terça-feira, 4 de março de 2014

A COPA DAS DIVERGÊNCIAS



ZERO HORA 04 de março de 2014 | N° 17722

PÁGINA 10 | ROSANE DE OLIVEIRA

Daqui a cem dias, a Copa das divergências




O que o Rio Grande do Sul e o Brasil ganharão se funcionar a torcida pelo fracasso da Copa? Nada, evidentemente, mas assim mesmo há um contingente expressivo de brasileiros torcendo para que as obras não fiquem prontas, os turistas não venham e a Seleção não passe da primeira fase. Por que, mesmo? Para poderem dizer que tinham razão, que não somos capazes de organizar um Mundial, que se jogou dinheiro fora, que o país se ajoelhou diante da Fifa. Daqui a cem dias, começa a Copa das divergências.

Os adeptos do “não vai ter Copa” esquecem que os investimentos já foram feitos e que torcer contra não vai transformar estádios em hospitais ou em escolas. Ignoram que, se há uma forma de fazer esses investimentos se tornarem produtivos, é exatamente torcendo para que a Copa se realize, atraia turistas e gere receita de impostos. A época certa para impedir a realização da Copa já passou. Foi quando a Fifa aceitou a candidatura do Brasil. Agora, o melhor que se tem a fazer é trabalhar para que tudo dê certo e colher os dividendos.

A torcida anti-Copa faz lembrar o que ocorreu em Porto Alegre à época do Fórum Social Mundial. A banda contrária à realização do fórum reclamava do emprego de dinheiro público no aluguel de instalações na PUC, na montagem do acampamento da Juventude, no pagamento de passagens e estadia para palestrantes. Veio o Fórum, Porto Alegre viu sua rede hoteleira com 100% de ocupação e os restaurantes cheios numa época em que, tradicionalmente, esses estabelecimentos viviam às moscas.

Os mesmos que vociferavam contra o fórum e classificavam os participantes como esquerdistas desocupados passaram a defender a reedição do encontro, de olho no dinheiro dos turistas – e isso que eram visitantes de orçamento modesto. Diferente é o perfil dos torcedores que viajam para assistir a uma Copa do Mundo.

As obras de mobilidade são o grande legado da Copa. Boa parte delas não ficará pronta nos próximos cem dias, mas, pelo menos, estão em andamento. É o caso de viadutos, duplicações de avenidas e corredores de ônibus que ajudarão a dar fluidez ao trânsito nos próximos anos.



ESPÍRITO VERDE-AMARELO



Conhecido por se fantasiar de Papai Noel, Coelho da Páscoa e outros personagens em datas especiais, o taxista Newton Boa Nova, 50 anos, apresentou ao prefeito José Fortunati a decoração alusiva à Copa do Mundo. Há duas semanas, Boa Nova desfila com seu táxi decorado com as cores da bandeira, veste-se de verde e amarelo e reproduz músicas sobre futebol no seu equipamento de som.

Entusiasta do Mundial, mandou fazer uma réplica da taça em isopor. No encontro com Fortunati, o taxista disse que considera a Copa do Mundo uma oportunidade de conhecer pessoas de culturas diferentes e de divulgar a cidade para o mundo. Para melhor atender aos turistas, anunciou que fará um curso intensivo de inglês.

A escassez de motoristas de táxi com conhecimentos elementares de outros idiomas é uma das maiores preocupações da prefeitura. Não é por falta de oportunidade que tão poucos motoristas falam inglês ou espanhol: sobram vagas nos cursos oferecidos há mais de um ano. A maioria rejeita a oferta alegando falta de tempo para estudar.

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