se despede da Copa do Mundo em casa assinando o pior vexame de sua história, ao perder por 7 a 1 para a Alemanha.

Foi constrangedor, do início ao fim. Um suplício interminável, com ares de maldição eterna, admitido pelo técnico Luiz Felipe Scolari ao final do massacre.

– Foi o pior dia da minha vida de jogador, treinador e professor de educação física. Ficarei marcado como o técnico da nossa pior derrota, mas eu sabia dos riscos que corria quando aceitei reassumir o cargo – reconheceu um Felipão arrasado, tentando encontrar explicações para o inexplicável.

O que se viu foi no Mineirazo de 2014, óbvia referência da mídia internacional a 1950, foi um time organizado e compactado, capaz de fluir um contra-ataque com meia dúzia de passes rápidos e se fechar em bloco logo em seguida. Esta era a Alemanha, que vive um processo de reinvenção há quase uma década, acrescentando drible e criatividade desde a base aos já reconhecidos método e força.

Do outro lado, um Brasil desprotegido no meio-campo, varziano, errando lances bisonhos, incapaz de coberturas primárias aos laterais e assustado com a superioridade do oponente.

Sem Neymar, Luiz Felipe poderia ter sido humilde e reconhecido que era um time médio diante de outro muito melhor. Até treinou com Paulinho, formando um tripé de volantes para marcar a fortaleza alemã. Que, há anos, todos sabem, é o meio-campo.

Mas Felipão traiu suas origens e se abriu. Escolheu Bernard, engolido por Höwedes e os gigantes da defesa montada por Joachim Löw. Servido o banquete, a Alemanha se refestelou.

Bernard, escalado para ser a surpresa corajosa, mal tocou na bola. Hulk, do outro lado, manteve o seu padrão de UFC: força, vontade, velocidade, desde que sem a bola. A bola é um estorvo para Hulk. Oscar se posicionou cá atrás, de maneira incompreensível. A linha de três atrás de Fred, portanto, naufragou. E aí o meio-campo da Seleção ruiu diante de um outro meio-campo, este espetacular, que abre e fecha num piscar de olhos, com os jogadores próximos e atuando numa faixa pequena de campo.

Em pouco menos de meia hora, a tragédia estava consumada. Depois do primeiro gol, de Müller, logo a 10 minutos, finalizando escanteio da direita, o Brasil virou pó.

– Deu uma pane. Aí, em cinco minutos, tudo acabou – lamentou Felipão, que não quis falar sobre o seu futuro no cargo.

Ninguém entendia nada no Mineirão. Aos 22, Klose fez o seu 16º gol em Mundial, superando Ronaldo. Até isso. Aos 24, Kroos aumentou. Aos 25, o mesmo Kroos, se aproveitando de lambança de Luiz Gustavo e Fernandinho, formou o quatrilho. Aos 29, Khedira, um dos volantes que o Brasil não se importou em marcar, se desprendeu lá de trás e fez o quinto gol.

Os alemães cantavam “Rio de Janeiro, ô, ô, ô”, trocando o jota por xis. Os torcedores brasileiros se olhavam, atônitos. Alguns choravam. Depois, xingaram Fred, quando este atrasou uma bola para o goleiro. Repetiram a dose com Oscar. Ao final do jogo, a vaia pegou geral.

Paulinho e Ramires nos lugares de Fernandinho e Hulk, é claro, melhoraram um pouco o Brasil na volta do intervalo. Dois volantes, que ajudaram a marcar os alemães. O jogo se arrastou, com a Alemanha se apiedando do Brasil. Ainda houve tempo para Schürrle fazer o sexto e o sétimo. O que se viu no Mineirão foi a história escrita ao contrário, uma seleção – a Seleção – ser virada de cabeça para baixo.

O futebol brasileiro nunca mais será o mesmo diante do seu pior fiasco em todas as Copas.

DIOGO OLIVIER | BELO HORIZONTE

UM VEXAME ETERNO

-Esta foi a maior derrota na história da Seleção, que só tinha perdido por seis gols de diferença uma vez, no Campeonato Sul-Americano de 1920: Uruguai 6x0 Brasil. Em Copas, nunca levara mais de quatro gols no tempo normal, nem perdido por mais de três gols de diferença.

-Esta foi a maior derrota em uma semifinal de Copa, superando as duas de 1930 (Argentina 6x1 EUA e Uruguai 6x1 Iugoslávia) e Alemanha Ocidental 6x1 Áustria, em 1954.

-Esta foi a terceira vez em Mundiais que um time toma cinco gols no 1º tempo,. depois de Zaire (seis gols na na derrota de 9 a 0 para a Iugoslávia), e Haiti (cinco na derrota de 7 a 0 para a Polônia), ambos na Copa de 1974.

- Esta foi a 11ª maior goleada da história das Copas. Empata com Brasil 7x1 Suécia (1950) e fica atrás de:

Hungria 10x1 El Salvador (1982)
Hungria 9x0 Coreia do Sul (1954)
Iugoslávia 9x0 Zaire (1974)
Suécia 8x0 Cuba (1938)
Uruguai 8x0 Bolívia (1950)
Alemanha 8x0 Arábia Saudita (2002)
Uruguai 7x0 Escócia (1954)
Turquia 7x0 Coreia do Sul (1954)
Polônia 7x0 Haiti (1954)
Portugal 7x0 Coreia do Norte (2010)
-Esta só não foi a partida em que o Brasil tomou mais gols. Em 1934, perdeu por 8 a 4 para a Iugoslávia em um amistoso em Belgrado.


DERROTA EM SEIS MINUTOS

HÁ ALGUMA EXPLICAÇÃO?

DENTRO APENAS DA disputa do terceiro lugar, sábado, em Brasília, a Seleção busca explicações para o revés que a trucidou entre os 22 e os 28 minutos do primeiro tempo



Em seis minutos faz-se miojo, troca-se fralda de bebê, compra-se ingresso na sessão de cinema mas nunca um time sofre quatro gols, como acabou acontecendo na pior derrocada da história da Seleção Brasileira em todos os tempos. Do segundo gol alemão, o 16º de Klose em Copas, aos 22 minutos, passando pelos dois de Kroos, aos 23 e aos 25, até o 5 a 0 de Khedira, aos 28 minutos, como a navalha retorcida na carne, o Brasil sofreu sua humilhação mais esculachante.

– Dois volantes fizeram três gols, você quer o quê? Ganharam na experiência – disse o técnico do Inter, Abel Braga, sobre a vitória alemã.

Abel fez defesa solitária do técnico Luiz Felipe Scolari. O jornalista paulista Alberto Helena Júnior, por outro lado, o crucificou. Aos 73 anos, 65 envolvidos com futebol, desde 1974 em coberturas de Copas do Mundo, foi enfático ao dizer jamais ter visto algo parecido no futebol. Usou adjetivos do vexaminoso ao trágico, mas considera-se mais estarrecido com o fato de, ao contrário do Brasil, ver a Alemanha jogar futebol vistoso.

– Felipão e seu pobre futebol de resultado espelham a decadência da CBF e seus cartolas. Eles são, sim, culpados pela maior vergonha já sofrida. São os homens do bola para a frente a qualquer custo – declarou Helena Júnior.

Calejado em grandes competições, Helena rejeita a ideia da família Scolari, do “somos nós contra todos” que até o Zagallo utilizava decênios atrás. Quando o futebol escasseia, para ele, o emocional não estimula e, ao contrário, retira a confiança e põe o grupo para baixo. Nem o argumento da entressafra de jogadores justifica tamanha desolação.

Para o especialista, o sistema de jogo revela atraso técnico e tático. Não se investe em conhecimento de futebol como a Europa faz de rotina, como a Alemanha faz:

– Há muito o braço da viola mudou, só o Brasil não vê.

O motivador Evandro Mota viu o jogo de Lisboa, Portugal, ele trabalha no Benfica, depois de servir de consultor à Seleção nas Copas de 1994 e 98. Perguntado sobre os efeitos dos choros e do impacto emocional da falta de Neymar no grupo, ele desabafou:

– Estou chocado. Estou triste. É difícil acreditar, mas podem ter certeza: o que se vê de reação é a ponta do iceberg.

Pelo Twitter, o ex-volante Gilberto Silva, penta em 2002, fez um comentário forte:

– Ainda tem alguém que acha que está tudo bem no futebol brasileiro? E a culpa agora é somente dos atletas?

JONES LOPES DA SILVA



ESCÂNDALO DOS INGRESSOS

ZERO HORA 09 de julho de 2014 | N° 17854

OPERAÇÃO JULES RIMET

PRISÃO DE EXECUTIVO de empresa contratada pela Fifa causou constrangimento



A passagem de Raymond Whelan, diretor-executivo da Match, pela 18ª DP, no centro do Rio de Janeiro, durou 12 horas. No começo da manhã de ontem, o britânico, suspeito de envolvimento na venda ilegal de ingressos da Copa, já estava de volta ao Copacabana Palace.

Na segunda-feira, às 15h30min, Whelan tomava um café expresso acomodado em uma das poltronas ao lado da recepção quando foi detido por policiais civis na Operação Jules Rimet. Naquele momento, o príncipe de Mônaco Albert e o ex-jogador Caniggia estavam em uma mesa ao lado.

Em nota oficial, a Match, que representa a Fifa na comercialização dos ingressos, garantiu que Whelan vai permanecer no Brasil trabalhando no torneio. O dono da empresa, o mexicano Jaime Byrom, admitiu que o funcionário tinha contato com Mohamoud Lamine Fofana, líder da quadrilha de cambistas e preso desde a semana passada. Byrom alegou, entretanto, que Fofana pediu 30 troféus em miniatura para presentear ex-jogadores da Seleção Brasileira campeã da Copa de 1970.

A Polícia Civil, que interceptou 900 ligações entre os dois, tem convicção de que Whelan desviava pelo menos mil entradas por jogo para Fofana. O britânico terá de se apresentar quinzenalmente à Justiça do Rio, que fixou a fiança em R$ 5 mil, além de determinar o recolhimento de passaporte do suspeito.

A grande questão é saber se o contrato entre Fifa e Match, que prevê exclusividade da venda dos ingressos para as Copas de 2018 e 2022, será mantido.

EDUARDO GABARDO



O PADRÃO FIFA DE CONDUTA

O GLOBO 09/07/2014 0:00


Zuenir Ventura Foto: O Globo

Zuenir Ventura


A dentada, por mais reprovável que tenha sido, não produziu estragos, enquanto a joelhada fraturou vértebra e vai deixar o atingido inativo por seis semanas


Em um só dia, anteontem, foram descobertos dois aspectos pouco edificantes do padrão Fifa de conduta. O primeiro surge quando, ao tentar explicar a covarde agressão sofrida por Neymar, acabou defendendo a impunidade e estimulando a violência em campo. Num comunicado à imprensa, em que agride a coerência e a lógica, ela diz que, apesar da “extensa documentação”, não pôde agir porque “nem um cartão amarelo nem um cartão vermelho foi mostrado pelo árbitro”. Quer dizer: o juiz erra — e isso é mostrado exaustivamente pelas imagens de televisão — e a Comissão Disciplinar da entidade máxima, em vez de puni-lo, usa o erro contra a vítima, ou seja, como atenuante para absolver o agressor. Se é assim, por que então castigou Luis Suárez, se também nem falta foi marcada? Aliás, uma pena desmedida, se for feita a comparação. A dentada, por mais reprovável que tenha sido, não produziu estragos, enquanto a joelhada fraturou vértebra e vai deixar o atingido inativo por seis semanas. Se o uruguaio pegou nove jogos de suspensão e quatro meses fora das atividades em seu clube, além de multa de R$ 247 mil, o colombiano merecia no mínimo o mesmo.

O outro aspecto é ainda mais grave, porque o episódio que envolve a Fifa foi parar na página policial. Trata-se da prisão do inglês Raymond Whelan, diretor da única empresa escolhida para a venda de bilhetes para a Copa. Solto por um habeas corpus, continua sendo investigado como chefe da quadrilha por “fornecer, desviar ou facilitar a distribuição de ingressos para venda por preço superior ao estampado no bilhete”, crime previsto no artigo 41 do Estatuto do Torcedor. Ele está hospedado no Copacabana Palace, hotel oficial da Fifa, onde o argelino Lamine Fofana adquiria ingressos (de quem?) para revender. Fofana, preso antes com mais dez suspeitos, é o operador das tenebrosas transações. Em sua casa num condomínio de luxo na Barra da Tijuca, além de um caderno com a contabilidade do grupo, a polícia descobriu que nas últimas semanas ele fez nada menos que 900 ligações para Whelan num dos celulares oficiais de uso da Fifa no Brasil. Na suíte do inglês, os policiais apreenderam US$ 1.300, telefones e cem ingressos (inclusive para a final). A Polícia Civil carioca, cuja operação foi elogiada pela Scotland Yard, calcula que o lucro com a venda clandestina durante a Copa seria de R$ 200 milhões.

É cedo para dizer até onde vai o envolvimento da Fifa com a rede de cambistas, mas não é cedo para dizer que, em termos de conduta, ela, que foi tão rigorosa com os organizadores locais, não anda em boa companhia. Pelo visto, em vez de parceiros, escolheu comparsas.

VANDALISMO E CONFUSÃO APÓS DERROTA DO BRASIL

CORREIO DO POVO 08/07/2014 21:17

Quatro capitais registram vandalismo e confusão após derrota do Brasil. Em Belo Horizonte, cinco pessoas foram presas, enquanto Curitiba e São Paulo tiveram ônibus queimados




São Paulo teve ônibus queimados e loja saqueada
Crédito: Marco Ambrosio/Folhapress/CP


O pós-jogo de Brasil e Alemanha teve registro de confusões em Belo Horizonte, Curitiba, Brasília e São Paulo, com a derrota da Seleção por 7 a 1. Na capital mineira, pelo menos cinco pessoas foram detidas nesta terça-feira, depois da partida no estádio do Mineirão. De acordo com informações da Polícia Militar, quatro pessoas foram presas por queimarem uma bandeira do Brasil ainda no intervalo da partida, o que é crime. Um torcedor foi preso por desacatar policiais ao fim do jogo.

Na Savassi, principal ponto de encontro de torcedores ao longo de toda a Copa do Mundo na cidade, houve princípios de quebra-quebra e garrafas quebradas. Alguns torcedores, com ânimos mais acirrados, atiraram pedras na PM, o que fez com que a corporação reforçasse o efetivo nas imediações. Porém a região já estava vazia antes mesmo do apito final.

Em Curitiba, três ônibus foram incendiados e outros depredados logo após a derrota brasileira. Vândalos atuaram na capital paranaense e também na região metropolitana. São Paulo, por sua vez, teve saque a uma loja de eletrodomésticos e dois coletivos incendiados.

Em Brasília, a Polícia Militar do Distrito Federal prendeu nesta terça um homem que quebrou um televisor da Rodoviária do Plano Piloto. o envolvido nesse caso está detido na 2ª Delegacia de Polícia, na Asa Norte. A ocorrência está em andamento. A Fan Fest do Rio de Janeiro teve sete prisões, mas a Polícia Militar informou que as detenções foram por furtos. Conforme a PM, não houve registro de tumultos, violência ou quebra-quebra.




Fonte:

A NEGOCIATA DOS INGRESSOS


ZERO HORA 9 de julho de 2014 | N° 17854


EDITORIAL



É compreensível que, diante da dimensão do crime, todos se mostrem surpresos com o flagrante. Parece inconcebível que uma entidade com o poder da Fifa seja vulnerável à ação de criminosos articulados com pessoas ligadas à própria instituição. Nesse caso, é alarmante que o indivíduo apontado como chefe da quadrilha, o britânico Raymond Whelan, seja diretor da Match Enforcement, credenciada pela própria federação para negociar ingressos. O mais grave é que a empresa desfrutava do marketing da moralização como parte de um esforço da entidade para coibir negociatas com os bilhetes.

Circulando dentro da Fifa e com acesso inclusive a ingressos destinados a ONGs, federações e patrocinadores, o britânico agia havia muito tempo. Esse é o aspecto a ser ressaltado no trabalho da polícia. As autoridades brasileiras flagraram um esquema criminoso que já teria sido usado em eventos anteriores, em outros países, sem qualquer repressão. O caso deve servir de exemplo para que o Brasil execute plenamente o que está previsto no Estatuto do Torcedor, que proíbe a revenda de ingressos por preço superior ao de face.

A investigação reforça a imagem brasileira no Exterior, num contexto em tudo favorável ao país. Polícia e Ministério Público são merecedores desse reconhecimento, por oferecer também aos estrangeiros um bom exemplo de como se combate o que já se convencionou chamar de golpe padrão Fifa.

VEXAME DEIXA LIÇÕES























ZERO HORA 09 de julho de 2014 | N° 17854


EDITORIAL




Foi doloroso para o torcedor brasileiro ver a Seleção ser massacrada pela Alemanha quando o sonho do hexacampeonato já assumia contornos de realidade, mas a derrota no campo de jogo, principalmente da forma como ocorreu, sempre deixa ensinamentos preciosos para a construção de um futuro melhor. Foi a derrota de 2002 para o próprio Brasil, que fez a Alemanha se conscientizar de que somente com um planejamento cuidadoso poderia melhorar sua performance nas próximas competições. A partir de então, a Federação Alemã de Futebol (DFB) e a Liga Nacional responsável pela Bundesliga, o campeonato local , adotaram medidas para mudar o futebol nacional. A Liga condicionou a licença da primeira divisão aos clubes que montassem academias formadoras de jovens. Depois, estendeu esta medida à segunda divisão. Paralelamente, a DFB criou centros de treinamentos para crianças abaixo de 14 anos, em integração com escolas. Ao mesmo tempo, os alemães mandaram técnicos para o exterior, para formação em países considerados referência em treinamento de jovens.

Claro que isso tudo só foi possível com muito investimento de recursos, mas os resultados logo se fizeram notar. Os clubes alemães passaram a se destacar e a disputar os principais títulos europeus. E a seleção que vai para a final da Copa no Brasil é a consequência direta desse trabalho. Nada ocorre por acaso.

Com o vexame de ontem, o pior da história do futebol brasileiro, temos que pelo menos assimilar os ensinamentos dos vencedores. O Brasil já conquistou cinco títulos mundiais, mas não pode mais continuar dependendo do improviso e da criatividade intuitiva dos seus jogadores. Chegou a hora de uma revolução inteligente no futebol brasileiro, que inclua seriedade na organização e investimentos na formação de futuros atletas.

Os alemães estão mostrando como se faz. Em vez de nos revoltarmos e procurarmos culpados, o mais sensato é reconhecer a superioridade dos nossos oponentes, aplaudi-los e ter humildade para aprender o que eles já aprenderam. Se o país conseguiu organizar uma Copa bem-sucedida, contra todas as expectativas, também pode reorganizar o seu futebol para que volte a ser vencedor.



terça-feira, 8 de julho de 2014

FIANÇA DE CINCO MIL LIVRA SUSPEITO DA CADEIA


Delegado pedirá prisão preventiva dos envolvidos com a máfia de cambistas. Raymond Whelan, executivo da Match, foi liberado da prisão na madrugada após pagar fiança de R$ 5 mil

POR GISELLE OUCHANA / BRUNO AMORIM / ANA CLÁUDIA COSTA
O GLOBO  08/07/2014 11:12

O diretor-executivo da Match Services, Raymond Whelan, deixa a 18ª DP, após ter conseguido um habeas corpus durante a madrugada - Fernando Quevedo / Agência O Globo



RIO - O delegado titular da 18ª DP (Praça da Bandeira), Fábio Barucke, disse que irá concluir ainda nesta terça-feira o inquérito que apura a máfia dos cambistas e a venda de ingressos privilegiados da Copa do Mundo. Barucke afirmou que deve pedir ainda a prisão preventiva do inglês Raymond Whelan e de todos os envolvidos no caso. Barucke acredita que Whelan só deve falar em juízo. Isso não impedirá, no entanto, a conclusão do inquérito e o pedido de prisão preventiva.

Fernando Fernandes, advogado do diretor-executivo da Match Services Raymond Whelan, contou que o valor pago pela fiança de seu cliente foi de R$ 5 mil. Whelan é suspeito de ser integrante de uma quadrilha internacional de cambistas. A prisão foi considerada ilegal e arbitrária pela desembargadora do plantão judiciário do Rio de Janeiro, Marília Castro Neves Vieira, que concedeu um habeas Corpus para o executivo. O advogado elogiou a rapidez da reação do Judiciário, mas criticou a ação que levou à sua prisão. Fernandes disse ainda que os direitos de seu cliente não foram respeitados:

— A lei brasileira determina que existem medidas suficientes para garantir uma investigação sem a necessidade de prisão. Qualquer um pode ser investigado, essa é uma garantia do estado. Mas os cidadãos também têm suas garantias. Se não fosse a reação do judiciário, criamos uma sensação de que é um país que não respeita suas próprias leis.

Segundo ele, o Juizado Especial do Torcedor foi criado para resolver situações de menor potencial ofensivo. Para Fernandes, não pode imputar organização criminosa, que é um crime grave, nem tem autoridade para realizar escutas telefônicas. O advogado acredita que a ação vai repercutir negativamente não só para o Whelan e para a empresa Match, mas também para o Brasil.

— Foi uma operação irresponsável do ponto de vista legal, com consequências de mídia desastrosas para nosso país. Precisamos demonstrar que temos arcabouço legal para receber eventos como a Copa do Mundo. Parece que estamos enfrentando um problema cultural de permanência de raciocínios do regime ditatorial que tivemos em nosso país — avaliou o advogado, acrescentando que Whelan está muito cansado depois de passar a noite preso, e não terá condições de dar entrevistas nesta terça-feira.

Whelan foi preso com 82 ingressos de jogos da Copa do Mundo enquanto tomava cafezinho no saguão do Copacabana Palace, onde está hospedado. A Match Services é uma empresa associada à Fifa que tem exclusividade para a venda de pacotes para o Mundial. Em nota, a empresa afirmou nesta terça-feira que continuará a apoiar plenamente todas as investigações policiais.

"Enquanto isso, Ray Whelan, assim como o resto do pessoal da Match, vai continuar a trabalhar em nossas áreas operacionais de responsabilidade, a fim de entregar uma bem-sucedida Copa do Mundo da Fifa 2014", diz trecho da nota.

Diretor da Match foi liberado na madrugada

O diretor-executivo da Match Services, o britânico Raymond Whelan, de 64 anos, foi liberado por volta das 4h50m desta terça-feira. Ao ser liberado, o britânico seguiu direto para o hotel onde está hospedado, sem falar com a imprensa. Ele deverá ser intimado para prestar depoimento, mas ainda não há data prevista. Whelan ficou preso por cerca de 12 horas. Inicialmente, o diretor-executivo da Match Services ficou detido em uma cela especial da 18ª DP. Depois que o habeas corpus foi concedido, ele aguardou a chegada do oficial de Justiça numa sala comum.

Aparentemente surpreso com a prisão, o britânico negou qualquer ligação com o argelino naturalizado francês Mohamadou Lamine Fofana, preso na semana passada sob acusação de integrar um esquema de venda ilegal de ingressos para a Copa.


Whelan, que estava vivendo no país há dois anos, não explicou por que o número de seu aparelho celular, cedido pela Fifa, aparecia na memória do telefone de Fofana com o nome de Ray Brasil. As investigações mostram que o franco-argelino trocou em torno de 900 telefonemas e mensagens de texto com Whelan, que seria o responsável pelo repasse de parte dos ingressos negociados no mercado paralelo por Fofana.



A prisão de Whelan fez parte das investigações que já haviam prendido 11 pessoas, inclusive Fofana. Acusado de cambismo e formação de quadrilha, Whelan teve a prisão preventiva decretada nesta segunda-feira pela Justiça com base no Estatuto do Torcedor.

De acordo com o inspetor Vicente Barroso, que acompanhou a prisão do britânico, o executivo estava hospedado no 5º andar do Copacabana Palace, juntamente com integrantes do alto escalão da Fifa. Na suíte do estrangeiro, os policiais apreenderam US$ 1,3 mil, aparelhos celulares, vários ingressos (inclusive para a final), um computador e documentos que serão analisados.

— Já solicitamos todas as imagens do circuito interno do hotel desde o início da Copa e talvez venhamos também a solicitar as ligações feitas a partir da suíte do britânico. O objetivo é reunir elementos que provem a ligação do suspeito com Fofana e outros integrantes do grupo — disse o inspetor.

PRESO O ELO ENTRE O BANDO E A FIFA


ZERO HORA 08 de julho de 2014 | N° 17853

EDUARDO GABARDO | RIO DE JANEIRO

ESCÂNDALO DE INGRESSOS
DIRETOR DE EMPRESA autorizada a vender bilhetes da Copa estaria ligado à quadrilha de venda ilegal de ingressos

A prisão do diretor-executivo da empresa Match, o inglês Raymond Whelan, em uma das suítes do Copacabana Palace, escancarou um dos maiores escândalos da história das Copas: a venda ilegal de ingressos, tão combatida e condenada publicamente pela Fifa, tem relação com a própria entidade.

Segundo a Polícia Civil do Rio de Janeiro, o organograma da maior quadrilha de cambistas já vista em Mundiais era chefiada por Whelan. O franco-argelino Mohamoud Lamine Fofana, preso na semana passada, era o número dois na hierarquia, e responsável por comandar a equipe de vendas dos bilhetes desviados, em uma operação que poderia chegar a R$ 200 milhões de faturamento aqui no Brasil.

O planejamento e a execução deste esquema já vêm de edições anteriores do Mundial. A Match pertence à família mexicana Byrom e tem como comandantes os irmãos Jayme e Enrique. Com relações estreitas com o presidente da Fifa, Joseph Blatter, a empresa venceu a concorrência para cuidar da comercialização de ingressos dos mundiais de 2010 e 2014.

A subsidiária Match Services oferece bilhetes para o público geral e hospedagem (a empresa tem o direito de vender diárias de hotéis nas 12 sedes). Tem sede em Zurique, mesma cidade da Fifa, com escritórios em Joanesburgo e no Rio de Janeiro. A Byrom Holding tem 100% do controle acionário. A Match Hospitality cuida de camarotes, entradas vips e de pacotes para empresas e do transporte da família Fifa. Os irmãos Byrom têm 65% das ações. Os outros acionistas são a Winterhill Investments (20%), Bidvest Group (5%), Dentsu (5%) e Infront Sports e Media (5%). Esta última tem como presidente Philippe Blatter, sobrinho de Joseph Blatter.

INGRESSO VIP PARA A FINAL OFERECIDO POR R$ 35 MIL

Raymond Whelan, agora preso no Rio de Janeiro, é o CEO do grupo Match. Tem poder absoluto e a caneta na mão. A investigação da Polícia Civil ainda está em andamento, mas fontes deixam claro que o esquema funcionava da seguinte maneira: os bilhetes vips, de camarotes e de categoria 1 eram vendidos, por ordem de Whelan, de maneira direcionada para o grupo de Fofana. Assim, a quadrilha de cambistas fazia a revenda por valores exorbitantes (o bilhete vip para a final estava sendo negociado por R$ 35 mil), e o lucro era dividido.

A estimativa é de que pelo menos mil tíquetes por partidas eram desviados. No caso de bilhetes de cortesia, ONGs e patrocinadores, a ação era mais fácil ainda pelo poder de influência dos envolvidos. Por enquanto, os comandantes da investigação não têm informações se Blatter e os irmãos Byrom tinham conhecimento do caso.

O mais grave é que a Match, no dia 1° de novembro de 2011, ganhou também a concessão para operar as Copas de 2018 e 2022, além das Copas das Confederações de 2017 e 2021, e os Mundiais femininos de 2019 e 2023. Agora, com o escândalo ganhando as manchetes justamente na semana da final no Maracanã, o futuro é incerto.

Até a reeleição de Joseph Blatter, dada como certa em 2015, corre risco. Uma pequena delegacia da Praça da Bandeira, no centro do Rio de Janeiro, derrubou uma organização criminosa gigante e bem articulada, e deixou um dos grandes legados desta Copa.



O ESQUEMA

Como funcionava (ou funciona) a venda de ingressos para a Copa

-Ingressos recebidos da Fifa como cortesia por ONGs, federações e patrocinadores eram desviados pela quadrilha que os revendia.

-A polícia ainda investiga como esses ingressos foram parar nas mãos dos cambistas e dos chefes do esquema.

-Como os bilhetes fazem parte de uma reserva da Fifa para essas entidades, não poderiam ser negociados.
-Um dos integrantes da quadrilha preso ontem, considerado o chefe do esquema, pertencia à empresa que negociava os ingressos mais caros, para camarotes e alas vips.

-Lotes de ingressos eram vendidos por até R$ 700 mil, o que gerava uma margem de lucro de 1.000%.
-No Brasil, o faturamento em um jogo teria chegado a R$ 2 milhões.


PRISÕES

-Preso na tarde de ontem, o inglês Raymond Whelan é diretor-executivo da Match, empresa que tem contrato com a Fifa até 2023 para comercialização de ingressos em camarotes, entradas vips e de pacotes para empresas.

-Na semana passada, foi preso no Rio o argelino Mohamoud Lamine Fofana, que comandava o grupo em atuação há quatro Copas. Ele e os comparsas viajavam para as cidades-sede para vender ingressos.

-Também na semana passada, nove pessoas foram presas, suspeitas de participação no esquema.

CRIMES INVESTIGADOS
- Polícia ainda apura, além do cambismo, crimes de evasão de divisas, lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e outros.

segunda-feira, 7 de julho de 2014

IMPRESSÕES SOBRE O BRASIL

G1 07/07/2014 09h58

Argelino reclama de roupas curtas de garotas; veja impressões sobre Brasil. Turistas estrangeiros contam o que acharam do país durante a Copa.. Hospitalidade é elogiada; falta de conhecimento de inglês é ponto fraco.


Moradores e turistas jogam futebol com gol marcado por chinelos fincados na areia na praia de Ponta Negra, em Natal (Foto: Hassan Ammar/AP)


De passagem pelo Brasil para a Copa do Mundo, turistas estrangeiros ouvidos pelo G1elogiam a hospitalidade local e a disposição das pessoas em ajudar, e ressaltam que relatos de problemas ouvidos antes da chegada pareceram exagerados ao aterrissar por aqui.

No entanto, o trânsito das cidades-sede, a falta de conhecimento de inglês para comunicação e até roupas consideradas curtas para um muçulmano foram apontados como razões para certo incômodo.

Leia abaixo 12 histórias de estrangeiros que passaram pelo nosso país em 5 cidades do Mundial:

Em São Paulo:

O argelino Mohamed Moulkaf (Flávia Mantovani/G1)

Mohamed Moulkaf (Argélia)

A Copa dele: O mecânico argelino tem 32 anos, saiu de Argel até Doha (voo de 7 horas) e de lá veio para São Paulo. Chegou aqui no dia 6 de junho e deve voltar entre 28 e 31 de julho. No total, a viagem de vinda durou 28 horas.Mohamed está em São Paulo na casa de um amigo e quer ir ao Rio também. Veio para a Copa para ver sua seleção e porque queria conhecer mais sobre a vida na América Latina e no Brasil.

Primeiras impressões: O mecânico acha que, daqui a 10 anos, a qualidade de vida dosbrasileiros vai ser como nos EUA e na Europa.

Melhor do Brasil: "A ordem." Para ele, tudo é muito organizado aqui: no Metrô, nos ônibus, nos mercados.

Pior do Brasil: Mohamed diz que, por ser muçulmano, não gosta de ver mulheres com roupas curtas, adolescentes grávidas e pessoas com tatuagens no rosto e piercings.

Segurança: O argelino afirma que se sentiu seguro aqui, apesar de que, nos países árabes, o Brasil tem fama de ser muito violento. Mohamed avalia que a violência aqui está concentrada em alguns lugares e que não sentiu nenhum problema.

No Rio:
Marco viu o jogo entre Argentina e Bósnia, no
Maracanã (Foto: Marcelo Elizardo/G1)

Marco Panichela (Argentina)

A Copa dele: "Fui ao jogo da Argentina contra a Bósnia, no Maracanã. Estou esperando outra oportunidade. Mas, por enquanto, fiquei só no Rio. Vim com cinco amigos. Estamos em um hostel na favela dos Tabajaras, somos todos de Buenos Aires. Achamos um transfer para ir a São Paulo [para o jogo entre Argentina e Suíça]".

Primeiras impressões: "Minhas primeiras impressões são lindas. Fiquei muito encantado como os brasileiros atendem os argentinos".

Melhor do Brasil: "O melhor do Brasil são as garotas. Muito físico, muita perna e muitas curvas".

Pior do Brasil: "A pior parte do Brasil são as pessoas que implicam com a gente, por causa da rivalidade. Mas, no geral, são legais e é tudo muito lindo".

Segurança: "Até agora, a segurança está muito boa. Estamos numa favela e não tivemos problemas. A polícia está sempre muito atenta. Por sorte, não tivemos nenhum inconveniente".

Torcedor de segunda divisão: Diferente de seus amigos, Marco não torce para os tradicionais River Plate, Boca Juniors ou Independiente. Ele é fã do Almirante Brown, um time da Região Metropolitana de Buenos Aires, que disputa a segunda divisão do campeonato argentino.

Elin e Rebecca querem assistir a jogo da Copa
(Foto: Marcelo Elizardo/G1)

Elin Karlsson e Rebecca Norinder (Suécia)

A Copa delas: Rebecca é filha de pai sueco e mãe brasileira, que morava em Padre Miguel, na Zona Oeste do Rio. Ela já conhecia o país e convidou a amiga Elin, que veio ao Brasil pela primeira vez. As duas vivem na cidade de Boràs, na Suécia. "No início, não viríamos só pela Copa do Mundo, era mais para aproveitar um pouco o Rio. Mas a Copa é um grande atrativo a mais. Estamos procurando ingresso e talvez iremos a algum jogo", diz Elin.

Primeiras impressões: "Foram muito boas. Ótima atmosfera, ótimas pessoas. Tudo é ótimo: a noite, a vida, tudo", acrescenta Rebecca.

Melhor do Brasil: Elin não teve tempo de julgar o que mais gostou no Brasil, mas afirma ter achado a cidade linda. Já Rebecca, mais íntima do Rio, deu seu pitaco: "As praias e a comida são a melhor parte".
A pior parte
é que é muito perigoso. Mesmo com muita polícia, continua perigoso"
Elin Karlsson

Pior do Brasil: "A pior parte é que é muito perigoso. Mesmo com muita polícia, continua perigoso. Ontem chegamos e fomos andar pelas ruas de trás, e não havia policiamento. Isso nos deixa inseguras", diz Elin.

Segurança: "Acho que aqui na praia de Copacabana está muito seguro. Mas, se você for para o quarteirão seguinte ou para a Lapa, não sabemos se é muito seguro", completa Elin.

Sem preocupação na Suécia: "Na Suécia, é tudo mais seguro. Não temos que nos preocupar muito quando saímos, diferentemente daqui. Aqui você tem que se preocupar mais", destaca Rebecca.

O americano John Tojek vive no Brasil desde 2010
(Foto: Marcelo Elizardo/G1)

John Tojek(Estados Unidos)

A Copa dele: John nasceu em Los Angeles e mora desde 2010 no Brasil. Tentou comprar ingressos para assistir às partidas de seu país, mas foi em vão. "Não vi nenhum jogo ao vivo, só pela televisão. Estou trabalhando e não consegui ingressos porque estão muito caros. Adoraria torcer pelos Estados Unidos, queria muito. Mas não tenho dinheiro."

Primeiras impressões: "É legal. Tem muito menos regras que os Estados Unidos. Eu adoro isso, porque posso beber nas ruas, e alguns lugares ficam abertos a noite toda".

Melhor do Brasil: "As pessoas são maravilhosas, e a comida é muito boa. Eu amo a comida. O tempo é muito bom, e é lindo aqui no Rio. É muito confortável".
Tem muito menos regras
que os EUA. Adoro isso"
John Tojek

Pior do Brasil: "As pessoas falam muita besteira, muitas mentiras. E a burocracia é muito ruim. Imposto de renda é muito ruim. Tudo com o governo é muito ruim".

Segurança: "A segurança é boa o suficiente. Não tive problemas com segurança, só quando era recém-chegado e fazia coisas depois de beber um pouco. Mas recentemente não tive problemas".

Dificuldade de ganhar dinheiro: John considera o Brasil um país mais confortável para viver que os Estados Unidos. Mas diz que aqui é muito difícil de se manter. "Eu adoro aqui, mas é difícil de ganhar dinheiro trabalhando".

Em Porto Alegre:
O alemão Jean-Christoph Ritter vive em Berlim
(Foto: Fernanda Canofre/G1)

Jean-Christoph Ritter (Alemanha)
A Copa dele: O músico de 39 anos veio de Berlim com mais quatro amigos. Eles assistem juntos a todos os Mundiais desde 2006, quando a Copa foi na Alemanha. Eles decidiram embarcar em cima da hora para o Brasil: apenas duas semanas antes do início do evento. Mesmo assim, têm ido a todas as partidas da seleção alemã nos estádios. "Já conhecia o Brasil, mas só o Rio de Janeiro. A Copa parece uma excelente oportunidade para conhecer outras regiões e a diversidade do país", afirma.

Primeiras impressões: O estilo "europeu" da capital gaúcha chamou a atenção de Jean-Christoph. "Quando pisei em Porto Alegre, senti que estava de volta a Berlim", brinca. "Em todas as placas de lojas, há nomes alemães, por todas as partes. Além disso, faz frio como na Europa".

Melhor do Brasil: Os brasileiros. "As pessoas são muito otimistas, muito positivas em relação à vida. Na Alemanha, não é assim. Somos mais fechados, mais pesados. Acho que o clima influencia muito, tenho essa teoria", avalia.

Pior do Brasil: Burocracia e lentidão. "Precisa de papéis e autorizações para tudo. Isso se parece com a Alemanha também", aponta. Jean-Christoph conta que achou algumas coisas muito lentas, como esperar meia hora em uma fila de supermercado com apenas cinco clientes. Porém, não considerou o fato tão ruim. "Isso não existe no meu país, mas eu gosto. Dá outro ritmo à vida", compara.

Diferença entre Brasil e Alemanha: No Sul do Brasil, o alemão se sentiu em casa, em função da numerosa colônia de imigrantes presente no Rio Grande do Sul. Mas, depois de andar por algumas partes do país atrás da seleção de Thomas Müller, começaram a surgir as diversidades. Como um típico cidadão alemão, que teve suas fronteiras redefinidas várias vezes nos últimos séculos, Jean-Christoph observa algo diferente no Brasil. "O país é enorme. Não sei como conseguem manter tudo unido, pessoas, culturas. É tudo muito diverso e, ainda assim, faz parte da mesma nação."

Francisco Padilla (México)
Francisco Padilla (Foto: Fernanda Canofre/G1)

A Copa dele: O contador de 45 anos, vindo deGuadalajara, acompanhou as partidas do México com outros cinco amigos na primeira fase. Esta é a terceira Copa do Mundo do grupo. Quatro deles voltaram para o México e dois seguiram para conhecer um pouco mais sobre o Brasil.

Primeiras impressões: Francisco achou o país muito populoso e com um clima de insegurança. "Comparado aos Mundiais realizados na Alemanha (2006) e na África do Sul (2010), o Brasil é muito desorganizado. No Nordeste, senti insegurança", aponta. Já Porto Alegre lhe agradou mais. "Gostei muito da cidade, apesar de achar o Centro um pouco sujo. Mas se pode caminhar à noite, não há tanta gente quanto em São Paulo", compara.

Melhor do Brasil: Os brasileiros. "São as pessoas, definitivamente. A gente daqui é incrível. Mesmo com a pobreza e os problemas, todos se entregam aos visitantes", afirma.

O pior do Brasil: As estradas. "Alugamos um carro para viajar pelo Nordeste e o pior foram as estradas. As rodovias são muito ruins."

Diferença entre os países: "Esperava um Brasil melhor, mas encontrei um país até mais pobre que o México".

Em Fortaleza:
Os americanos Michele Gau e Geoff Rubendall
(Foto: G1 CE)

Geoff Rubendall e Michelle Gau (EUA)

A Copa deles: O casal de engenheiros americanos Geoff e Michelle escolheu Fortaleza como sua cidade-sede da Copa no Brasil. Eles chegaram em 12 de junho, dia da abertura do Mundial. "Quando o Brasil jogava com a Croácia, estávamos voando para Fortaleza", diz Michelle. A americana conta que se tornou fã de futebol por causa do marido. "Eu cresci jogando, sempre fui muito fã de futebol. Quando me casei com ela, disse: 'Nós vamos para o Brasil'", conta Geoff. O casal, que mora na Califórnia, explica por que escolheu Fortaleza. "Adoramos essa ideia de ser uma cidade na praia. Assim, aproveitamos a praia, o futebol e a cultura ao mesmo tempo."

Primeiras impressões: Esta é a primeira vez que os dois estão no Brasil. "É um país bonito, é um povo bonito. Eu gostei da cultura, vemos as pessoas unidas. Os brasileiros adoram festas. É diferentes dos Estados Unidos. Eles são muito positivos."

Melhor do Brasil: "Todo mundo tem sido muito feliz e amigável".

Pior do Brasil: "A comida é muito boa, mas não estamos acostumados a comer frituras. Lá na Califórnia, as comidas são muito frescas, com vegetais e frutas. Tem sido um desafio colocar essas comidas fritas para dentro do corpo", afirma Geoff.

Segurança: "É bom ver todos os policiais ao redor. Fomos à Praia do Futuro. Lá, percebemos um pouco menos de segurança e pensamos se ficaríamos ou não. Mas é um lugar legal e não houve problema", diz o americano. "Passeamos muitas vezes em alguns pontos de Fortaleza, e tudo foi agradável", completa Michelle.

Língua: Geoff revela que esperava se comunicar mais facilmente no Brasil. "Tive muita dificuldade na comunicação, e encontramos poucas pessoas que falam inglês. Eu pensava que veria mais gente [com domínio do idioma], mas tenho me comunicado com gestos", conta o turista.

O turista alemão Georg Gauler (Foto: G1 CE)

Georg Gauler (Alemanha)

A Copa dele: O médico Georg Gauler veio com a família para curtir a Copa do Mundo no Brasil. Esta é a primeira vez dele no país. Os alemães passaram uma semana em Salvador, onde assistiram à goleada de 4 a 0 da Alemanha em cima de Portugal. O médico está há quatro dias em Fortaleza. "Vi muito futebol e aproveitei a comida, mas espero conhecer mais coisas do país."

Primeiras impressões: "É um país legal. Eu realmente gostei muito. É um povo maravilhoso e amigável. Estou realmente encantado".

Melhor do Brasil: "As pessoas são amigáveis. Todo mundo é solícito, todo mundo é legal. Isso é uma coisa que gostamos aqui".

Pior do Brasil: "O trânsito. Além disso, está tudo bem".

Segurança: "Particularmente, não tive problema, mas não vou a locais diferentes. Sempre ando em locais que eu vejo que há pessoas seguras, e não ando em ruas escuras. Por onde eu tenho andado, está tudo bem".

Em Brasília:
O dinamarquês Mathias Noerlem
(Foto: Isabella Calzolari/G1)

Mathias Noerlem (Dinamarca)

A Copa dele: O engenheiro de 25 anos veio ao Brasil com um amigo para ver a Copa do Mundo. Os dois já assistiram a dois jogos em Belo Horizonte e dois no Rio de Janeiro. A Brasília, Mathias veio apenas para visitar uma amiga e conhecer a cidade. Ele não viu nenhuma partida na capital federal.

Primeiras impressões: O dinamarquês achou Brasília muito diferente das outras cidades do país que visitou. "Aqui é muito vazio, plano. Faltam pessoas circulando", afirma.

Melhor de Brasília: A arquitetura. "Os monumentos daqui são muito bonitos", elogia.

Pior de Brasília: "Não sinto o calor das pessoas aqui", diz.

Segurança: Mathias afirmou se sentir seguro no Brasil. "As coisas não são tão perigosas quanto são mostradas nos noticiários".

Comida: "Em Brasília, como estou com uma amiga, estou conseguindo comer coisas boas. Mas no Rio, como estava sozinho, não gostei muito", afirma.

O inglês Terry Cooper (Foto: Isabella Calzolari/G1)

Terry Cooper (Inglaterra)

A Copa dele: O professor de 26 anos veio com quatro amigos ingleses para realizar o sonho de ver uma Copa no Brasil. Ele economizou durante um ano para poder ver os jogos do Mundial nos estádios. Terry comprou os ingressos para as partidas antes de desembarcar no país. O quarteto já passou pelo Rio de Janeiro e, de Brasília, seguirá para Manaus, onde pretende conhecer a Floresta Amazônica.

Primeiras impressões: "Andando pela cidade, a gente viu que Brasília é organizada, limpa e fácil de encontrar as coisas", afirma.

Melhor de Brasilía: "A arquitetura, sem dúvida", diz. O inglês também conta ter ficado impressionado com as cachoeiras nos arredores da cidade.

Pior de Brasília: Terry diz ter dificuldades para encontrar um local em que haja vários bares. Para ele, em Brasília as coisas "são muito espalhadas".

Segurança: O quarteto conta não ter tido nenhum problema no Brasil quanto à segurança. No Rio de Janeiro, Terry revela que evitou andar com corrente e relógio, mas achou o país muito tranquilo.

Grande diferença: Para o inglês, a grande diferença entre Londres e Brasília é a falta de pessoas nas ruas. "Brasília é uma cidade bonita, mas falta calor humano", compara.

A estudante Tina Pan (Foto: Isabella Calzolari/G1)

Tina Pan (Taiwan)

A Copa dela: A universitária de 21 anos veio ao Brasil para visitar um amigo brasileiro e aproveitou a oportunidade para assistir aos jogos da Copa do Mundo.

Primeiras impressões: "Não imaginava que Brasília fosse uma cidade tão grande", afirma.

Melhor do Brasil: Tina elogia a cordialidade dos brasileiros e diz ter gostado muito dos monumentos de Brasília.

Pior do Brasil: Por não falar português, a taiwanesa afirma que, se não estivesse acompanhada por um brasileiro, estaria enfrentando muitas dificuldades para conseguir informações sobre onde comer ou o que visitar.

Grande diferença: O clima. "Em Taiwan, é muito quente, e aqui o tempo está muito bom", afirma. Tina também se surpreendeu com a cordiaidade dos brasileiros. "Aqui as pessoas são mais abertas, gostam de abraçar."

Segurança: Segundo a estudante, a imagem do Brasil em Taiwan é que se trata de um país perigoso. "Tínhamos outra imagem, mas penso que aqui estou bem segura", ressalta.

O alemão Sven Latzke (Foto: Isabella Calzolari/G1)

Sven Latzke (Alemanha)

A Copa dele: O editor de televisão de 36 anos veio para a Copa no Brasil a trabalho. Ele já passou por Belo Horizonte e está na capital federal para fazer a cobertura do Mundial para uma emissora alemã.

Primeiras impressões: "Achei muito estranho todo mundo nos carros e ninguém nas ruas ou nos transportes públicos", afirma Sven.

Melhor de Brasilía: A arquitetura. O alemão diz que já conhecia, pela internet e por livros, o trabalho do arquiteto Oscar Niemeyer, mas ficou impressionado ao ver os monumentos pessoalmente. "Quando você vê as obras de Niemeyer, percebe como são especiais, diferentes. Esta cidade é muito única, e não há muitas parecidas com ela".

Pior de Brasília: "É muito difícil encontrar pessoas assistindo aos jogos nas ruas. Se você vai para outra cidades, as ruas estão lotadas", compara.

Segurança: "Minha visão é de quem está trabalhando, mas me sinto muito seguro aqui", diz Sven.

Comida: "Gostei muito do tempero da comida brasileira, é bem diferente".
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ESTRANGEIROS AVALIAM A PASSAGEM PELO RS



G1 - 07/07/2014 10h01

Em 5 itens, estrangeiros avaliam a passagem pelo RS durante a Copa. G1 ouviu mexicanos, um alemão, um inglês e um argentino durante a Copa. Porto Alegre sediou cinco partidas, de nove seleções de cinco continentes.

Fernanda Canofre, Guilherme Pontes e Rafaella Fraga Do G1 RS


Holandeses e australianos confraternizam após jogo em Porto Alegre (Foto: Guilherme Pontes/G1)

Os cinco jogos de Copa do Mundo em Porto Alegre modificaram a rotina da cidade, com turistas trazendo um pouco de sua cultura ao estado. Mas o que eles acharam de nós? Durante a permanência dos estrangeiros na capital, uma das primeiras impressões ruins foi a mobilidade urbana na cidade. No entanto, houve quem aprovou o sistema de transporte da capital gaúcha. A melhor impressão é quase unânimidade: a cordialidade dos brasileiros.



Para a maioria dos europeus, a cidade lembrou muito sua terra natal. Na opinião dos latinos, há miséria e desigualdade social pelas ruas. Apesar disso, perceberam várias semelhanças.

A violência, na opinião dos turistas ouvidos pelo G1, parece maior nas páginas de jornal que nas ruas da cidade. A maioria afirmou se sentir segura e não ter passado por nenhum problema. Apesar do pouco tempo no país, todos notaram os brasileiros "amigáveis" e dispostos a ajudar.

Na última semana do Mundial na capital gaúcha, o G1 ouviu alguns gringos que passaram pela cidade. O Beira-Rio sediou cinco partidas, de nove seleções de cinco continentes, e viu a rede balançar 22 vezes: uma média de 4,4 gols por partida.

Abaixo, confira as opiniões dos estrangeiros sobre Porto Alegre

Alemão Jean-Christoph Ritter vive em Berlim
(Foto: Fernanda Canofre/G1)

Jean-Christoph Ritter, da Alemanha

A Copa dele: O músico de 39 anos veio de Berlim com mais quatro amigos. Eles assistem juntos a todos os Mundiais desde 2006, quando estavam em casa. Para o Brasil, decidiram embarcar em cima da hora, duas semanas antes do início do evento e vão a todas as partidas da Alemanha nos estádios. "Já conhecia o Brasil, mas só o Rio de Janeiro. A Copa parece uma excelente oportunidade de conhecer outras regiões e a diversidade do país", diz.

Primeira impressão: O estilo “europeu” de Porto Alegre. "Quando pisei em Porto Alegre senti que estava de volta a Berlim", brinca. "Em todas as placas de lojas, há nomes alemães, por todas as partes. Além disso, faz frio como na Europa".

Melhor do Brasil: Os brasileiros. "As pessoas são muito otimistas, muito positivas em relação à vida. Na Alemanha não é assim. Somos mais fechados, mais pesados. Acho que o clima influencia muito, tenho essa teoria", avalia.

Pior do Brasil: Burocracia e lentidão. “Precisa de papéis e autorizações para tudo. Isso se parece com a Alemanha também", aponta. O alemão conta ainda que achou algumas coisas muito lentas, por exemplo, esperar meia hora em uma fila de supermercado com apenas cinco clientes. Porém, não achou isso exatamente tão ruim. "Não existe no meu país, mas eu gosto. Dá outro ritmo a vida", compara.

Diferença entre os dois países: No Sul do Brasil, o alemão se sentiu em casa, em razão da numerosa colônia alemã presente no Rio Grande do Sul. Mas depois de andar por algumas partes do país atrás da seleção de Thomas Müller, eis que surgiram as diversidades.

Os alemães, que tiveram as fronteiras de seu país redefinidas diversas vezes nos últimos séculos, observam algo diferente no Brasil. "O país é enorme. Não sei como conseguem manter tudo unido, pessoas, culturas. É tudo muito diverso e ainda assim faz parte da mesma nação".

Argentino Fernando Martin Contino é de Quilmes,
em Buenos Aires (Foto: Guilherme Pontes/G1)

Fernando Martin Contino, da Argentina

A Copa dele: O estudante de 27 anos é natural da cidade de Quilmes, na província de Buenos Aires. No Brasil na companhia de outros dois amigos, viu o jogo entre Argentina e Nigéria no estádio Beira-Rio, em Porto Alegre. Após a exibição com show de Messi no gramado, acredita no título argentino.

Primeira impressão: Boa receptividade. “As pessoas são muito simpáticas, tratam os visitantes muito bem e estão sempre dispostas a ajudar”, diz ele.

Melhor do Brasil: As brasileiras.“As mulheres são a melhor coisa. São lindas, tem uma beleza diferente das nossas mulheres, são divertidas e provocantes”, elogia.

Pior do Brasil: Trânsito e mobilidade urbana. “É bastante complicado para chegar aos lugares, muitos carros e a sinalização também poderia ser melhor”, exemplifica. “Sobre segurança, não tivemos problemas, mas ouvimos falar que em alguns lugares seria perigoso andar sozinho”, comenta.

Diferença entre os países: “A música, o jeito de dançar, o som. Isto é bem diferente em minha terra”, lista. “Mas as músicas brasileiras são divertidas. A comida é mais pesada do que a nossa, mas é muito, muito boa também”, destaca.

Inglês Martin Burgess passou a Copa do Mundo
em Porto Alegre (Foto: Rafaella Fraga/G1)

Martin Burgess, da Inglaterra

A Copa dele: O inglês de 46 anos acompanha pela primeira vez de perto a realização de uma Copa do Mundo. Escolheu Porto Alegre para passar duas semanas durante as férias, em pleno Mundial, mesmo a capital gaúcha não sediando nenhum jogo da Inglaterra. “A Copa não é só futebol” explica ele. Apesar disso, diz ter assumido o Grêmio como time brasileiro. No Beira-Rio, assistiu a dois jogos: Austrália x Holanda e Argentina x Nigéria.

Primeira impressão: O estilo “europeu” de Porto Alegre. “Parece um pouco com Portugal. E o clima é muito inglês”, ri, ao referir-se à chuva e ao dia nublado. "É uma cidade moderna. Há um bom sistema de transporte. O que me deixou até um pouco surpreso. Não sabia muito sobre aqui. Infelizmente, o que muita gente de fora sabe o Brasil é sobre favela e futebol”.

Melhor do Brasil: As pessoas. “São pessoas muito amigáveis e prestativas. Aqui conheci pessoas, fiz amigos. As pessoas são diferentes. Nada parece um grande problema para os brasileiros”.

Pior do Brasil: Miséria. “O mesmo problema do meu país. Pessoas sem casa, vivendo nas ruas”, descreve. “Mas me senti muito seguro em Porto Alegre. De verdade. Sei que ocorrem coisas, é claro que sim. Mas perto de mim, por onde andei, não vi nada”, garante.

Diferença entre os países: Alimentação. “Em Londres as pessoas bebem muito. Aqui se come muito. As porções de comida nos bares são imensas. E por um bom preço”, aponta o inglês.

Mexicano Francisco Padilla vive sua terceira Copa
do Mundo (Foto: Fernanda Canofre/G1)

Francisco Padilla, do México

A Copa dele: De Guadalajara, o contador de 45 anos acompanhou as partidas do México durante a primeira fase, junto a outros cinco amigos. Essa é a terceira Copa do Mundo do grupo. Quatro amigos voltaram para o México e dois seguiram para conhecer um pouco mais sobre o Brasil.

Primeira impressão: Populoso e clima de insegurança. “Comparado aos Mundiais realizados na Alemanha (2006) e África do Sul (2010), o Brasil é muito desorganizado. No Nordeste, senti insegurança”, aponta. Já Porto Alegre o agradou mais. "Gostei muito da cidade, apesar de achar o centro um pouco sujo. Mas aqui se pode caminhar à noite, não ha tanta gente quanto São Paulo”, compara.

Melhor do Brasil: Os brasileiros. "As pessoas, definitivamente. A gente daqui é incrível. Mesmo com a pobreza e os problemas, todos se entregam aos visitantes", afirma.

O pior do Brasil: Estradas. "Alugamos um carro para viajar pelo nordeste e o pior foram as estradas. As rodovias são muito ruins".

Diferença entre os países: "Esperava um Brasil melhor, mas encontrei um país até mais pobre que o México".

Mexicano Danilo Paredes viaja pelo Brasil sozinho
durante o Mundial (Foto: Fernanda Canofre/G1)

Danilo Paredes, do México

A Copa dele: O empresário de 33 anos está viajando sozinho desde o início da Copa do Mundo por várias cidades do Brasil. "Eu quis vir pelo povo e pela cultura, que se parecem muito conosco", diz. Passou por Porto Alegre para assistir ao confronto entre Alemanha e Argélia, pelas oitavas de final da competição.

Primeira impressão: "Quando cheguei, passando pelo cais, Porto Alegre me pareceu um pouco antiga. Mas caminhando pelo centro vi que tem uma arquitetura muito bonita".

Melhor do Brasil: Os brasileiros. "As pessoas são muito amáveis. Quando você pede informações, te ajudam e são de uma dedicação que nunca vi igual”, aponta o mexicano.

Pior do Brasil: Desigualdade social. "É muito marcante. Não esperava que fosse tanto assim".

Diferença entre os países: "Somos muito parecidos, mas para mim a diferença foi com a parte de segurança. Aqui me parece muito mais seguro que no México".