quarta-feira, 26 de março de 2014

A FIFA E A NOSSA INCÚRIA ADMINISTRATIVA


JORNAL DO COMERCIO 26/03/2014



Aconteceu o que estava escrito nas estrelas do firmamento político-administrativo-cultural do Brasil, ainda temos obras atrasadas para a Copa do Mundo de 2014. Nada trágico, eis que também ocorreram problemas com outras sedes em países, segundo muitos deslumbrados, que são “mais importantes, ricos e culturalmente adiantados que o Brasil”. A Copa do Mundo virou uma tradicional novela com um enredo insosso de tão trivial e previsível. Fomos escolhidos em 2007, e nos candidatamos bem antes. Sete anos depois, ainda estamos correndo com adendos, instalações provisórias, comunicações, votações legislativas e outros detalhes. São detalhes, mas deles depende o evento maior do futebol mundial. Reuniões, viagens, encontros e debates, isso tivemos até demais.

Há quem diga que é pessimismo exagerado e uma baixa autoestima que não devem acontecer para um País tão lindo, um povo tão generoso e tudo será resolvido. Claro, afinal, Deus é brasileiro. É brasileiro, mas não joga, apenas fiscaliza. O mais elementar são os estádios prometidos para a Copa do Mundo. Porto Alegre tem o local oficial, belo e remodelado, o do Internacional. O outro estádio é o do Grêmio, novíssimo, mas cujo uso - imaginem, para jogos de futebol e a razão de ser do clube -, custos e contratos com a construtora são motivos de questionamentos recorrentes.

Apenas nesta semana, a prefeitura de Porto Alegre recebeu uma parcela de dinheiro federal, via financiamento. Dá tempo para finalizar, dá. Mas ficou deprimente para a cidade e o futebol nacional. Os atrasos do Brasil na preparação da Copa do Mundo foram abordados pela Fifa em Zurique. Agora, em cima do laço, a cobrança é forte, não só em relação aos estádios que ainda não estão prontos - Itaquerão, Arena da Baixada e Arena Pantanal -, mas também pelos problemas que ocorrem no entorno de vários deles. Alguns continuam verdadeiros canteiros de obras.

Isso é o que pensam o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, e o uruguaio Eugenio Figueredo, presidente da Conmebol e também da Comissão Organizadora da Copa. O Itaquerão, local da abertura do Mundial, em 12 de junho, com o jogo entre Brasil e Croácia, tem atenção especial. Para a Fifa, a data de conclusão do estádio será 15 de maio - o prazo de 15 de abril foi descartado por eles há três semanas. As operadoras de telefonia alertaram para o risco de problemas no uso de celular e da internet em 12 de junho.

A demanda será grande e elas não terão 120 dias para instalar e testar os equipamentos. Sobre as estruturas temporárias, desde 20 de janeiro Jérôme Valcke tem a garantia de Andrés Sanchez que o Corinthians pagaria por elas. Em Porto Alegre, o Internacional se eximiu e também a prefeitura. O responsável pelas obras do Itaquerão acabou admitindo que o clube assumirá essa despesa. Está em busca de parceiros e vai alugar parte do material, como os telões do estádio. Críticas recaíram sobre o Beira-Rio, pois, para Jérôme Valcke, praticamente nada foi feito no entorno. A palavra final estava com a Assembleia Legislativa, e o prefeito José Fortunati bem apreensivo. Nesta quarta-feira, em Brasília, o vice-prefeito Sebastião Melo tratará de acalmar os que vão nos cobrar as obras temporárias. E não é o pessoal da Fifa.

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