ITAMAR MELO
COPA 2014. Porto Alegre só na maquete
Com a perspectiva de não concluir a maior parte dos projetos para a Copa até junho, a Capital desperdiça uma grande oportunidade de se apresentar ao mundo em versão mais moderna e funcional
O plano era aproveitar a Copa para mostrar Porto Alegre ao mundo. Para isso, seria preciso melhorar a cidade e apresentá-la em uma versão mais moderna, sofisticada, funcional e bela, merecedora de receber turistas e atrair investimentos.
Oportunidade melhor não surgirá tão cedo. Durante um mês, entre junho e julho, as atenções do planeta estarão voltadas para as cidades-sede do Mundial. A capital gaúcha vai, necessariamente, virar notícia. A questão era investir para sair bem no retrato. As chances pareciam excelentes. Quando o Brasil foi escolhido pela Fifa, em 2007, Porto Alegre tinha um cardápio de projetos animador, que permitia sonhar com uma cidade mais qualificada, para moradores e visitantes, em junho de 2014. Somados os empreendimentos públicos e privados que estavam na prancheta, previa-se uma transformação profunda.
E a lista de projetos não parava de aumentar. Em 2009, a prefeitura apresentou uma relação de 26 empreendimentos que serviriam para deixar a cidade em condições de receber o Mundial e fazer bonito. Eles incluíam a ampliação da pista do aeroporto, uma linha de metrô entre o Centro e o campus da UFRGS, a revitalização do cais do porto e uma série de intervenções viárias, incluindo viadutos e duplicações de avenidas.
Nesta semana, quando começa a contagem regressiva dos cem dias para o início do Mundial, a constatação é que a chance oferecida a Porto Alegre foi, em larga medida, desperdiçada. Por motivos variados – burocracia, picuinhas políticas, planejamento ruim ou pura falta de dinheiro –, muitos dos principais planos foram abandonados, revistos ou estarão inconclusos. Nem mesmo obras que eram especificamente do pacote da Copa ficarão prontas.
– É um banho de água fria. Porto Alegre ainda não saiu dos anos 70. Vamos mostrar na Copa uma cidade que não se reciclou, com seríssimos problemas de mobilidade, sem carinho consigo mesma e que não aproveita as próprias potencialidades. Significa uma perda, porque compromete em no mínimo 70% a capacidade de aproveitar o evento para atrair turismo e negócios – afirma a professora de arquitetura e urbanismo da UniRitter Maria Isabel Marocco Milanez.
O risco de não terminar projetos após o Mundial
Não entregar projetos a tempo do Mundial também é preocupante, segundo a professora, porque pode significar não terminá-los nem mesmo depois:
– Se tudo for feito depois da Copa, o ônus não será tão pesado, porque Porto Alegre terá uma versão contemporânea da vida urbana. Mas não acredito nisso. Se não conseguimos fazer as obras com o estímulo que a Copa representa, imagina sem esse estímulo.
Há vários exemplos de cidades que se reinventaram a partir de um grande evento. Barcelona talvez seja o melhor deles. Antes da Olímpiada de 1992, era um centro industrial decadente e periférico, fora dos radares. O investimento que fez para os Jogos mudou completamente sua imagem. Barcelona passou a ser vista como uma das cidades mais charmosas do mundo e lucrou com isso. Guardadas as proporções, Porto Alegre também tinha projetos capazes de promover uma virada e se colocar no mapa. Mas quando junho chegar, eles terão existência apenas em uma cidade imaginária, o Porto das Maquetes, que Zero Hora reconstitui nas páginas seguintes.
O plano era aproveitar a Copa para mostrar Porto Alegre ao mundo. Para isso, seria preciso melhorar a cidade e apresentá-la em uma versão mais moderna, sofisticada, funcional e bela, merecedora de receber turistas e atrair investimentos.
Oportunidade melhor não surgirá tão cedo. Durante um mês, entre junho e julho, as atenções do planeta estarão voltadas para as cidades-sede do Mundial. A capital gaúcha vai, necessariamente, virar notícia. A questão era investir para sair bem no retrato. As chances pareciam excelentes. Quando o Brasil foi escolhido pela Fifa, em 2007, Porto Alegre tinha um cardápio de projetos animador, que permitia sonhar com uma cidade mais qualificada, para moradores e visitantes, em junho de 2014. Somados os empreendimentos públicos e privados que estavam na prancheta, previa-se uma transformação profunda.
E a lista de projetos não parava de aumentar. Em 2009, a prefeitura apresentou uma relação de 26 empreendimentos que serviriam para deixar a cidade em condições de receber o Mundial e fazer bonito. Eles incluíam a ampliação da pista do aeroporto, uma linha de metrô entre o Centro e o campus da UFRGS, a revitalização do cais do porto e uma série de intervenções viárias, incluindo viadutos e duplicações de avenidas.
Nesta semana, quando começa a contagem regressiva dos cem dias para o início do Mundial, a constatação é que a chance oferecida a Porto Alegre foi, em larga medida, desperdiçada. Por motivos variados – burocracia, picuinhas políticas, planejamento ruim ou pura falta de dinheiro –, muitos dos principais planos foram abandonados, revistos ou estarão inconclusos. Nem mesmo obras que eram especificamente do pacote da Copa ficarão prontas.
– É um banho de água fria. Porto Alegre ainda não saiu dos anos 70. Vamos mostrar na Copa uma cidade que não se reciclou, com seríssimos problemas de mobilidade, sem carinho consigo mesma e que não aproveita as próprias potencialidades. Significa uma perda, porque compromete em no mínimo 70% a capacidade de aproveitar o evento para atrair turismo e negócios – afirma a professora de arquitetura e urbanismo da UniRitter Maria Isabel Marocco Milanez.
O risco de não terminar projetos após o Mundial
Não entregar projetos a tempo do Mundial também é preocupante, segundo a professora, porque pode significar não terminá-los nem mesmo depois:
– Se tudo for feito depois da Copa, o ônus não será tão pesado, porque Porto Alegre terá uma versão contemporânea da vida urbana. Mas não acredito nisso. Se não conseguimos fazer as obras com o estímulo que a Copa representa, imagina sem esse estímulo.
Há vários exemplos de cidades que se reinventaram a partir de um grande evento. Barcelona talvez seja o melhor deles. Antes da Olímpiada de 1992, era um centro industrial decadente e periférico, fora dos radares. O investimento que fez para os Jogos mudou completamente sua imagem. Barcelona passou a ser vista como uma das cidades mais charmosas do mundo e lucrou com isso. Guardadas as proporções, Porto Alegre também tinha projetos capazes de promover uma virada e se colocar no mapa. Mas quando junho chegar, eles terão existência apenas em uma cidade imaginária, o Porto das Maquetes, que Zero Hora reconstitui nas páginas seguintes.
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