sábado, 30 de novembro de 2013

A DIVIDIDA DA FIFA

REVISTA ISTO É N° Edição: 2298 | 29.Nov.13

Como o acidente no Itaquerão e a discussão sobre a mudança do horário dos jogos marcados para as 13h podem tirar parte do brilho da festa do sorteio das chaves na Copa

Rodrigo Cardoso

O sorteio das chaves da Copa do Mundo, na sexta-feira 6, na Costa do Sauípe, deve esquentar o clima no País nesta reta final antes do início do torneio. Um acidente ocorrido na quarta-feira 28 na Arena Corinthians fará com que os cartolas da Fifa, durante a estadia na caliente Bahia de todos os santos, deixem o clima de festa de lado para se debruçarem sobre um assunto espinhoso. Na ocasião, a entidade terá de revalidar a abertura do Mundial no Itaquerão, cuja conclusão das obras sofrerá um atraso de cerca de três meses, depois que um guindaste que içava o último módulo da estrutura de cobertura se partiu e derrubou a peça de 420 toneladas sobre a fachada do estádio. Dois funcionários morreram no local.


ESPANTO
O estrago feito pelo acidente que danificou a fachada
da Arena Corinthians e matou dois operários

Não há como adiar essa decisão, já que, com o sorteio em Sauípe, serão definidas as cidades onde as seleções irão jogar e, claro, as que forem direcionadas para a sede de São Paulo têm de saber em qual campo irão atuar. Seis partidas estão programadas para acontecer na nova casa do Corinthians. A situação da Arena preocupa. Apesar de apenas 5% do estádio ter sido interditado pela Defesa Civil para que seja feita uma perícia, o Ministério Público paulista pode pedir a paralisação total das obras. Não se sabe se o acidente ocorreu por algum problema técnico do guindaste, por falha humana ou porque o solo cedeu enquanto a peça era içada. Presente no estádio no momento do acidente, Andrés Sánchez, ex-presidente do Corinthians, acredita que uma fatalidade explica o ocorrido. Um dia depois da tragédia, os nove guindastes da obra do Itaquerão foram interditados pelo Ministério do Trabalho e Emprego. “A obra vai atrasar, com certeza. A data Fifa não me interessa, quero saber da segurança da operação”, disse Antônio Pereira do Nascimento, coordenador do Programa de Construção Civil, em São Paulo, do MP.


PORTA-VOZ
Presente no estádio no momento do acidente, Andrés Sánchez,
ex-presidente do Corinthians, diz que o acidente foi uma fatalidade

Se a perícia, que pode levar 30 dias, for ágil e não complicar a situação do Corinthians comprovando que o acidente não causou danos estruturais ao prédio, tudo leva a crer que a conclusão do estádio, que deveria ocorrer este mês, ficará para fevereiro ou março. Para o arquiteto Eduardo de Castro Mello, responsável pelo projeto do estádio Mané Garrincha, em Brasília, trata-se de uma expectativa muito otimista, considerando-se os problemas de logística que a Odebrecht, a empresa responsável pela construção do Itaquerão, irá enfrentar. “Fabricar outra estrutura como aquela, transportá-la para a obra e trazer outra grua para substituir a que quebrou e era a única no Brasil não é tão simples. E, em fim de ano, complica mais ainda”, afirma ele. “A gente torce para que seja feito um milagre e tudo se resolva.”

Acidentes seguidos de mortes também foram registrados em duas outras arenas da Copa, em Brasília e Manaus, onde uma pessoa morreu em cada uma delas. A proximidade do início do Mundial e a falta de um plano B da Fifa para São Paulo deverão forçar a entidade a mudar o cronograma e esperar a conclusão do Itaquerão. Pesa ainda o fato de a entidade ter marcado para São Paulo, em junho de 2014, o seu congresso anual. A rede hoteleira da capital paulista é considerada pelos cartolas a única capaz de receber os representantes de 209 associações que aqui estarão para o evento.


PREOCUPAÇÃO
O homem forte da Fifa, Joseph Blatter, não terá vida tranquila, no Brasil,
durante a semana do sorteio dos grupos da Copa: assuntos espinhosos em pauta

Outro tema que a Fifa irá tratar a portas fechadas na Bahia, longe do clima de festa, será a pressão para mudar o horário de 24 dos 64 jogos marcados para as 13h. “Simulamos recentemente quatro partidas começando às 13h em quatro cidades e instalamos chips que mediram por telemetria a temperatura do corpo nos 11 jogadores de um dos times”, conta Rinaldo Martorelli, presidente da Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol. “Provamos cientificamente que há riscos para a saúde dos atletas e fui até a Fifa entregar o documento de 25 páginas.” Já na Copa das Confederações, realizada em meados de junho, jogadores das Seleções da Espanha e da Itália reclamaram publicamente do calor durante as partidas.

O Comitê Organizador Local (COL) confirmou que os cartolas vão se reunir, antes do sorteio, para decidir sobre esse tema também. “A saúde dos atletas tem de estar em primeiro lugar. Mas marcam-se jogos às 13h por causa da tevê, que é quem mais injeta dinheiro na Copa”, diz Carlos Alberto Parreira, coordenador-técnico da Seleção, favorável à disputa de partidas a partir das 16h. Esse é outro embate que promete. “A cada 1% de peso perdido por causa da desidratação o rendimento do atleta cai 5%”, explica o fisiologista Turíbio Leite Barros Neto, do instituto Vita. Apesar do sorteio dos grupos, como se vê, o clima ainda não está para festa.



Fotos: EDUARDO VIANA/AFP PHOTO/LANCEPRESS; EVELSON DE FREITAS/ESTADÃO; Enrique De La Osa/REUTERS

ESTRATÉGIAS PARA O ANO DA COPA

O SUL Porto Alegre, Sábado, 30 de Novembro de 2013.



WANDERLEY SOARES

Acordos dão frágil sustentação para os projetos da segurança pública



Não obstante os eufemismos dos discursos oficiais que mascaram, sem muito sucesso, o fato de que a segurança pública não tem condições de andar com as suas próprias pernas, o quadro deverá merecer, por muito tempo, atenção especial. Isto é o que faço, como um humilde marquês, aqui de minha torre, sem a pretensão de esgotar o tema, o que é, por ora, impossível. Hoje, entre outros dispositivos, a pasta da segurança busca se apoiar nas prefeituras para manter um projeto de policiamento ostensivo-preventivo dito permanente em áreas de grande risco, tanto na Capital como no interior. As prefeituras, por sua vez, chamadas a pagar o aluguel de casas para brigadianos, estão sem dinheiro para pagar o 13 salário de seus servidores. Fatalmente, o projeto de policiamento será parcial e o que vier a ser executado não tem perspectiva de continuidade. Sigam-me.


Acordos



Estes pedidos de ajuda, velados ou diretos, mudam de nome e funcionam durante algum tempo, mas a tendência é a de que não se solidifiquem. Houve o período dos Consepros (Conselhos pró-segurança) que funcionavam em alguns municípios do interior e em bairros da Capital e Região Metropolitana. Delegacias eram reformadas e reequipadas, combustível não faltava, tanto a Brigada como a Polícia Civil ganhavam esta cobertura. Mas em pouco tempo não se sabia se quem mandava nos órgãos policiais, se eram os funcionários da segurança pública ou os empresários que, tinham, evidentemente, tratamento privilegiado em suas áreas de negócios. Hoje, não sem raridade, há ainda acordos com empresários e, especialmente, com oficinas mecânicas. Paralelamente a isso, há a questão dos bicos cuja discussão chega a ser um tabu na cúpula das organizações policiais. Nesta moldura estão em elaboração as estratégias da segurança pública para o ano da Copa.


Taurus com nova credencial


A Forjas Taurus foi credenciada, quinta-feira última, como EED (Empresa Estratégica de Defesa) em cerimônia realizada em Brasília, pelo Ministério da Defesa. A Taurus postulava este título que lhe permitirá integrar o seleto grupo que têm direito ao Retid (Regime Especial Tributário para a Indústria de Defesa), programa que vai estimular o Setor de Defesa e Segurança brasileiro. Na prática, isso quer dizer que a Taurus terá direito a reduções de alíquotas de impostos e está credenciada a participar do Programa de Reaparelhamento das Forças Armadas, que irá reequipar o Exército, a Marinha e a Aeronáutica nos próximos anos. Esse credenciamento permite à Taurus trazer parte desta verba para a economia do Estado.

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

MARACANÃ: FESTIVAL DE ERROS NA FINAL DA COPA DO BRASIL.

ESTA NOTÍCIA É PREMONIÇÃO...ALERTA AOS ESTRATEGISTAS...

Um festival de erros na final da Copa do Brasil. Maracanã teve falhas no acesso, tentativas de invasão. E até risco de acidentes e superlotação na quarta-feira. Torcedores do Flamengo reclamaram de incidentes


CARLOS EDUARDO MANSUR 
O GLOBO
Publicado:29/11/13 - 7h30


Torcida do Flamengo faz festa na final contra o Atlético-PR Pedro Kirilos / O Globo


RIO - Faltavam 20 minutos para o início de Flamengo x Atlético-PR. Por ordem do comandante do Grupamento Especial de Policiamento de Estados (Gepe), da Polícia Militar, João Fiorentini, o Portão E do Maracanã foi aberto. O objetivo dele era evitar uma confusão que poderia deixar feridos. Pessoas corriam risco de esmagamento diante da enorme aglomeração na entrada do Setor Norte.

— Virou uma avalanche. Ou abriam o portão, ou quem estava na frente seria pisoteado. Entrei com meu ingresso no bolso. Tinha zero de controle — relata a torcedora Bianca de Carvalho.


Fiorentini confirma que determinou a abertura dos portões. E que, diante da superlotação em alguns setores, ordenou o fechamento do estádio aos 30 minutos de jogo, quando o previsto era no intervalo. Ele admite que, com a abertura do Portão E, muita gente sem ingresso entrou no Maracanã. E que, após o fechamento, torcedores com ingresso ficaram fora.

— As pessoas estavam sendo massacradas. Determinei a abertura. Pode ter entrado gente sem ingresso. Quem chegou após o fechamento dos portões e tinha ingresso, orientamos a buscar órgãos competentes, processar o clube — disse o comandante, que cogitou fechar os portões no início do jogo.

Fiorentini vê uma sucessão de erros, a começar pelo sistema de acesso de sócios-torcedores. Esses podem usar seus cartões de associados ou trocar por um ingresso de papel. Ele relata que a leitura dos cartões na roleta tem tido falhas, jogo após jogo. Muitos se munem de um comprovante de compra impresso na internet. Assim, o tempo de passagem pela catraca aumenta e se cria aglomeração no portão.

— Esta conferência leva tempo. Num momento, na catraca, estão se resolvendo só problemas individuais. O sistema é lento, às vezes precisa de várias tentativas para ler o cartão. Se não for resolvido, isso vai se repetir — alerta Fiorentini. — Não se vende bebida alcoólica no estádio, os preços na lanchonete são altos. Não há atrativo para o torcedor entrar cedo. Cria-se a aglomeração. E a lei de gratuidades não estabelece limite. O torcedor chega com o filho, as gratuidades se esgotaram, mas ele se recusa a ir embora. Os problemas não são criados pela PM.

dentro, mais desordem

O Flamengo diz que não há problemas em seu sistema de acesso, e credita o incidente à falta de controle da PM na área externa. A concessionária que administra o Maracanã diz ter havido tentativa de invasão pelo Portão E. Culpa, também, o grande afluxo de torcedores pouco antes do jogo e “tentativa intensa de uso de ingressos falsificados”.

Mas a desordem no Maracanã não se limitou ao incidente na entrada. No Setor Leste, não havia cadeiras disponíveis. E os corredores de circulação estavam tomados de gente. Ou seja, havia aparente superlotação ali. A concessionária nega a superlotação, afirma que havia cadeiras vazias nos setores em questão e que o público foi inferior à capacidade do estádio.

Na área externa do estádio, houve relatos de roubos de ingressos. Até a área das cativas foi cenário de desordem. Com a lotação da tribuna destinada aos jornalistas, muitos trabalharam das escadas, nos corredores de circulação.