quarta-feira, 26 de março de 2014

FOI UMA ROUBADA

TERRA ESPORTES, 25 de Março de 2014•21h33 • atualizado às 21h36

Brasil sediar a Copa foi uma "roubada", diz governador do RS. Tarso disse que estaria protestando contra "eventuais arbítrios" se não fosse governador



Luís Felipe dos Santos
Direto de Porto Alegre


Enquanto a Assembleia Legislativa aprovava a isenção fiscal para as estruturas temporárias da Copa de 2014 em Porto Alegre, o governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, participava do evento "Diálogos sobre a Copa", organizado pelo Gabinete Digital. Diante de representantes de movimentos sociais, secretários e assessores, ele afirmou que a decisão de sediar a Copa do Mundo no Brasil foi "uma roubada" pelo impacto social que o evento causa.


Governador do Rio Grande do Sul durante entrevista na Federasul (foto de arquivo)Foto: Daniel Favero / Terra


"Concordo com os representantes de movimentos sociais que o diálogo deveria ser orientado pelo governo federal. Soubemos das invasões de soberania no País assim que foram acontecendo. A decisão de assumir a Copa nessas condições foi uma roubada, mas é uma oportunidade, apesar de todas as injustiças. Temos que garantir as condições para que esses jogos ocorram aqui", disse o governador.

Jogos da Copa em Porto Alegre serão realizado no Beira-RioFoto: Paulinho Menezes/Portal da Copa / Divulgação

Tarso afirma que o Rio Grande do Sul espera 200 mil turistas e que a movimentação financeira da Copa 2014 deve girar em torno de R$ 80 milhões em impostos para o Estado. Ao mesmo tempo, o governador criticou a "mercantilização completa dos esportes".


"Precisamos separar o espetáculo esportivo de um evento totalmente mercantil. (A Copa) é uma grande lição para nós. São apenas a ponta de grandes negócios para grandes corporações. Mas o evento vai ocorrer, e precisamos descobrir o que vai nos beneficiar", afirmou Tarso. "Isso tem uma contradição? Tem, mas a vida é contraditória. Eu, inclusive, se não fosse governador, estaria também protestando contra os eventuais arbítrios em nome da Copa".

Saiba quais problemas a Fifa encontrou no Beira-Rio


Tarso aproveitou o evento para criticar as lutas de MMA, as quais considera uma "impregnação da estética da morte, da violência", e "um elemento da construção da agressividade e do ódio".

Representantes de movimentos sociais mostraram preocupação com as consequências da Copa do Mundo no Rio Grande do Sul. A ambulante Olanda Campos, por exemplo, lamenta a obrigação de trabalhar a mais de 2 km de distância dos eventos da Fifa. Temas como a remoção de moradores da Avenida Tronco também foram abordados.

"Desde o início dissemos que não éramos contra a Copa nem a ampliação da avenida, que é um projeto para toda a cidade, mas não precisava ser a toque de caixa", disse José Araújo, do Comitê Popular da Copa e morador do local.

A arquiteta Claudia Favaro, também com Comitê Popular, lamentou o projeto de privatização do espaço público por parte da Fifa. "É difícil encontrar um urbanista que seja a favor desses megaeventos. A Copa faz parte de um modelo excludente de cidade", afirmou.

A arquiteta também pediu ao governador para que as escolas mantenham as atividades mesmo com as aulas suspensas, para evitar que isso incentive a exploração nas favelas.

No evento, estavam representantes de movimentos sociais como os representantes do Comitê Popular da Copa, Claudia Favaro e José Araújo, a ambulante Olanda Campos, o pesquisador Antonio Lassance, o jornalista Juca Kfouri, o presidente da Frente Nacional dos Torcedores, João Hermínio Marques, o advogado Onir Araújo, o cartunista Carlos Latuff e os secretários Aírton Michels (Segurança), Márcio Cabral (Turismo), Ricardo Petersen (Esportes) e Vinícius Wu (Secretário-Geral de Governo).

O governador saiu antes do final do evento devido a um compromisso, e os representantes de movimentos sociais se retiraram também. "Quero saber se vai ter diálogo com a Brigada Militar", disse o cartunista Latuff. Mesmo com a saída do governador, o debate seguiu.

"Estamos abrindo o diálogo sobre a Copa, que ocorrerá em diversas esferas, não necessariamente com a presença do governador", disse o secretário Vinícius Wu.


http://esportes.terra.com.br/futebol/copa-2014/brasil-sediar-a-copa-foi-uma-roubada-diz-governador-do-rs,a1c1ce35bbbf4410VgnVCM5000009ccceb0aRCRD.html

A 80 DIAS DEL MUNDIAL, BRASIL MILITARIZA LAS FAVELAS DO RIO


CLARIN.COM. 26/03/14

Dilma aceptó enviar tropas para colaborar con la policía de Río.


Tropas. Efectivos del ejército, ayer, en la favela de Maré, en Río. /REUTERS



La ocupación de una de las mayores favelas de Río de Janeiro por el Ejército brasileño, decidida luego de largos cabildeos durante el fin del semana entre el gobernador fluminense Sergio Cabral y la presidenta Dilma Rousseff, deberá garantizar literalmente su “paz armada” hasta el 31 de julio. La fecha no fue dispuesta al azar. Es que la Maré, nombre de ese abigarrado complejo de comunidades, se extiende al costado de una autopista estratégica durante el Mundial: la que vincula el Aeropuerto Internacional del Galeao con el centro carioca.

En este operativo se estima una participación de 1.500 hombres de las Fuerzas Armadas, apoyados en forma directa por agentes policiales del Batallón de Operaciones Especiales (Bope). La intervención derivó, ayer, en la acelerada huida de los capos de las principales organizaciones del tráfico de drogas, como el Comando Vermelho y las Milicias. El papel protagónico fue de los militares, que fueron convocados por sexta vez para auxiliar a las tropas policiales de Río, desde que Cabral inició su primera gobernación en 2007: el sosiego durante la Conferencia Mundial Río más 20 de la ONU en 2012 y, luego, durante la gira del Papa Francisco en 2013, fue conquistado a fuerza de bayonetas y tanques.

Durante las últimas dos semanas una sucesión de episodios de tiroteos y ametrallamientos de móviles policiales encendió todas las alarmas. Incluso habían retornado las balas perdidas con víctimas inocentes. La seguridad llegó a complicarse de modo tal que derivaría en poco tiempo en un riesgo serio para la tranquilidad de turistas e hinchas futboleros que deben llegar en masa a esa ciudad a partir del 11 de junio. Eso fue lo que decidió a Cabral y su secretario de Seguridad, Mario Beltrame, el funcionario que creó las unidades policiales pacificadoras de las favelas (UPP) a demandar la participación directa del Ejército. Sus tropas deberán asumir la responsabilidad total en la Maré.

La presidenta Rousseff aprobó el envío de batallones federales bajo la fórmula establecida por la Constitución brasileña, que admite el despliegue de las Fuerzas Armadas como “Garantía de la ley y el orden”. No deja de ser una paradoja que se gatille nuevamente esta cláusula constitucional a cinco días del aniversario del golpe de Estado que derribó al ex presidente Joao Goulart. El 31 de marzo próximo los brasileños recordarán medio siglo de aquella asonada que instauró una dictadura por 21 años. Lo cierto es que los gobiernos democráticos acudieron a los militares cada vez que se veían en figurillas para controlar las acciones desmedidas de los líderes de la organizaciones del tráfico de drogas. Estas mafias, que permearon durante décadas las estructuras sociales de las villas miserias brasileñas, no fueron realmente desalojadas. Apenas se llamaron a silencio.

El lunes, el ministro de Justicia José Eduardo Cardozo, compartió una conferencia de prensa con el jefe del Estado Mayor Conjunto de las FF.AA, el general José Carlos De Nardi. El oficial sostuvo que la participación de las tropas irá a redundar en “Una definitiva presencia del Estado en las comunidades. Las fuerzas federal se quedarán por el tiempo que sea necesario”. Al justificar su pedido de intervención militar, el gobernador Cabral justificó esa demanda en los ataques registrados contra las Unidades Pacificadoras de la policía estadual: “Es un paso decisivo para la seguridad en una área estratégica de Río”, argumentó.

VEXAME NA COPA

O SUL Porto Alegre, Quarta-feira, 26 de Março de 2014.



WANDERLEY SOARES


Na área da segurança, o Rio de Janeiro prepara um retrocesso de cinquenta anos


Estamos, nós brasileiros anfitriões da Copa, relembrando os episódios do golpe militar, ocorrido há cinquenta anos, contra as instituições democráticas do País. Como fui um dos cidadãos que, como jornalista, vivi, perambulando, com sede e com fome, as ruas de Porto Alegre, naquele período de arbítrio imposto por militares monitorados por civis que, ainda hoje, como moscas varejeiras, estão infiltrados e até dirigem órgãos da maior importância da administração pública brasileira, fico pensando, aqui, num cubículo da minha torre, como deverá estar sendo interpretada na aldeia mundial a intervenção do Exército e da Marinha, implorada de forma vexaminosa pelo governo do Rio de Janeiro, a capital da Copa do Mundo, para enfrentar os soldados do tráfico de drogas. Sigam-me


Retrocesso


Há cinquenta anos, a ideologia militar destruiu, amparada por civis colaboracionistas e estrategistas norte-americanos, as nossas instituições civilistas. Conseguimos sacudir a poeira e dar a volta por cima. No entanto, hoje, o governo do Rio, do alto de sua incompetência, pede que o Exército e a Marinha combatam as forças de Fernandinho Beira-Mar, ícone da bandidagem, que está preso. Ocorre que as forças armadas são treinadas para combater o chamado inimigo com direito e poder de atirar para matar. Isso significa que, se a segurança pública no País, como está dando exemplo o Rio - o que poderá ocorrer em outros Estados - exigir a saída das forças armadas dos quartéis contra as tropas de Fernandinho Beira-Mar, a Copa será marco de um retrocesso de, no mínimo, cinquenta anos em nosso processo de civilizabilidade. Imaginem isso: as forças armadas contra a tropa de um bandido que está preso. Mesmo no Rio, isto não vai virar samba


A FIFA E A NOSSA INCÚRIA ADMINISTRATIVA


JORNAL DO COMERCIO 26/03/2014



Aconteceu o que estava escrito nas estrelas do firmamento político-administrativo-cultural do Brasil, ainda temos obras atrasadas para a Copa do Mundo de 2014. Nada trágico, eis que também ocorreram problemas com outras sedes em países, segundo muitos deslumbrados, que são “mais importantes, ricos e culturalmente adiantados que o Brasil”. A Copa do Mundo virou uma tradicional novela com um enredo insosso de tão trivial e previsível. Fomos escolhidos em 2007, e nos candidatamos bem antes. Sete anos depois, ainda estamos correndo com adendos, instalações provisórias, comunicações, votações legislativas e outros detalhes. São detalhes, mas deles depende o evento maior do futebol mundial. Reuniões, viagens, encontros e debates, isso tivemos até demais.

Há quem diga que é pessimismo exagerado e uma baixa autoestima que não devem acontecer para um País tão lindo, um povo tão generoso e tudo será resolvido. Claro, afinal, Deus é brasileiro. É brasileiro, mas não joga, apenas fiscaliza. O mais elementar são os estádios prometidos para a Copa do Mundo. Porto Alegre tem o local oficial, belo e remodelado, o do Internacional. O outro estádio é o do Grêmio, novíssimo, mas cujo uso - imaginem, para jogos de futebol e a razão de ser do clube -, custos e contratos com a construtora são motivos de questionamentos recorrentes.

Apenas nesta semana, a prefeitura de Porto Alegre recebeu uma parcela de dinheiro federal, via financiamento. Dá tempo para finalizar, dá. Mas ficou deprimente para a cidade e o futebol nacional. Os atrasos do Brasil na preparação da Copa do Mundo foram abordados pela Fifa em Zurique. Agora, em cima do laço, a cobrança é forte, não só em relação aos estádios que ainda não estão prontos - Itaquerão, Arena da Baixada e Arena Pantanal -, mas também pelos problemas que ocorrem no entorno de vários deles. Alguns continuam verdadeiros canteiros de obras.

Isso é o que pensam o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, e o uruguaio Eugenio Figueredo, presidente da Conmebol e também da Comissão Organizadora da Copa. O Itaquerão, local da abertura do Mundial, em 12 de junho, com o jogo entre Brasil e Croácia, tem atenção especial. Para a Fifa, a data de conclusão do estádio será 15 de maio - o prazo de 15 de abril foi descartado por eles há três semanas. As operadoras de telefonia alertaram para o risco de problemas no uso de celular e da internet em 12 de junho.

A demanda será grande e elas não terão 120 dias para instalar e testar os equipamentos. Sobre as estruturas temporárias, desde 20 de janeiro Jérôme Valcke tem a garantia de Andrés Sanchez que o Corinthians pagaria por elas. Em Porto Alegre, o Internacional se eximiu e também a prefeitura. O responsável pelas obras do Itaquerão acabou admitindo que o clube assumirá essa despesa. Está em busca de parceiros e vai alugar parte do material, como os telões do estádio. Críticas recaíram sobre o Beira-Rio, pois, para Jérôme Valcke, praticamente nada foi feito no entorno. A palavra final estava com a Assembleia Legislativa, e o prefeito José Fortunati bem apreensivo. Nesta quarta-feira, em Brasília, o vice-prefeito Sebastião Melo tratará de acalmar os que vão nos cobrar as obras temporárias. E não é o pessoal da Fifa.

segunda-feira, 24 de março de 2014

TÁTICA DAS CIDADES DA COPA

REVISTA VEJA 01/03/2014 - 16:56

A tática das cidades da Copa contra black blocs

Estados se preparam para tentar combater a ação de vândalos mascarados em protestos durante a Copa do Mundo. Mas falta organização e apoio do governo

Felipe Frazão
























Manifestantes na avenida Paulista em São Paulo (SP), protestando contra a realização da Copa do Mundo no Brasil, na noite deste sábado (25) - Ivan Pacheco

No último fim de semana, a Polícia Militar de São Paulo testou uma nova tática para coibir a ação de vândalos mascarados que depredam a cidade quando manifestações degeneram em vandalismo: policiais praticantes de artes marciais assumiram a linha de frente da ação – sem armas de fogo. No aspecto tático, a operação foi bem-sucedida – o saldo de destruição se resumiu a duas agências bancárias – e não houve quebra-quebra generalizado, apesar de falhas de comunicação da PM, que acabaram detendo, entre os mais de 260 manifestantes, jornalistas que acompanhavam a passeata contra a realização da Copa do Mundo. No Rio de Janeiro, palco dos mais violentos confrontos – que incluem a trágica morte do cinegrafistaSantiago Andrade, atingido na cabeça por um rojão disparado por um mascarado –, a PM apresentou nesta semana seu protótipo de armadura, apelidado de Robocop. O equipamento de proteção será usado pela tropa de elite para conter black blocs.

Em Brasília, o governo federal, que até hoje tratou de forma tíbia a ação dos vândalos, tentou criar um protocolo padrão de ação das polícias. A articulação ficou a cargo da Secretaria Nacional de Segurança Pública, vinculada ao Ministério da Justiça. O Conselho de Comandantes das PMs entregou um documento para orientar, com diretrizes gerais, a atuação das Tropas de Choque. Na prática, porém, o patrulhamento deve se manter bastante singular em cada cidade-sede do torneio.

As peculiaridades regionais dos protestos não permitem que um padrão de atuação obrigatório seja adotado por todas as PMs do país, avalia o coronel Silanus Serenito de Oliveira Mello, subcomandante-geral da Brigada Militar do Rio Grande do Sul. “Cada polícia tem a sua característica, não tem como impor uma regra geral. Pelo pacto federativo, cada Estado treina o policial e atua da forma como entender melhor dentro da filosofia da política de segurança de seu governo. Padronizar é impossível”, diz Mello, que coordenou o grupo de comandantes.

A quatro meses do início da Copa do Mundo, quando os holofotes do mundo inteiro estarão direcionados para o Brasil, o governo dá sinais de que ainda busca um modo de evitar danos mais sérios, que podem provocar embaraço internacional para o país. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, leva adiante um projeto de lei da Presidência que limita ações de manifestantes e coíbe mascarados. No dia 11 de março, terá início em Porto Alegre a primeira edição do curso de multiplicadores para oficiais das PMs – com base no guia produzido pelos comandantes-gerais. No retorno às cidades-sede, eles serão os responsáveis por orientar as tropas e definir que meios comuns serão empregados pelos policiais sob seu comando.

Por enquanto, cada PM tem buscado desenvolver um método próprio de intervenção nas manifestações – por vezes adaptado de técnicas internacionais, como o confinamento de manifestantes conhecido como kettling na Europa. O cerco também foi usado no sábado pela primeira vez em São Paulo. O site de VEJA ouviu comandantes e representantes das PMs dos Estados que abrigarão jogos do mundial para mapear como cada força atuará para controlar manifestações de rua durante a Copa. A reportagem não obteve resposta de Brasília (DF), Manaus (AM) e Natal (RN).


Como as PMs brasileiras agem em protestos

As diferentes formações das tropas de segurança das cidades-sede da Copa



SÃO PAULO - A Polícia Militar de São Paulo selecionou cerca de 200 policiais a pé e os treinou em artes marciais – com foco em técnicas de imobilização e projeção ao solo do Jiu-Jitsu. Eles atuaram pela primeira vez no último sábado, quando a PM destacou 2 300 agentes para acompanhar uma manifestação com cerca de 1 300 pessoas. A chamada Companhia de Intervenção caminhou em fila indiana tripla, mesclada aos demais policiais, ao lado dos manifestantes. Essa tropa não portava armas de fogo – apenas cassetetes e escudos, além de capacete. Quando a PM confinou os manifestantes num cerco – sob a justificativa de “evitar” de depredação – os apelidados “ninjas” aplicaram golpes de imobilização (“gravata” e “mata-leão”) para impedir a fuga de mascarados. Jornalistas também levaram golpes. Na retaguarda, a PM paulista manteve a Rocam (policiamento por motocicletas), o Batalhão de Choque e a Força Tática, orientados via rádio e por um helicóptero. Esses batalhões têm equipamentos mais potentes, como bombas de gás lacrimogênio e escopetas calibre 12 para disparo de balas de borracha – além de ônibus. A PM também está comprando quatro caminhões antimotim israelenses.



RIO - A PM do Rio de Janeiro apresentou nesta semana um novo equipamento de proteção para ser usado nos confrontos de protestos de rua pelos 600 homens do Batalhão de Grandes Eventos (BPGE). A armadura no estilo "Robocop" pesa cerca de dez quilos e é mais resistente a impactos – como pedradas e rojões. O equipamento completo tem capacete, colete, ombreiras, joelheiras e protetores nas pernas e nos braços. Ao todo, a PM dispõe de 200 armaduras para o BPGE. A Tropa de Choque já tinha protetores semelhantes. As duas forças atuam com armas de baixa letalidade, como bombas de gás lacrimogêneo, granadas de luz e som, disparos de bala de borracha e pistolas Taser (de choque elétrico). A PM do Rio também já mobilizou a cavalaria e blindados para conter black blocs, no auge dos protestos de junho do ano passado. Eles atuam a distância e atacam em formações de conjunto. A corporação dispõe também de um caminhão que dispara jatos de água. E está reforçando treinamento em artes marciais.



PORTO ALEGRE - A Brigada Militar do Rio Grande do Sul adota a técnica de policiamento a distância – orientação diferente da que vem sendo usada, por exemplo, em São Paulo. Para evitar “provocações” de mascarados, o comando-geral da Brigada Militar mantém os policiais afastados, sem caminhar em fila ao redor dos manifestantes – como uma “moldura”. "Evitamos o contato da tropa com manifestantes. Nossa meta é preservar a integridade física de manifestantes e policiais. A reação de um policial que se sente ameaçado é mais violenta”, diz o subcomandante-geral, coronel Silanus Serenito de Oliveira Mello. “As manifestações cresceram demais. Quando se trabalha com proximidade, acompanhando a marcha, é preciso um efetivo grande e não é possível usar bombas não letais para dispersão. A distância, não se consegue conter depredações e pichações, mas avaliamos que esses são crimes leves e que o dano provocado por entrar no meio da multidão para prender o manifestante que depreda é grande, muitas pessoas pacíficas podem se ferir. O mal que vamos provocar é muito maior do que o dano que ele provocou." Também não há plano de se criar um pelotão especializado em artes marciais. Até maio, a Brigada reforçará o treinamento em Controle de Distúrbios Civis das tropas já especializadas. A Brigada Militar dividiu os policiais em dois grandes batalhões: o Batalhão Copa fará a segurança do nos perímetros da Fifa (Estádio da Beira Rio e Fan Fest, pontos turísticos, aeroportos e estações rodoviárias) e o Batalhão Especial de Pronto Emprego, com cerca de 2 000 homens, será destinado exclusivamente aos protestos violentos. O Batalhão de Pronto Emprego reunirá o Choque, pelotões de Operações Especiais e regimentos de Cavalaria – com reforço vindo do interior do Estado. Um terceiro efetivo de reserva atuará nas ocorrências de Porto Alegre.



MINAS GERAIS - O Comando de Policiamento Especializado (CPE) de Minas Gerais centralizará as ações de segurança para protestos em jogos da Copa do Mundo. O CPE da Polícia Militar mineira adquiriu granadas de borracha com tinta em gel para arremessar na direção de vândalos. Quando o artefato explode, a emulsão vermelha gruda na roupa e na pele dos mascarados. O Grupamento de Ações Táticas Especiais (GATE) pode, assim, entrar na multidão para capturar com técnicas de imobilização os vândalos manchados pela tinta. A ação é amparada por câmeras de alta resolução ligadas a centrais de monitoramento e a um helicóptero equipado com uma câmera de alta capacidade de alcance. Inspirada na polícia francesa, que estabelece perímetros para manifestações, a PM de Minas usa desde o ano passado carros de som para orientar manifestantes até onde é permitido marchar; e depois para se afastarem de black blocs. “Quando acontece a quebra da ordem, nós avisamos: ‘atenção pessoas de bem, afastem-se existem criminosos no meio de vocês. A Polícia Militar vai agir. Essa estratégia legitima [a intervenção]”, explica o major Gilmar Luciano. A PM mineira está preparando um curso de defesa pessoal para jornalistas que cobrem manifestações. O curso começará após o Carnaval. O objetivo é orientar os profissionais de imprensa a como se proteger durante os protestos. A PM também criou um Batalhão Copa, integrado por policiais em formação nas academias de polícia, futuros oficiais e sargentos. Os PMs de Minas têm treinamento em AiKiDo, combinados com uso de cassetetes para defesa contra pauladas, pedradas e outras agressões.



SALVADOR - A Polícia Militar da Bahia avalia adotar a tática da PM paulista e criar uma Companhia de Intervenção com policiais desarmados e especializados em artes marciais, segundo o coronel Gilson Santiago Messias, diretor do Departamento de Comunicação Social. "Qualquer técnica não letal é válida. A imobilização é extremamente importante, porque evita consequências mais graves, e serve como mais etapa no processo de persuasão”, diz Santiago. “Estamos fazendo avalições e estudos para adotar essa técnica, mas ainda não temos nada de concreto." A PM baiana deve começar a cuidar do planejamento específico da Copa do Mundo, que envolve o Estádio da Fonte Nova, concentrações e centros de treinamento de seleções, somente depois da operação do Carnaval. Ele explica que a PM adota na Bahia a doutrina americana de negociação, inclusive com carros de som. O Batalhão de Choque atua apenas na retaguarda, numa terceira linha de contenção dos protestos. A primeira linha, mais próxima à passeata, é composta pelo policiamento ordinário, que acompanha a caminhada dos manifestantes. Na segunda linha, vêm os policiais do Batalhão de Eventos, uma força superior que se posiciona de forma transversal à marcha e entra em ação para “impedir a progressão”, com bastões e escudos antitumulto. Para o Choque e a Companhia de Operações Especiais serem acionados e dispararem munição química e balas de borracha, “é preciso que as tentativas de negociação tenham sido vencidas”, diz Santiago.


CURITIBA - O comandante do 1º Comando Regional (Curitiba) da Polícia Militar do Paraná, coronel Milton Isack Fadel Jr, diz que a corporação realocar policiais do interior para a capital paranaense durante o mundial. Fadel, que também coordena as ações para a Copa, disse que Curitba já recebeu um Centro Integrado de Controle Móvel – caminhão que recebe imagens de câmeras – e que deve receber um caminhão para disparo de jatos d’água do governo federal. Em Curitiba, o policiamento de manifestações é feito com a ROTAM e a tropa especializada em distúrbios civis. “Passamos desde junho por um processo de amadurecimento bem interessante no contato entre a polícia e manifestantes. Inicialmente não colocávamos policias ostensivos, à vista deles, porque alguns queriam justamente procurar os policiais fardados para criar um fato [provocar]. Usávamos policiais à paisana, da inteligência, e a tropa acompanhava de longe. No último momento, normalmente ao cair da noite quando manifestantes pacíficos já tinham abandonado o protesto e só restavam os beligerantes, as tropas de controle entravam.” Segundo o comandante, os grupos de black blocs curitibanos foram monitorados, inclusive com da inteligência policial de outros Estados. Ele descarta, por enquanto, adoção de pelotões especializados em artes marciais: "A técnica de controle de distúrbios civis deu conta e não houve necessidade de incrementar".



RECIFE - A Polícia Militar de Pernambuco informou que a tropa destacada para atuação nos protestos durante a Copa do Mundo será o Batalhão de Choque (BPChoque). A corporação disse que não pode divulgar o tamanho do efetivo. Segundo a PM, os policiais do Choque já possuem os equipamentos de defesa e armamento menos letal para aplicação durante o torneio. O Choque costuma intervir em manifestação no centro de Recife com disparos de bala de borracha, bombás de gás e spray de pimenta, adotando técnicas de evolução e avanço em grupo, sob a proteção de escudos.



CUIABÁ - A Polícia Militar do Mato Grosso possui 480 agentes capacitados para atuar com policiamento de Choque. Eles integram o Batalhão de Força Tática (ROTAM) e o Regimento de Policiamento Montado (RPMon). Os policiais de Operações Especiais recebem, segundo o tenente coronel Paulo Ferreira Serbija Filho, treinamento contínuo com foco em Jiu-Jistu e Judô. O oficial explicou que os protestos em Cuiabá chegaram a pequenos confrontos e atos de depredação – que precisaram do emprego da Tropa de Choque e do policiamento ordinário. Segundo Serbija, os policiais só fazem disparos de bala de borracha e de bombas de gás para dispersão dos protestos após adotarem um padrão de ação: mediação por diálogo, demonstração de força e manobras da tropa para cerco ou retirada de infratores. A Secretaria de Segurança Pública do Estado afirmou que já recebeu dois Centros de Comando e Controle Móveis, aposta tecnológica do governo federal, e uma das três Plataformas de Observação Elevada previstas. “Ainda serão entregues um conjunto de captção de imagens aéreas (câmeras que serão acopladas aos quatro helicópteros da SSP) e equipamentos antibomba”, disse a secretaria.



FORTALEZA - A Polícia Militar do Ceará possui uma Companhia de Controle de Distúrbios Civis (CDC), dentro do Batalhão de Choque, para controlar atos de vandalismo em manifestações. Segundo o tenente coronel Fernando Albano, chefe da assessoria de comunicação da PM cearense, a adoção de técnicas baseadas em artes marciais ainda não foi discutida no comando-geral, “mas os policiais passam por constante processo de capacitação”. Segundo Albano, a PM desenvolveu uma tropa para atuar à paisana, em parceria com o setor de inteligência da Secretaria de Segurança Pública. O objetivo é a identificação de possíveis baderneiros nos protestos. O oficial explica que a polícia já possui uma reserva técnica de armamentos não letais (bombas de gás e de som e luz, por exemplo) para protestos ao longo de 2014. "Esperamos não utilizá-los, não estamos nos preparando para uma guerra. São medidas preventivas, mas esperamos, de coração, não usar”, disse Albano. "Obedecemos aos ditames constitucionais e usamos meios moderados dentro dos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade".



GRUPOS QUE AMEAÇAM A COPA

REVISTA VEJA 08/03/2014 - 01:00

Serviço de inteligência identifica seis grupos que são ameaças à Copa

Relatório enviado à Presidência mostra que gasto 2 bilhões de reais na segurança do evento esportivo não é excesso de cuidado

Robson Bonin e Rodrigo Rangel



NA VÉSPERA: A polícia já identificou vários responsáveis por atos de vandalismo e pretende detê-los (Ricardo Moraes/Reuters)

A12 quilômetros do Palácio do Planalto, em Brasília, policiais de várias partes do país trabalham diariamente em uma sala de controle para a qual vão convergir todas as situações de emergência que vierem a ocorrer ao longo da Copa do Mundo no Brasil. Dezenas de monitores, formando um painel de cobertura nacional, receberão imagens captadas em tempo real nas doze capitais que vão sediar um dos mais importantes eventos esportivos do planeta. Nessa sala, oficiais da polícia e agentes de inteligência trocarão informações sobre suspeitos de crimes, avaliando potenciais riscos para torcedores, seleções e autoridades. Com base nos dados que receberão das equipes de campo, traçarão as estratégias para solucionar as eventuais crises de manifestações de rua, ameaças de bomba ou confronto de gangues de torcidas uniformizadas. A segurança da Copa envolverá 100 000 homens, entre policiais, agentes federais e militares das Forças Armadas, e contará com helicópteros, aviões, viaturas e drones. A central de operações montada em Brasília será a ponta da cadeia de comando e vai operar 24 horas por dia em conexão com bases similares em funcionamento em todas as cidades-sede.

Responsável por garantir que tudo transcorra na mais perfeita tranquilidade, o governo federal assegura que nada atrapalhará ou impedirá o Brasil de fazer a “Copa das Copas”, como repete a presidente Dilma Rousseff toda vez que se refere ao evento. O otimismo oficial, porém, é relativo. Faltando menos de 100 dias para o jogo inaugural, documentos oficiais mostram que o investimento de quase 2 bilhões de reais no esquema de segurança não é excesso de cuidado. VEJA teve acesso a um relatório produzido pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) que lista seis grupos potencialmente capazes de tumultuar ou até mesmo impedir a realização do campeonato mundial de futebol.

FIFA TIRA DO AR DICAS DA COPA SOBRE BRASILEIROS

Videversus
VIDEVERSUS domingo, 23 de março de 2014

FIFA TIRA DO AR PÁGINA DO 10 DICAS SOBRE OS BRASILEIROS. É PENA! ATÉ QUE ERAM BOAS. OU: A VOLTA DO "RELAXA E GOZA"






Leio na Folha que a Fifa decidiu tirar do ar uma página em que explica o Brasil para os turistas, para os “iniciantes”, dando algumas dicas aos estrangeiros que nos visitam. A entidade ficou com temor de que pudesse ofender a brasileirada. Já ouvi, de fato, aqui e ali alguns muxoxos de protesto. Não chego a ter simpatia pela Fifa, mas será que está muito errada? Traduzo as dicas. Comento em seguida.

1: Sim nem sempre significa “sim”
Os brasileiros são um povo receptivo e otimista, e eles nunca começam uma frase com “não”. Há vários sentidos para a palavra “sim”. De fato, para os brasileiros, “sim” pode significar “talvez”. Se alguém lhe disser “eu ligo de volta”, não espere que o telefone toque nos cinco minutos seguintes.

2: O tempo é flexível
A pontualidade não é exatamente uma ciência no Brasil. Quanto você combina de encontrar alguém, ninguém espera que você esteja no local na hora exata. Um atraso de 15 minutos é a norma. Se duas pessoas marcam um encontro às 12h30, elas vão se ver a partir das 12h45.

3: Contato físico
Homens e mulheres não estão acostumados com o modo europeu de manter uma distância educada entre si. Eles falam com as mãos e não hesitam em tocar a pessoa com a qual conversam. Nas casas noturnas, isso pode até resultar num beijo, mas não se deve levar a mal. Um beijo, no Brasil, é só uma forma descontraída de comunicação não verbal, não um convite para algo mais.

4: Filas
Esperar pacientemente na fila não está no DNA dos brasileiros. Quando eles vão subir numa escada rolante, por exemplo, não existe o costume britânico de se alinhar em um dos lados. Em vez disso, preferem o caos. Mas, de algum modo, conseguem chegar ao topo (frequentemente).

5: Contenção
Se você for a uma churrascaria que oferece tudo-o-que-há-para-comer e se quiser provar imediatamente toda a variedade de carnes, lembre-se de duas coisas: de não se alimentar nas 12 horas anteriores e de comer em pequenas porções, já que a melhor carne é geralmente servida por último.

6: Prevalência do mais forte
Nas ruas, os pedestres são claramente ignorados, e, mesmo nas faixas de segurança, dificilmente um motorista vai parar. O direito de ultrapassagem dos motoristas é simplesmente definido pelo veículo maior.

7: Experimente açaí
Os frutos da Amazônia podem realmente fazer maravilhas. São agentes emagrecedores naturais, previnem doenças e, dizem, são energéticos. Uma porção no intervalo da partida pode ajudar o jogador mais cansado a recuperar as suas forças.

8: Topless
Corpos descobertos e arte em corpo feminino são comuns no Carnaval, mas não é isso o que você vai ver todos os dias no Brasil. Ainda que os biquínis brasileiros tenham menos pano quando comparados aos europeus, eles são sempre usados. Tomar sol na praia sem biquíni é rigorosamente proibido e pode resultar em multa.

9: Não ao espanhol
Quem espera usar o espanhol para se comunicar com a população local vai manter uma conversa de surdos. O idioma nacional é o português brasileiro, uma variante do português. E, se você disser que a capital do Brasil é Buenos Aires, pode esperar a deportação.

10: Tenha paciência
No Brasil, tudo é feito no último minuto. Se há uma coisa de que os turistas devem se lembrar acima de todas as outras, é esta: não perca a paciência e controle os nervos. Tudo vai dar certo e ficar pronto a tempo. Isso vale até para o estádios. De fato, a atitude dos brasileiros diante da vida pode ser assim resumida: relaxa e goza.

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Retomo


Exceção feita ao açaí, um das coisas mais detestáveis que já provei e que não é assim tão comum Brasil afora, o resto tem mesmo a ver com a gente, ora essa! E o texto até que é bem-humorado. Não vejo nada de errado. Alguns reclamaram da foto que o ilustra. Por quê? Convenham: a culpa não é deles, hehe.

Temos dificuldade de dizer “não”, chegamos atrasados aos encontros, adoramos um “beijinho” e, como diria Fernando Pessoa, “pegar no braço” dos outros, não sabemos usar escada rolante, o trânsito é uma zona, e tudo, até os estádios, são feitos na undécima hora.

A frase final foi inspirada, creio, na ministra da Cultura, Marta Suplicy, quando estava à frente do Ministério do Turismo. Perguntaram a ela que conselho daria aos turistas que temiam enfrentar o caos nos aeroportos brasileiros. Ela não teve dúvida, com o se vê abaixo:

A Fifa, desta vez, não tem culpa. 

Por Reinaldo Azevedo

domingo, 23 de março de 2014

DENTRO DA SEGURANÇA DA COPA

 ZERO HORA 11/10/2013 às 18:01

ZH visitou o Centro Integrado de Comando e Controle Nacional, em Brasília


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VÍDEO

http://videos.clicrbs.com.br/rs/zerohora/video/politica/2013/10/dentro-seguranca-copa/45161/

sábado, 22 de março de 2014

SIMULANDO AÇÕES DE SEGURANÇA

CORREIO DO POVO 22/03/2014 13:33

Mauren Xavier / Correio do Povo

Em simulação, cinco morrem e 45 ficam feridos em jogo de futebol. Teste para Copa do Mundo ocorreu no Anfiteatro Pôr-do-Sol, local da Fan Fest




Simulação ocorreu no Anfiteatro Pôr-do-Sol
Crédito: Samuel Maciel


A quase 80 dias da Copa do Mundo, foi realizada neste sábado uma simulação de ações de segurança no Anfiteatro Pôr-do-Sol, à beira do Guaíba, em Porto Alegre. A ideia principal foi conferir a resposta dos departamentos de segurança para conter uma eventual briga durante a "Fan Fest", que vai ocorrer no local. O evento contará com espaços montados para a transmissão dos jogos ao público em geral, uma das grandes atrações oficiais do Mundial. A ação foi acompanhada por diversas autoridades de 17 departamentos públicos que estiveram envolvidos.

Dentro da simulação, ocorreu uma briga entre torcidas no início do segundo tempo de uma partida de futebol, que resultou em cinco mortos e 45 pessoas feridas - em diversos estágios de gravidade. Também houve a localização de um artefato não identificado, que poderia ser uma bomba. Pelas características, essa ação exigiu a presença de equipes da Brigada Militar, do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), do Corpo de Bombeiros, da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), da Polícia Civil e do Instituto Geral de Perícias (IGP). Na ação, foi realizado ainda o serviço de identificação e busca aos infratores. O teste reuniu cerca de 50 pessoas, entre figurantes, agentes de segurança e representantes de órgãos privados.

Segundo o diretor do departamento de Comando e Controle Integrado da Secretaria Estadual de Segurança, coronel Antônio Scussel, a simulação é a melhor maneira de conferir a harmonia entre as equipes e as estruturas ligadas ao evento. Inclusive serve de teste de alguns equipamentos, como foi o caso da Plataforma de Observação Elevada. A plataforma tem capacidade de, em dias de sol, fazer o reconhecimento do rosto humano a três quilômetros de distância. "Ele nos dá uma consciência situacional do que está ocorrendo e permite que tomemos o melhor conjunto de resposta e decisões", afirmou.

A simulação bloqueou o trânsito da Capital em alguns pontos juntos ao anfiteatro. A ação é uma continuação dos testes feitos visando à Copa do Mundo. No dia 13 de março, os departamentos fizeram simulações no jogo entre Grêmio e o Newell's Old Boy, pela Libertadores da América, na Arena.




domingo, 16 de março de 2014

CADÊ O DINHEIRO DO EMPRÉSTIMO FEDERAL?

ZERO HORA 16 de março de 2014 | N° 17734


PÁGINA 10 | ROSANE DE OLIVEIRA




Lá se foram os primeiros 75 dias de 2014, e a prefeitura de Porto Alegre não recebeu sequer um centavo do empréstimo de R$ 466 milhões da Caixa Econômica Federal para as obras da Copa e de mobilidade urbana. A espera se arrasta desde o ano passado, quando a desculpa para o atraso era a necessidade de fechar as contas de 2013. A liberação foi anunciada no dia 28 de dezembro, mas não se consumou.

Confiantes de que os obstáculos tinham sido removidos, o prefeito José Fortunati e o secretário de Gestão, Urbano Schmitt, fizeram um acordo com as empreiteiras para acelerar as obras durante os meses de janeiro e fevereiro.

– Vamos fazer em dois meses o equivalente a quatro, aproveitando que a cidade está mais vazia – planejava Fortunati.

O contrato com a Caixa foi assinado no dia 14 de janeiro, e as empreiteiras se prepararam para retomar as obras que estavam paralisadas. O Ministério da Fazenda deu o aval, criando a expectativa de liberação. Janeiro e fevereiro passaram e nada de o dinheiro chegar. Quando a prefeitura cobrava, sempre faltava um detalhe. Na quinta-feira, dia 6, surgiu um novo e gigantesco obstáculo no caminho: a prefeitura foi inscrita no CAUC, o Serviço Auxiliar de Informações para Transferências Voluntárias, uma espécie de SPC do setor público. Quem está inadimplente ou com alguma prestação de conta de convênio pendente não pode receber financiamentos de bancos oficiais nem contratar empréstimo externo com aval da Fazenda.

A prefeitura foi informada de que havia uma prestação de contas pendente de 2009, de um convênio de R$ 780 mil, que envolveu o Grêmio Náutico União. Urbano garante que encaminhou para Brasília as provas de regularidade da prestação de contas, mas a semana terminou e nenhum sinal chegou do Planalto. Fortunati apelou para o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, e para o chefe de Gabinete da presidente Dilma Rousseff, Giles Azevedo, que deixou o cargo na sexta-feira sem ajudar a desatar o nó no Ministério da Fazenda.

Cauteloso, o prefeito evita opinar sobre o que pode estar por trás da demora na liberação dos recursos, mas seus auxiliares trabalham com duas hipóteses: burocracia ou boicote. Há, de fato, indícios de sabotagem. Como explicar que só agora tenham sido descobertas falhas na prestação de contas de um convênio de 2009?

Enquanto os recursos federais não chegam, a prefeitura usa dinheiro dos impostos, mas são valores que precisam ser devolvidos, porque se destinam ao pagamento de contas ordinárias, incluindo o salário do funcionalismo. Essa antecipação só está sendo possível porque a arrecadação aumenta no início do ano com o pagamento do IPTU, mas a situação ficará crítica a partir de maio ou junho se a verba federal continuar bloqueada.



SÓ A COPA TEM PRIORIDADE



Enquanto o governo federal não libera os R$ 466 milhões do empréstimo para as obras de mobilidade em Porto Alegre, a prefeitura vai se focar nas que têm relação com a Copa do Mundo: o corredor de ônibus da Padre Cacique, o entorno do Beira-Rio, o Viaduto Pinheiro Borda e o viaduto que liga a Júlio de Castilhos à Avenida Castelo Branco, o chamado xis da rodoviária. O resto vai ter de esperar sabe-se lá por quanto tempo.

O secretário de Gestão, Urbano Schmitt, garante que não há risco de as obras que integram a matriz de responsabilidade da Copa não ficarem prontas:

– Com ou sem empréstimo, essas serão concluídas. Vamos fazendo com recursos próprios, mas eles são limitados.

Já foram gastos R$ 97 milhões, que terão de ser repostos quando o empréstimo for liberado. Por conta da escassez de dinheiro, Urbano arquivou o sonho de chegar à Copa com o viaduto da Terceira Perimetral liberado ao tráfego no cruzamento com a Avenida Bento Gonçalves. A construtora chegou a acelerar as obras diante da perspectiva de liberação do empréstimo e tem R$ 18 milhões a receber por serviços já concluídos.


Aliás


Responsável pelas obras da Copa, o secretário de Gestão, Urbano Schmitt, está à beira de uma crise de estresse por conta da pressão do tempo e da demora na liberação do empréstimo da Caixa Econômica Federal.

quinta-feira, 13 de março de 2014

O DIA EM QUE O BRASIL DISSE NÃO À COPA



ZERO HORA,


Pedro Moreira | pedro.moreira@zerohora.com.br


Eram 15h30min quando estourou o corre-corre de funcionários e o sobe e desce de elevadores no prédio da CBF no Rio de Janeiro. Isolado em seu gabinete, Giulite Coutinho recebia pelo rádio a confirmação de que seu maior projeto pessoal no comando da entidade desmoronava em definitivo. O governo militar de João Figueiredo acabara de anunciar que o país não sediaria a Copa do Mundo de 1986 após a desistência da Colômbia.

Era 10 de março de 1983.

- O plano era viável, inclusive pelos aspectos sociais, econômicos e promocionais. Resta a consciência de que cumprimos com o nosso dever. Vamos acatar a decisão do governo - diria aos repórteres, horas depois, um sorumbático Giulite, deixando a sala da entrevistas após dois minutos de fala sem sequer sentar-se.

Imprensada pelo definhamento do modelo nacional-desenvolvimentista, a ditadura do general Figueiredo sentia os efeitos da segunda crise mundial do petróleo. Começava a mergulhar na crise da dívida externa e recém havia assinado um acordo de austeridade com o Fundo Monetário Internacional (FMI) prevendo corte de gastos e aumento de tributos. Pipocavam mobilizações contra o arrocho de salários, a anistia estava aprovada, a abertura política era discutida, o movimento pelas Diretas estava prestes a eclodir, o Partido dos Trabalhados (PT) criava corpo, Leonel Brizola estava de volta com força: enfim, chegava o ocaso dos militares no poder. E não havia clima para comprar a ideia de sediar o Mundial de 1986.

Na verdade, o núcleo duro do governo nunca chegou a trabalhar com a possibilidade de receber a Copa. Mesmo que Giulite - um "homem da revolução" com bons contatos entre os militares -lutasse muito e clamasse ajuda aos ministros próximos a ele. Mesmo que mais de 100 deputados federais assinassem um abaixo-assinado defendendo a realização do evento, Figueiredo estava irredutível. Para justificar a decisão à população, o general encomendou um estudo ao ministro do Planejamento, Delfim Netto. Entre as conclusões, além da situação econômica, o preço dos ingressos incompatíveis com o poder aquisitivo de classes mais baixas e a preocupação em não comprometer o governo seguinte deixavam claro o que deveria ser feito. Como o presidente não era afeito ao contato com a imprensa, ficou a cargo do porta-voz, o diplomata Carlos Átila, comunicar à nação o ponto final no assunto.

- O levantamento era apenas desencargo de consciência. O Brasil não estava preparado e não tinha condições de fazer, seria só descascar o abacaxi para a Fifa. E o presidente já estava começando a se irritar com o Giulite. Distribuí a nota impressa e fiz comentários com os jornalistas. Mas todo dia tinha um míssil entrando pela janela, esse foi dos menos complicados - relembra Átila, 75 anos, presidente do Tribunal de Contas da União na década de 90 e atualmente consultor em direito administrativo e produtor de cachaça.



O sonhador - Giulite Coutinho lutou para ter a Copa no Brasil




Havelange quase caiu da cadeira

Mesmo com tudo apontando para a impossibilidade de receber a Copa de 1986, uma pesquisa do Instituto Gallup publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo dias antes revelava 60% dos entrevistados defendendo a luta do país pelo Mundial. As especulações haviam se iniciado cinco meses antes do anúncio lido por Átila, quando o presidente da Colômbia desistiu oficialmente de receber a competição. No comando de um país envolto em uma crise até maior do que a vivida pelo Brasil, Belisário Betancur Cuartas criticou as extravagâncias exigidas pela Fifa, que não teriam sido acordadas quando o país foi definido como sede, em 1974. E tranquilizou seus compatriotas quanto a uma eventual perda de prestígio do país: tudo seria compensado por Gabriel Garcia Márquez, premiado com o Nobel de literatura em 1982. Para Belisário, sediar a competição seria um ?esbanjamento imperdoável?.

Anunciada a decisão colombiana, não tardou até que o presidente da Fifa, o brasileiro João Havelange, estivesse sentado à frente do general Figueiredo em um gabinete de Brasília.

? Ele disse que a Fifa pensava no Brasil. Aí o presidente disse: dinheiro público para fazer Copa, de jeito nenhum, o orçamento está completamente comprometido. O Havelange quase caiu da cadeira ? relembra Átila.

A postura de Figueiredo tinha um tanto de desespero. Na prática, a caneta que assinava a liberação de verbas no país tinha um novo dono: o FMI. E os militares não iriam bater de frente com aqueles que passaram a ter a chave do cofre.




O homem da Fifa
João Havelange presidente da Fifa na época


Figueiredo na maior irritação


Dirigentes, jogadores e técnicos lamentaram a escolha. Ernesto Guedes, então treinador do Inter, disse à Folha de S.Paulo crer que "teríamos lucros, principalmente no que se refere ao intercâmbio de ideias na parte técnico-tática". No mesmo jornal, Sócrates, um dos principais jogadores do país e líder da Democracia Corintiana, lamentava que o Planalto tivesse optado por uma decisão política e econômica em detrimento do aspecto social.

Em ZH, a editora de economia, Eunice Jacques, celebrava a opção de Delfim de abrir mão da mania de grandeza que havia levado o país à pindaíba. Empresários e deputados se dividiram entre críticas e elogios. Mas também houve discordâncias na imprensa. Colunistas da revista Placar, os jornalistas Juca Kfouri e Alberto Helena Jr. criticaram a falta de arrojo e a desconsideração da opinião popular.

O setor do empresariado mais descontente foi o da hotelaria. Carlos Átila recorda um momento de tensão entre Figueiredo e Henri Maksoud, dono do hotel Maksoud Plaza, em São Paulo:

- Houve uma altercação. Na semana seguinte ao anúncio, nos hospedamos lá, e o Henri Maksoud foi muito inconveniente, quis insistir que precisava da Copa.

O presidente ficou na maior irritação, disse que não adiantava, chamou o chefe do cerimonial e disse para nunca mais nos hospedarmos lá. Figueiredo só não deu um tapa na cara dele porque se conteve. Ele era muito explosivo.

Secretário-executivo do Ministério da Fazenda à época, o economista Maílson da Nóbrega defende a decisão. Ao mesmo tempo, entende que o presidente Luís Inácio Lula da Silva agiu certo ao arrematar, em 2007, a Copa de 2014.

? Embora organizar a Copa sirva para coordenar alguns investimentos, acelerar outros e aumentar a autoestima do país, em 83 seria um desastre. Seria desprezar a dura realidade econômica e uma demonstração de alheamento à situação pela qual o país passava. Já em 2007, o país estava no auge do prestígio internacional, Lula se consolidava como líder responsável e o país ampliava os programas sociais.

O Brasil era o queridinho dos mercados, exemplo para a América Latina.



O ditador que disse não - João Figueiredo

Derrota que abalou Giulite


Calou fundo a Giulite Coutinho perder a batalha pela Copa. Empresário de sucesso, o presidente da CBF apostou alto na ideia. Além disso, menos de um ano antes o dirigente havia passado por uma das maiores derrotas da Seleção Brasileira, para a Itália, no Mundial de 1982.

Falando por telefone enquanto assistia a um treino do América-RJ no estádio que hoje leva o nome de Giulite, o atual presidente do clube, Léo Almada, 76 anos, lembra que o episódio fez com que o então presidente da CBF começasse a se afastar do esporte:

- Quase como um irmão para mim, ele era um brasileirão, de capacidade empresarial e política muito grande. Construiu a Granja Comary e saiu da CBF deixando dinheiro em caixa. Mas ficou muito abatido e foi se afastando um pouco do esporte. Ele sabia que o Brasil tinha condições de fazer uma Copa melhor.

Além de comandar a CBF de 1980 a 1986, Giulite também foi presidente do clube carioca. Morreu em 2009.

- O Giulite era uma pessoa muito arbitrária, ligado à revolução e amigo do Delfim. Não era de muitas amizades, muito ensimesmado e convivia com as próprias opiniões. Foi um jato de água fria, ele sonhava muito com isso, foi uma decepção para ele a perda da oportunidade - recorda Reginaldo Mathias, também ex-presidente do América-RJ, que conviveu durante anos com o dirigente da CBF.

Dois meses depois da desistência oficial do Brasil, a Fif a optari a pelo México, palco em 1970, como sede da competição em 1986. Em um intervalo de 16 anos, os mexicanos receberiam dois Mundiais. E Giulite teria de esperar até 2007 para ver o Brasil ganhar o direito de sediar uma Copa.

- Ele está vendo o sonho dele realizado lá de cima - profetiza Léo Almada.

(EBN/EBN)
O dono da justificativa - Delfim Netto, ministro do Planejamento

Em 24 anos, muito mudou


Em setembro de 1982, uma súbita elevação do juro nos Estados Unidos havia tornado impagáveis as dívidas dos países latino-americanos. Começava a chamada "crise da dívida", que custou ao Brasil duas décadas de baixo crescimento. Em fevereiro de 1983, três dias depois da terça-feira de Carnaval, o país acordou com a chamada "maxidesvalorização" - o cruzeiro perdeu 30% em relação ao dólar. Pouco depois, assinava um plano de ajuste com regras determinadas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).

A tática era conhecida, na época, como "arrocho" ou "apertar o cinto", e custou ao país uma queda no crescimento daquele ano de quase 3%. Em 2007, quando o Brasil foi confirmado como sede do Mundial, o clima econômico não podia ser mais diferente: o país crescia, recuperava a confiança e começava a agregar contingentes antes excluídos a seu mercado consumidor.

Copa e Olimpíada ajudaram a lustrar a imagem externa, que a perda do ritmo de expansão econômica e os protestos voltaram a deixar mais opaca.
Marta Sfredo, Editoria de Economia